A pesquisa trimestral do leite, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente aos primeiros três meses deste ano, foi publicada em 14 de junho.
De janeiro a março foram coletados 6 bilhões de litros de leite, aumento de 2,4% em relação a igual período do ano passado.
Para o levantamento foram considerados os volumes de leite adquiridos pelos laticínios com algum tipo de inspeção sanitária (municipal, estadual e/ou federal).
O volume cresceu em todos os períodos na comparação mês a mês. Veja na figura 1.
Figura 1.
Volume de leite adquirido em 2017 e 2018 no Brasil - em bilhões de litros.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br
Lembrando que no primeiro trimestre de 2017, o volume captado havia reagido 0,01% frente a igual período de 2016 (IBGE).
Além da oferta de leite melhor nos primeiros meses deste ano, a demanda comedida na ponta final da cadeia limitou as altas no preço do leite para o produtor no primeiro trimestre.
Fator greve dos caminhoneiros
No final de maio ocorreu a greve dos caminhoneiros, que começou no dia 21 e perdurou por dez dias. Neste período não houve transporte do leite cru (matéria-prima) e de produtos lácteos e laticínios interromperam ou reduziram a captação.
Além das perdas diretas, o setor deve sentir as consequências em médio e longo prazos, já que além de não conseguir captar matéria-prima e distribuir lácteos ao varejo, nas fazendas faltaram insumos para as vacas, comprometendo a alimentação do rebanho.
A falta de alimentos e dietas pobres em nutrientes afetam a persistência da lactação em vacas em produção. Como efeito, é esperada uma redução acentuada na produção neste período afetando o desempenho nacional da produção de leite no segundo semestre.
Segundo o Índice Scot Consultoria para a Captação de Leite, em abril, na média nacional, o volume médio de leite captado caiu 2,8% frente a março, e 1,1% em relação a igual período do ano anterior.
Para maio, os dados parciais apontam para uma queda entre 6 a 12% na produção brasileira, na comparação mensal.
A expectativa é de que a produção siga em queda no Brasil Central e região Sudeste até julho/agosto (entressafra).
No Sul do país, onde normalmente a produção começa a aumentar em maio, com as pastagens de inverno, este ano o incremento deverá vir mais tardiamente, em junho/julho, devido aos prejuízos da greve e também à falta de chuvas em regiões produtoras.
O mercado, que antes da greve vinha dando sinais de que os ajustes seriam menores daqui para frente, com os preços recebidos pelos produtores subindo até julho/agosto, mas em ritmo menor que o observado nos pagamentos anteriores, com a greve o viés de alta ganhou força e a intensidade dos aumentos deverão ser maiores que o previsto, até que o mercado se equilibre.
No mercado spot, leite comercializado entre as empresas, em junho aconteceram negócios em até R$2,10 por litro.
O preço do leite longa vida (UHT) subiu na primeira quinzena de junho, no atacado e no varejo.
No atacado, o preço médio subiu 22,9%, frente à segunda metade de maio, cotado em R$2,92/litro. Este é o maior preço médio desde agosto de 2016.
No varejo, o aumento foi de 10,4% em igual comparação. O preço médio vigente, R$3,53/litro, é o maior desde setembro de 2016.
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