O trigo (Triticum spp.) é uma gramínea originária do Oriente Médio, e é o segundo cereal mais cultivado no mundo após o milho (SEAE, 2015).
No mercado internacional, a Rússia domina as exportações de trigo, com 16,3% dos embarques mundiais, conforme exposto na figura 1.
Figura 1.
Fatias de mercado de exportação de trigo, safra 2016/2017.
Fonte: Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos(DEPEC),2017/ Elaborado: Scot Consultoria.
Com relação às importações, Egito (6,6%), Indonésia (4,9%) e Argélia (4,6%) são os principais mercados consumidores. O Brasil ocupa a quinta posição desta lista, com as importações de trigo representando de 60 a 70% do mercado interno e, importando, principalmente, da Argentina (75%) (DEPEC, 2017).
A produção nacional da safra 2017/18, segundo a Conab, está estimada em 4,26 milhões de toneladas. A região Sul é a maior produtora, respondendo por cerca de 90% da produção, cuja concentração está no Paraná (60,7%) e no Rio Grande do Sul (26,5%) (DEPEC, 2017).
Cerca de 70 a 75% desta produção está destinada ao consumo humano por meio da farinha de trigo, obtida após o processo de moagem para separar o endosperma (farinha), da casca (farelo) e do germe (SEAE, 2015).
Do montante de trigo processado, de 25 a 30% tem potencial de uso na nutrição animal (WESENDONCK et al., 2013).
O farelo de trigo tem tido este destino em larga escala, especialmente na Europa. Todavia, no Brasil, em função do predomínio do sistema de produção em pasto, do custo de produção da dieta em confinamento e da grande disponibilidade de milho, este destino não é tão explorado (Souza et al., 2013).
Historicamente, a demanda pelo farelo de trigo na alimentação bovina caminha em paralelo com as cotações do milho no mercado interno.
Com as valorizações no preço do milho, em destaque a alta de 62% registrada em 2016 pela Scot Consultoria, o seu uso na nutrição animal ganhou força.
Por ser colhido na entressafra do milho, o trigo é um insumo alternativo, com potencial de colaborar com a redução de custos e com um melhor planejamento da dieta.
Quando comparamos o preço destas fontes energéticas em uma série histórica, observamos que, em épocas de alta da cotação do milho, a utilização complementar do farelo de trigo em dietas de bovinos torna-se economicamente viável (figura 2).
Figura 2.
Cotações mensais do milho e do farelo de trigo, de janeiro/2014 a maio/2018, em reais por tonelada.
Fonte: Scot Consultoria/AgRural. Elaborado por Scot Consultoria.
Em função do alto teor de fibras e proteínas altamente degradáveis no rúmen e do baixo nível de amido, o farelo ainda reduz a possibilidade de distúrbios metabólicos.
Entretanto, o seu uso é limitado em grandes quantidades devido ao menor valor energético quando comparado ao grão, o que pode prejudicar o desempenho dos bovinos em terminação (DHUYVETTER et al., 1999).
Sendo assim, a inclusão do farelo de trigo como principal ingrediente do concentrado em dietas para novilhos confinados pode prejudicar o ganho de peso e a conversão alimentar (FREITAS, 2012). Diante disso, o seu uso tende a ser mais apropriado para animais de baixa demanda energética.
Conclusões finais
O farelo de trigo pode ser uma fonte energética chave para o manejo nutricional do rebanho. Além dos benefícios nutritivos devido a sua composição química, o farelo também se mostra como complemento viável do milho, especialmente, em momentos de alta nas cotações do grão. Diante disso, acompanhar o mercado do farelo pode ser uma interessante estratégia para a redução do custo da dieta.
Referências Bibliográficas
SEAE. Secretária de Acompanhamento Econômico. Ministério da fazenda. Panorama do trigo e derivados. Disponível em: <http://seae.fazenda.gov.br/central-de-documentos/panoramas-setoriais/Trigo_Derivados.pdf>. Acesso em: 25/03/2018.
WESENDONCK et al. Valor nutricional e energia metabolizável de subprodutos do trigo utilizados para alimentação de suínos em crescimento. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pab/v48n2/48n02a11.pdf>. Acesso em: 25/03/2018.
SOUZA et al. Alimentos e Alimentação Animal. Disponível em: <http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/animal/arquivos/alimentos_e_alimentacao_animal.pdf>. Acesso em: 25/03/2018.
DEPEC. – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos. Trigo. Disponível em: <https://www.economiaemdia.com.br/EconomiaEmDia/pdf/infset_trigo.pdf 23/03/2018>. Acesso em: 23/03/2018.
DHUYVETTER J.; HOPPE, K.; ANDERSON, V. Wheat middlings – A useful feed for cattle. Dakota: North Dakota State University, 1999.
FREITAS, L.S. Fonte de carboidratos para terminação de bovinos de corte: desempenho e características da carcaça e da carne. Disponível em: <http://www.agronomia.com.br/conteudo/artigos/artigos_nutricao_bovinos.htm>. Acesso em: 27/03/2018.
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