Em 10 de dezembro a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o terceiro levantamento da safra brasileira de grãos.
A área com soja foi revisada ligeiramente para cima (0,2%), em relação ao relatório passado (novembro/19). A semeadura 2019/2020 foi concluída nas principais regiões produtoras do país.
Como a produtividade média das lavouras foi mantida frente a estimativa anterior, a produção acompanhou a revisão da área. Com isso, a colheita deverá ser de 121,09 milhões de toneladas na temporada atual, 0,2% mais que o previsto anteriormente e 5,3% mais que o colhido na safra passada.
Se confirmado, o volume será recorde em 2019/2020.
Para o milho, houve revisão apenas na safra de verão (primeira safra), cuja área estimada foi revisada para cima (0,2%), mas a produtividade média deverá ser 0,1% menor na comparação com o estimado no relatório de novembro.
Para o milho de inverno não houve alteração em relação ao relatório passado.
Desta forma, no total, a colheita deverá ser de 98,41 milhões de toneladas em 2019/2020, 0,1% mais que o estimado anteriormente, no entanto, 1,6% menos que o colhido na safra passada (2018/2019).
Com a queda na produção e demanda (interna e para exportação) aquecida, os estoques finais em 2019/2020 deverão ser os menores desde 2015/2016.
Estão previstas 10,31 milhões de toneladas, frente as 13,04 milhões ao final de 2018/2019 e às 15,60 milhões de toneladas estocadas ao final de 2017/2018. Veja a figura 1.
Figura 1.
Estoques finais de milho no Brasil, em milhões de toneladas.
Fonte: Conab / elaborado pela Scot Consultoria
USDA
Também no dia 10/12, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o relatório de oferta e demanda mundial de grãos.
As produções norte-americanas de milho e soja (2019/2020) foram mantidas em relação ao relatório de novembro último, entretanto, deverão ser menores em relação à safra 2018/2019.
A colheita está na reta final nos Estados Unidos. A expectativa é de que sejam colhidas 347,01 milhões de toneladas de milho, frente as 366,29 milhões de toneladas no ciclo anterior.
No caso da soja, a produção está estimada em 96,62 milhões de toneladas na safra atual, 19,8% menos que o colhido em 2018/2019.
Essa queda na produção norte-americana impactará os estoques mundiais, que foram estimados em 96,40 milhões de toneladas ao final de 2019/2020, frente as 109,80 milhões de toneladas estocadas ao final de 2018/2019 (figura 2).
Figura 2.
Estoques finais de soja no mundo, em milhões de toneladas.
Fonte: USDA / elaborado pela Scot Consultoria
Reflexos no mercado
No caso da soja, apesar da maior oferta prevista para o Brasil e outros produtores na América do Sul, a queda na produção norte-americana impactará fortemente nos estoques mundiais em 2019/2020.
Isto deve manter um ambiente firme de preços nos Estados Unidos e no mercado internacional em 2020.
Além disso, as recentes notícias de um acordo entre os Estados Unidos e a China também colabora com o cenário de preços sustentados no mercado norte-americano.
No Brasil, os preços historicamente sofrem uma pressão de baixa nos primeiros meses do ano, com o peso da safra (colheita) e aumento da disponibilidade interna. Desta forma, o direcionamento dos preços no mercado interno dependerá do câmbio (dólar) e da demanda para esmagamento no mercado interno e para exportação.
Com relação ao milho, a menor disponibilidade no mercado brasileiro no primeiro semestre de 2020, que é composta basicamente pelos estoques de passagem e produção na safra de verão, e a demanda forte, puxada pelos incrementos nas produções de frango e suíno, são fatores de sustentação das cotações, em reais, e patamares mais altos no ano que vem.
Para uma comparação, em janeiro de 2019, a cotação do milho era de R$30,00 por saca na região de Campinas-SP. Para janeiro de 2020, o mercado futuro aponta para uma saca próxima de R$50,00 na região. Alta de 66,7% no período analisado.
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