Foto: Scot Consultoria
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em março último, os resultados da Pesquisa Trimestral do Leite.
Os dados referem-se ao volume de leite adquirido e industrializado pelos laticínios brasileiros com inspeção municipal, estadual ou federal nos três últimos meses de 2020, consolidando os dados anuais.
No período foram captados 6,7 bilhões de litros, 1,1% mais na comparação com o mesmo período de 2019. O volume cresceu em todos os meses (outubro, novembro e dezembro) na comparação anual.
Com isso, no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, foram captados 25,5 bilhões de litros de leite, 2,1% mais em relação a 2019. Veja na figura 1.
Figura 1. Volume de leite adquirido pelos laticínios brasileiros, em 2019 e 2020, em bilhões de litros.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)/ Compilado pela Scot Consultoria.
Apesar da pandemia, que diminuiu o consumo interno de lácteos no primeiro semestre do ano, da elevação do custo de produção, e das adversidades climáticas, com atrasos nas chuvas no segundo semestre, a produção brasileira cresceu.
Devido às incertezas com relação à demanda, muitos pecuaristas secaram as vacas e diminuíram os investimentos, levando à uma baixa na produção de leite em maio e junho do ano passado, comparada ao ano anterior. Porém, em todos os outros meses do ano a produção foi maior em 2020.
Com a retomada da demanda interna com o pagamento do auxílio emergencial e a produção de leite em queda no final do primeiro semestre de 2020, o preço do leite pago ao produtor subiu fortemente, estimulando a produção a partir de então.
No último trimestre de 2020, o Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria revelou um aumento na produção em todos os meses, considerando a média nacional. O incremento foi, em média, de 0,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, seguindo a tendência dos dados publicados pelo IBGE.
Ainda de acordo com o Índice, e com base nos dados parciais de março desse ano, no primeiro trimestre de 2021 a produção de leite aumentou 4,6%, na média nacional, comparada ao mesmo período do ano passado.
Observe o comportamento do Indicador nesse período na figura 2.
Figura 2. Índice Scot Consultoria de Captação de leite, média nacional.
Março/21*: dados parciais
Fonte: Scot Consultoria.
Os dados parciais de março coletados pela Scot Consultoria apontam para uma queda de 2,4% na produção de leite na média nacional, entretanto, o patamar está 3,8% maior que no mesmo período de 2020.
Para abril, maio e junho próximos, a previsão é de volumes de chuvas acima da média histórica (normal climatológica) somente no Norte e algumas áreas no Nordeste do Brasil.
Nas demais regiões (Sul, Sudeste e boa parte do Centro-Oeste), a previsão é de que as precipitações fiquem abaixo da média, o que deve refletir sobre as condições das pastagens e produção de leite nos próximos meses. No Brasil Central e Centro Sul, em abril/maio tem início o período seco do ano.
Além do clima, a produção poderá ser impactada por causa da elevação dos custos de produção da atividade leiteira, com destaque para a alimentação concentrada.
A menor oferta de leite cru (matéria-prima) é um fator de sustentação dos preços do leite pago ao produtor nos próximos pagamentos, no entanto, a evolução da demanda será fundamental.
A nova rodada de auxílio emergencial poderá ajudar com o escoamento no mercado interno, no entanto, o agravamento da pandemia e a falta de perspectiva quanto à retomada da economia poderão limitar a melhoria no consumo doméstico.
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