A suinocultura brasileira ganhou destaque nos últimos três anos, com o aumento exponencial das exportações para a China, cuja suinocultura foi abalada pela peste suína africana.
Em 2020, os preços dispararam, os volumes embarcados foram recordes e a expectativa para o setor apontava para manutenção desses patamares.
Apesar disso, terminado o primeiro trimestre de 2021, os preços no mercado de suínos derreteram; uma queda de 34,1% desde o início do ano. A margem, por sua vez, caiu, agravada pelo aumento do custo de produção.
Mas, o que aconteceu em pouco mais de três meses para um desempenho tão frágil?
Em novembro de 2020, a cotação do suíno terminado em São Paulo chegou em R$185,00/@ (6/11), recorde e uma expressiva alta de 90,7% em relação a janeiro/20.
De lá para cá, a demanda caiu e aumentou o custo de produção – associado principalmente aos preços do milho e farelo de soja, e no encerramento do primeiro trimestre (31/3), o animal terminado foi negociado por R$100,00/@.
O preço vigente está R$4,00/@ acima da referência para o mesmo período em março de 2020, mas, naquele ano, a crise relacionada ao covid-19 chegava ao Brasil, pressionando os preços de grande parte das commodities agrícolas (tabela 1).
Tabela 1. Variação dos preços do suíno terminado nas granjas e da carcaça suína no atacado, na abertura dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2020 e 2021, em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria.
Na contramão, os preços do milho e do farelo de soja, principais insumos da atividade, subiram 58,5% e 88,0% no comparativo anual, respectivamente. As margens foram pressionadas durante o período.
Pelo lado das exportações, o embarque de carne suína foi recorde em 2020 e, até o primeiro trimestre de 2021, cresceu 24,1% em relação ao mesmo período de 2020 (tabela 2).
Tabela 2. Exportações de carne suína fresca, refrigerada ou congelada, em mil toneladas, entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021.
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria.
Apesar desse desempenho, a exportação responde por 24% da produção nacional, sendo que a maior parte é consumida no mercado interno.
Diferente do mercado do boi gordo, onde a oferta restrita tem sustentado as altas das cotações, mesmo na safra, frente a uma demanda doméstica compassada, no mercado de suínos as fortes altas observadas no ano passado deixaram de ser acompanhadas pelo consumo doméstico.
O setor busca ajustar a produção à demanda, reduzindo matrizes em produção, porém, o efeito inicial resulta em um aumento de oferta, pressionando mais os preços no curto prazo.
Para o curto prazo, o produtor deve seguir com preços pressionados e margem apertada, apesar da expectativa de exportações fortes para 2021, principalmente com as recentes notícias de novos casos de PSA na Ásia.
O atraso no plantio do milho safrinha, principal safra do insumo, e da colheita de soja, por conta de problemas climáticos, somado a um horizonte de dólar alto, de R$5,30 em 2021, segundo o último boletim Focus do Banco Central, não aliviam os custos de produção.
Com relação ao consumo doméstico, a nova rodada do auxílio emergencial, associada aos preços em queda e ajustes na produção, pode abrir espaço para a contenção da queda de preços.
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