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Carta Conjuntura - Atual perfil econômico do Brasil


Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020 - 17h00


Ao longo do ano passado, com a aprovação da Reforma da Previdência, os índices econômicos brasileiros começaram a apresentar resultados animadores, cenário que deve se estender e ganhar corpo este ano.

Dentre os indicadores temos desemprego, taxa Selic e inflação em melhores níveis, o que indica uma melhoria da economia.

A melhora no desempenho econômico influencia no poder de compra da população, e consequentemente no consumo de carne bovina.

Para analisar este potencial da demanda, neste texto faremos um giro sobre o atual perfil econômico do Brasil.

PIB recuperando

O Produto Interno Bruto, que mede a atividade econômica do país, deve crescer 2,3% em 2020, de acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) no dia 10/2.

Apesar da taxa de crescimento ainda ser baixa, será o terceiro ano consecutivo de ajuste positivo depois de dois anos de retração intensa.

Lembrando que, a recessão econômica vivenciada em 2015 e 2016 ocorreu, principalmente, devido ao agravamento do quadro fiscal.

A situação das contas públicas melhorou, segundo dados do Tesouro Nacional, o déficit primário (que representa o resultado nas contas do governo desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública) em 2019 foi de R$95,1 bilhões, contra R$120,3 registrado em 2018.

O resultado do fechamento do ano passado foi o melhor desde 2014, quanto o déficit era de R$23,4 bilhões.

Mas, apesar disso, já é o sexto ano seguido de contas no vermelho, e para progredir, o governo precisa gerir melhor seus resultados para que as despesas não superem as receitas.

Inflação comportada 

A expectativa das instituições financeiras ouvidas pelo BC é de que a inflação termine o ano em 3,25%. 

Já é a sexta semana seguida de queda na projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2020. 

O resultado está abaixo do centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 4%. O intervalo de tolerância de metas varia de 2,5% a 5,5%. 

Lembrando que o patamar atual da inflação é considerado saudável para a economia do Brasil. Pois possibilita uma dinâmica de crescimento confortável. 

Mas, não podemos deixar de mencionar que inflação em níveis baixos demonstra um desequilíbrio entre a oferta de bens e serviços e a demanda por eles. 

Por outro lado, se a inflação subir exacerbadamente, ela corrói os salários e tira o poder de compra da população.

Outro efeito deletério da alta inflação é a limitação de alteração na taxa de juros para facilitar o acesso ao crédito.  

Portanto, a inflação nos patamares atuais (sob controle) permite que o Banco Central module a taxa de juros (taxa Selic), e é exatamente isso que se tem feito.

Cortes nas taxas de juros

Desde meados do ano passado, o Banco Central tem reduzido a taxa básica de juros. Depois de passar por todo primeiro semestre de 2019 em 6,5%, a previsão da taxa Selic está em 4,25%.

Este foi um instrumento para reanimar a economia, já que se reduziu o custo de tomar empréstimos no país, o que estimula investimentos.

Mas, para ter efeito realmente estimulativo, o corte dos juros deve estar atrelado ao aumento da confiança dos empresários.  

Para analisar esta variável, temos o Índice de Confiança Empresarial (ICE) calculado pela FGV, que tem crescido, e em janeiro atingiu o maior patamar deste março de 2014 (98,4 pontos).

Contudo, o setor empresarial está cauteloso. E como a recuperação do humor do empresário é um processo gradual, ainda se deve levar um tempo para o índice atingir o patamar considerado favorável, que é acima de 100 pontos.

Para melhorar a confiança do investidor e atingir estes patamares, uma das barreiras a ser quebrada é a taxa de desemprego.

Desemprego

No quarto trimestre de 2019, a taxa de desemprego foi de 11%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada em 31 de janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de desocupação ainda está alta, preocupante e deve ser um dos principais alvos do governo. Mas, a taxa tem recuado desde o começo do ano, quando estava em 12,7% no primeiro trimestre.

Conclusão e pontos de atenção

Com a economia reagindo e o consumo doméstico um pouco melhor, sob a ótica da demanda, o mercado do boi gordo deve trabalhar com um quadro mais positivo de preços ao longo de 2020. 

Na esteira do setor econômico, outras pautas em trâmite no Congresso Nacional podem ajudar a dar impulso para a economia. Entre elas: a reforma administrativa, a PEC emergencial, a PEC dos fundos públicos, e a PEC do pacto federativo, entre outras. 

Por fim, o atual quadro econômico não está bom o suficiente para gerar comemoração, mas indica que o país entrou em um eixo mais certeiro.  


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