Segundo informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2017 o Irã comprou 16,5% do milho exportado pelo Brasil.
Em 2018, essa participação chegou a 27,8% em termos de volume e o faturamento com os embarques do cereal somou quase US$1,1 bilhão.
Em 2019, no primeiro semestre, os iranianos compraram 26,9% das 9,27 milhões de toneladas embarcadas. A receita somou US$470,26 milhões no período.
O país é o principal destino do milho brasileiro. Veja a tabela 1.
Tabela 1.
Principais destinos das exportações brasileiras de milho* em 2019 (janeiro a junho), faturamento e volume.
Fonte: Secex
A importância das exportações
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa é de que o Brasil exporte 33,50 milhões de toneladas do cereal na temporada atual (2018/2019), o equivalente a 34% da produção, estimada em 98,50 milhões de toneladas este ano.
Ou seja, considerando que o Brasil exportou 9,27 milhões de toneladas do grão de janeiro a junho, teríamos que embarcar mais 24,22 milhões de toneladas no segundo semestre para atingir o volume estimado. Isto significa uma média de 4,04 milhões de toneladas por mês entre julho e dezembro.
Em julho, a média diária embarcada foi de 250,28 mil toneladas, num total de 3,75 milhões de toneladas até a terceira semana (Secex).
Se este ritmo continuar, o Brasil exportará 5,75 milhões de toneladas no acumulado do mês (23 dias úteis).
Impasse com os cargueiros iranianos
O Irã ameaçou cortar as importações do Brasil se a Petrobras não reabastecesse os dois cargueiros iranianos carregados de milho que estavam ancorados desde junho no Porto de Paranaguá, no Paraná, por falta de combustível. A Petrobras alegava que as embarcações são alvo de sanções americanas e temia ser punida.
Mas após uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada na noite de quarta-feira (24/7), a Petrobrás os abasteceu na madrugada de 28 de julho. Os dois navios iranianos já deixaram o país.
Reflexos nos preços
As exportações são fundamentais para o escoamento da produção nacional e seu desempenho reflete diretamente nos preços do milho no mercado interno.
Considerando a boa produção na segunda safra este ano e a previsão de estoques da ordem de 18,19 milhões de toneladas ao final de 2018/2019, a venda para o mercado internacional é fundamental para a sustentação dos preços nos próximos meses.
No mercado futuro (B3), os contratos de milho com vencimento em setembro/19 e novembro/19 perderam sustentação no final de julho, em função do bom andamento da colheita da segunda safra e maior disponibilidade interna, e também devido às incertezas com relação às exportações.
O novembro/19 que chegou a ser cotado acima de R$40,00 por saca de 60 quilos na primeira quinzena de julho, fechou cotado em R$39,00 por saca no dia 29/7. No entanto, o cenário ainda é de preços mais firmes em meados do segundo semestre. Veja a figura 1.
Figura 1.
Preços do milho no mercado físico e mercado futuro em Campinas-SP, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete.
Fonte: B3 (29/7) / Scot Consultoria
Caso conflitos geopolíticos interfiram no mercado novamente, este poderá seguir frouxo neste segundo semestre. Por ora, mantemos a expectativa de aumento nos volumes embarcados nos próximos meses e mercado firme.
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