A peste suína africana (PSA), que se propagou pela China a partir de agosto de 2018, tem sido pauta de discussões.
A PSA é uma doença contagiosa causada por vírus. A doença não acomete humanos e é exclusiva de suídeos domésticos e asselvajados. Não existe vacina para tratamento e a doença é de disseminação rápida.
A China, principal consumidor de carne suína, deverá sentir os impactos causados pela doença em seu plantel.
Na figura 1 temos a evolução da produção, do consumo e da importação de carne suína pelos chineses, de 2000 a 2018.
Figura 1.
Produção, consumo (eixo da esquerda) e importação (eixo da direita) de carne suína na China, em milhões de toneladas.
Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Em anos de redução na produção, como foi o caso de 2015 e 2016, a importação cresceu. Este fato mantém a expectativa positiva de incremento na importação para reabastecer o mercado interno este ano.
Não é possível, no entanto, saber qual será a reação do consumidor chinês, tanto pela alta de preços no mercado interno, devido ao desabastecimento, como pelo medo de algum tipo de contaminação da carne, mesmo que infundado.
Oportunidades para o Brasil
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os chineses produziram, em 2018, 54,15 milhões de toneladas de carne suína.
Como ainda é cedo para estimar as reais perdas na produção, utilizaremos um intervalo de 2% a 20% de recuo a partir da produção total de 2018, mantendo o consumo estável registrado naquele ano.
Sob esses parâmetros teríamos um déficit variando de 2,7 milhões de toneladas a 12,4 milhões de toneladas. Veja na tabela 1.
Tabela 1.
Projeção da produção de carne suína considerando as perdas causadas pela PSA.
Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Este déficit provavelmente será suprido pela importação, ou seja, este fato pode ajudar a alavancar os embarques do produto brasileiro.
Para efeito de comparação, o déficit, considerando o patamar mínimo de perdas com a doença, é 1,5 vezes maior que o total importado pela China em 2018 (1,8 milhão de toneladas).
A China para o Brasil
Em 2018 a China foi o segundo destino da carne suína brasileira, correspondendo a 24,6% do total embarcado (156,3 mil toneladas). Em primeiro lugar aparece Hong Kong (área administrada pela China), com 25,5%.
Apesar da segunda posição, a China vem se destacando devido ao aumento no volume comprado nos últimos anos, além disso, o país ocupou o vazio deixado pela Rússia, que voltou a comprar o produto brasileiro em novembro de 2018, após quase um ano de embargo.
Tabela 2.
Principais compradores da carne suína in natura brasileira.
* até fevereiro
Fonte: SECEX / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br
Até fevereiro, a China ocupou a primeira colocação entre os importadores.
Diante da atual conjuntura, a China poderá aumentar as compras do produto brasileiro, o que ajudaria no escoamento da produção nacional, sendo um dos principais agentes do incremento previsto nos embarques em 2019.
Considerações finais
Se o cenário negativo na China se confirmar, o mercado agrícola e pecuário poderá sofrer diversos efeitos colaterais.
Do lado positivo, os embarques brasileiros de carne suína poderão crescer para ajudar no abastecimento do mercado chinês.
No entanto, do lado contrário, a redução no plantel asiático poderia afetar a demanda por soja brasileira, sendo o Brasil o principal fornecedor do grão ao país.
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