A Scot Consultoria calcula anualmente as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital.
Para esse cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico.
Nesse sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos.
A produção leiteira brasileira foi afetada ao longo do ano pelas condições climáticas adversas e aumento dos custos de produção, puxados principalmente pelas altas nos custos dos alimentos concentrados, como milho, soja e caroço de algodão. Por esse motivo, a oferta de leite ficou mais ajustada que em anos anteriores.
Do lado da demanda, depois da situação mais complicada no início da pandemia (março/20), com o fechamento dos estabelecimentos comerciais (food service), a situação melhorou no segundo semestre, com os pagamentos dos auxílios emergenciais.
Diante desse cenário mais concorrido, houve forte valorização no preço do leite ao produtor, mas com aumento expressivo nos custos de produção.
Considerando a média nacional dos 18 estados pesquisados pela Scot Consultoria, o preço médio pago ao produtor subiu 22,7% em 2020, frente a 2019. No entanto, os custos de produção estiveram 18,7% maiores no mesmo período, pressionando as margens do produtor (figura 1).
Figura 1. Preço do leite ao produtor versus custos de produção da pecuária leiteira, base 100= dezembro de 2016.
Fonte: Scot Consultoria
Com isso, a rentabilidade média da atividade de alta tecnologia (25 mil litros/ha/ano) cresceu, passando de 0,91% em 2019 para 1,99% em 2020. É o segundo ano de alta consecutiva, ainda que de forma tímida.
Para os sistemas com produtividade média de 4,5 mil litros por hectare por ano (baixa tecnologia) a rentabilidade foi negativa em 6,14%. Este foi o nono ano consecutivo de rentabilidade negativa, porém o menos baixo dos últimos cinco anos.
Veja na figura 2 a evolução das rentabilidades médias ao longo dos últimos 10 anos.
Figura 2. Evolução das rentabilidades médias das atividades leiteiras de alta e baixa tecnologias.
Fonte: Scot Consultoria
Para esse ano, é esperado um preço médio do leite pago em patamares mais altos, a depender da demanda por lácteos no mercado brasileiro. Mas os custos de produção também deverão se manter em patamares elevados.
No caso do milho, por exemplo, além da demanda aquecida, as revisões para baixo das produtividades médias das lavouras no país e na produção esperada na safra de verão podem dar sustentação aos preços no mercado interno. No caso da soja, o clima adverso e a demanda mundial aquecida, com destaque para a China, deverão contrapor a possível queda do câmbio, mantendo os preços firmes.
Com isso, as rentabilidades médias da atividade leiteira deverão se manter em níveis apertados, como vistos nos últimos anos, o que exigirá do produtor planejamento, estratégias de compra de insumos e aumento da eficiência produtiva.
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