O ano começou com boas expectativas com relação à demanda. Existia um bom humor com relação ao novo governo. Mas, passados os 200 dias de mandado, a euforia diminuiu.
A expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país e mede o desempenho da economia, vem apresentando quedas, semana após semana.
Em janeiro, a expectativa para o indicador era de crescimento de 2,53% em 2019, frente a 2018 e, de acordo com o relatório divulgado em 19 de julho, a projeção caiu para 0,82%.
Lembrando que o PIB caiu em 2015 e 2016 e cresceu 1,10% em 2017 e 2018.
Outros indicadores que ajudam na projeção e monitoram o sentimento dos consumidores são a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e o Índice Nacional de Vendas no Varejo, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Ambos os índices indicam uma demanda patinando e queda na intenção do consumidor, como podemos observar nas figuras 1 e 2.
Figura 1.
Intenção de Consumo das Famílias (ICF).
Fonte: CNC / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Figura 2.
Índice Nacional de Vendas no varejo (acumulado 12 meses).
Fonte: Abras / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
De janeiro a julho o ICF caiu 6,4%. No caso do Índice Nacional de Vendas, do início do ano até maio (últimos dados disponíveis) a retração foi de 19 pontos percentuais.
O que esses números querem dizer
A economia fraca resultou em aumento do desemprego e queda na renda da população que se traduziu em queda no consumo.
A demanda interna menor (sem muitas opções de vias de escoamento no caso dos lácteos) somado a uma oferta de leite maior resultou na dificuldade de evolução dos preços dos lácteos em plena entressafra, inclusive com recuos em junho e julho.
Com relação a produção, segundo o Índice Scot Consultoria de Captação de Leite, o volume em junho deste ano foi 4,1% maior frente ao mesmo período do ano passado.
Além do clima favorável este ano, o produtor incentivado, com os preços do leite maiores em valores reais, diminuiu e encurtou os impactos da entressafra nesta temporada.
Na figura 3, apresentamos os preços do leite longa vida e da muçarela no mercado atacadista em São Paulo.
Figura 3.
Evolução do preço do leite longa vida UHT (eixo da esquerda) e do queijo muçarela kg (eixo da direita), no atacado de São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Expectativas
Dado o cenário econômico vigente, ainda não é pertinente apostar em uma retomada da demanda, como demonstram os indicadores citados.
No entanto, algumas manobras do governo podem injetar capital no mercado, como a liberação dos recursos do FGTS, além do encaminhamento da Reforma da Previdência, que indicam um ambiente favorável para os últimos meses do ano.
De qualquer forma, os índices econômicos estão em patamares melhores que os observados em 2016, 2017 e 2018, o que indica que, apesar de lenta, a economia vem crescendo.
O momento é de cuidado no mercado do leite, já que além do aumento da produção nos próximos meses, não é esperada uma reação forte no consumo interno. Com isso, o viés é de baixa, sendo que a intensidade da queda será determinada pela demanda na ponta final da cadeia.
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