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Scot Consultoria

Carta Grãos - Relatórios Conab e USDA e reflexos nos mercado de milho e soja


Terça-feira, 17 de dezembro de 2019 - 16h30


Em 10 de dezembro a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o terceiro levantamento da safra brasileira de grãos.

A área com soja foi revisada ligeiramente para cima (0,2%), em relação ao relatório passado (novembro/19). A semeadura 2019/2020 foi concluída nas principais regiões produtoras do país.

Como a produtividade média das lavouras foi mantida frente a estimativa anterior, a produção acompanhou a revisão da área. Com isso, a colheita deverá ser de 121,09 milhões de toneladas na temporada atual, 0,2% mais que o previsto anteriormente e 5,3% mais que o colhido na safra passada.

Se confirmado, o volume será recorde em 2019/2020. 

Para o milho, houve revisão apenas na safra de verão (primeira safra), cuja área estimada foi revisada para cima (0,2%), mas a produtividade média deverá ser 0,1% menor na comparação com o estimado no relatório de novembro. 

Para o milho de inverno não houve alteração em relação ao relatório passado. 

Desta forma, no total, a colheita deverá ser de 98,41 milhões de toneladas em 2019/2020, 0,1% mais que o estimado anteriormente, no entanto, 1,6% menos que o colhido na safra passada (2018/2019). 

Com a queda na produção e demanda (interna e para exportação) aquecida, os estoques finais em 2019/2020 deverão ser os menores desde 2015/2016. 

Estão previstas 10,31 milhões de toneladas, frente as 13,04 milhões ao final de 2018/2019 e às 15,60 milhões de toneladas estocadas ao final de 2017/2018. Veja a figura 1. 

Figura 1.
Estoques finais de milho no Brasil, em milhões de toneladas.

Fonte: Conab / elaborado pela Scot Consultoria 

USDA 

Também no dia 10/12, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o relatório de oferta e demanda mundial de grãos. 

As produções norte-americanas de milho e soja (2019/2020) foram mantidas em relação ao relatório de novembro último, entretanto, deverão ser menores em relação à safra 2018/2019. 

A colheita está na reta final nos Estados Unidos. A expectativa é de que sejam colhidas 347,01 milhões de toneladas de milho, frente as 366,29 milhões de toneladas no ciclo anterior. 

No caso da soja, a produção está estimada em 96,62 milhões de toneladas na safra atual, 19,8% menos que o colhido em 2018/2019. 

Essa queda na produção norte-americana impactará os estoques mundiais, que foram estimados em 96,40 milhões de toneladas ao final de 2019/2020, frente as 109,80 milhões de toneladas estocadas ao final de 2018/2019 (figura 2). 

Figura 2.
Estoques finais de soja no mundo, em milhões de toneladas.

Fonte: USDA / elaborado pela Scot Consultoria 

Reflexos no mercado 

No caso da soja, apesar da maior oferta prevista para o Brasil e outros produtores na América do Sul, a queda na produção norte-americana impactará fortemente nos estoques mundiais em 2019/2020. 

Isto deve manter um ambiente firme de preços nos Estados Unidos e no mercado internacional em 2020. 

Além disso, as recentes notícias de um acordo entre os Estados Unidos e a China também colabora com o cenário de preços sustentados no mercado norte-americano. 

No Brasil, os preços historicamente sofrem uma pressão de baixa nos primeiros meses do ano, com o peso da safra (colheita) e aumento da disponibilidade interna. Desta forma, o direcionamento dos preços no mercado interno dependerá do câmbio (dólar) e da demanda para esmagamento no mercado interno e para exportação. 

Com relação ao milho, a menor disponibilidade no mercado brasileiro no primeiro semestre de 2020, que é composta basicamente pelos estoques de passagem e produção na safra de verão, e a demanda forte, puxada pelos incrementos nas produções de frango e suíno, são fatores de sustentação das cotações, em reais, e patamares mais altos no ano que vem. 

Para uma comparação, em janeiro de 2019, a cotação do milho era de R$30,00 por saca na região de Campinas-SP. Para janeiro de 2020, o mercado futuro aponta para uma saca próxima de R$50,00 na região. Alta de 66,7% no período analisado.


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