Em 9 de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o relatório de oferta e demanda mundial de grãos 2020/21.
Com relação à soja, houve revisão para cima da produção brasileira, estimada em 134 milhões de toneladas no ciclo atual, em fase de colheita, frente às 133 milhões estimadas no relatório anterior (fevereiro/21) e às 128,50 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2019/20).
Apesar dos atrasos na semeadura da soja 2020/21 no Brasil no segundo semestre, as chuvas em maiores volumes desde janeiro favoreceram as lavouras, em especial no Sul e Centro Sul do país, onde a situação estava complicada com relação aos atrasos nas precipitações e volumes abaixo da média para o período.
Já no caso da Argentina, a falta de chuvas em regiões produtoras levou à revisão para baixo da produção esperada no ciclo atual. O USDA estimou 47,5 milhões de toneladas em 2020/21, frente às 48 milhões de toneladas previstas no relatório divulgado em fevereiro. Na safra passada (2019/20), a Argentina colhera 48,8 milhões de toneladas de soja (USDA).
Ainda com relação à produção na Argentina, a Bolsa de Comércio de Rosário também reduziu as expectativas para a safra atual no país, estimada em 45 milhões de toneladas, frente às 49 milhões de toneladas previstas anteriormente e às 50,7 milhões de toneladas colhidas no ciclo passado.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em 11/3 o sexto levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos 2020/21.
Com relação à soja, a área semeada e a produtividade média foram revisadas para cima em 0,5%, frente às estimativas de fevereiro.
Com isso, estão previstas 135,12 milhões de toneladas do grão na temporada atual, em fase de colheita.
O volume é 1,0% maior que o estimado anteriormente e 8,2% acima das 124,84 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2019/20), recorde até então.
Os preços subiram no mercado brasileiro nos primeiros dez dias de março, acompanhando as fortes valorizações do dólar frente à moeda brasileira.
Além do dólar valorizado, os atrasos na colheita (safra 2020/21) e a baixa disponibilidade interna colaboraram com a sustentação dos preços do grão, em reais.
No porto em Paranaguá-PR, a referência chegou a R$178,00 em 9/3, mas recuou para R$175,00 por saca de 60 quilos (11/3), com o dólar perdendo força no final da segunda semana.
Para o curto e médio prazos, o câmbio e o desenvolvimento da colheita são os principais fatores na precificação do grão no mercado interno.
Desta forma, diante das chuvas previstas para o curto prazo, que deverão seguir prejudicando o ritmo da colheita da soja, em especial no Centro-Oeste, mantemos a expectativa de preços firmes em curto prazo, a depender do dólar.
No entanto, um ponto importante é que as recentes revisões para cima da produção brasileira poderão diminuir esse viés de alta sobre os preços, conforme avança a colheita no país.
Para abril/maio, com a colheita da safra 2020/21 concluída no Brasil e maior disponibilidade interna e, se confirmada a maior área com a cultura nos Estados Unidos (safra 2021/22), os preços poderão perder sustentação nos mercados brasileiro e internacional, mas as quedas deverão ser limitadas pela boa demanda e estoques reduzidos na temporada.
Da mesma forma, qualquer questão adversa de clima por lá durante a semeadura, a expectativa é de que os preços sigam firmes nos mercados internacional e brasileiro.
Com relação à safra norte-americana 2021/22, cuja semeadura começa em abril/maio, a expectativa é de sejam plantados 36,42 milhões de hectares com a cultura, frente aos 33,31 milhões de hectares na safra passada (2020/21), segundo o USDA.
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