A retomada da captação formal de leite em 2017 e início de 2018, e uma demanda interna patinando, devido à crise econômica, foram fatores que não chegaram a impedir a reação dos preços este ano, mas frustraram as expectativas.
De janeiro a maio, entressafra, considerando a média brasileira, o preço ao produtor subiu 8,6%.
No entanto, a greve dos caminhoneiros, ocorrida no final de maio e início de junho, que prejudicou a captação de leite e provocou uma concorrência entre os laticínios, fez o preço subir. A alta, de maio a agosto (pico de preço este ano) foi de 11,7% (figura 1).
Figura 1.
Preço do leite ao produtor (média nacional), em R$ por litro, sem o frete.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Apesar da alta do leite cru, o aumento nos custos de produção no período de janeiro a agosto foi maior, prejudicando as margens da atividade.
Segundo o Índice Scot Consultoria de Custos de Produção, os custos da atividade subiram, em média, 8,9% no período.
No pagamento de setembro, porém, o mercado virou.
O aumento da captação (período de safra), somado a pressão de baixa no mercado atacadista pressionaram os preços. No mais, a importação cresceu no segundo semestre.
Desde o início do incremento na captação, em julho, o índice acumula alta de 12,1%. Sendo em outubro último a maior variação mensal registrada, de 3,9% (figura 2).
As chuvas, em bons volumes e mais regulares nesta temporada, principalmente na região Sudeste e Centro Oeste, contribuíram para o aumento da oferta no mercado interno.
Figura 2.
Índice Scot Consultoria de Captação de leite, média nacional. Base 100 = março de 2011.
* expectativa
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Curto prazo
As quedas no preço para o produtor nos últimos meses repercutiram em menores investimentos na atividade, o que deverá refletir em incrementos menores na produção nacional em dezembro.
O pico de produção está previsto para dezembro/18 no Brasil Central e região Sudeste.
A maior oferta de leite cru prevista neste final de ano tende a pressionar as cotações em todos os elos da cadeia.
Com relação à demanda, com as festas de final de ano, espera-se uma maior movimentação nos mercados de creme de leite, manteiga, queijos e leite condensado, no entanto, a demanda por leite fluido sazonalmente é menor neste período.
Expectativas para 2019
Para o primeiro semestre de 2019, o quadro ajustado entre a oferta e a demanda será um fator positivo para valorizações no mercado.
A expectativa é de continuidade do crescimento da demanda interna, porém, o consumo ainda deverá ficar em níveis abaixo do de antes da crise (figura 3).
Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apresentou melhora em novembro em relação a outubro (1,1%), este índice tem melhorado desde março de 2017 nas comparações ano a ano.
Figura 3.
Evolução do Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF).
Fonte: CNC / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Para o produtor, o cenário em termos de preços recebidos deverá ser melhor no primeiro semestre de 2019, comparativamente com o mesmo período de 2017 e 2018. A aposta está na recuperação da demanda interna em conjunto com um cenário de oferta mais ajustada.
Por fim, a expectativa é de custos de produção menores no ano que vem, com o aumento da oferta de milho e soja (2018/2019) e o câmbio pesando menos em relação a 2018.
De qualquer forma a sugestão é cautela e planejamento, principalmente com relação a compra dos itens que compõe os custos de produção da atividade, para fugir/amenizar os riscos.
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