*Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 7/6/2021.
A ociosidade é estimada considerando a capacidade de abate diária do frigorífico e a quantidade de cabeças abatidas por dia, em porcentagem.
Nos últimos tempos essa quantidade de gado não tem sido suficiente para ocupar a capacidade de abate dos frigoríficos.
Essa desocupação está sendo causada por uma associação de fatores e o mais importante é, justamente, a queda da oferta de bovinos.
E a causa dessa retração é a retenção de fêmeas, de matrizes, para a produção de bezerros. E por que isso está acontecendo? Porque os bovinos para a reposição do rebanho estão com preços bons, estimulando essa atitude.
Pode-se dizer que a quantidade de machos que vai para o abate é relativamente regular todos os anos e o que varia é a oferta de fêmeas.
Menos vacas indo para o abate, menor oferta de cabeças no mercado.
Nesses primeiros cinco meses de 2021 a desaceleração da exportação também ajudou nesse quadro. O volume de carne bovina in natura exportada caiu em relação ao mesmo período de 2020, diminuindo, em função disso, a necessidade da compra de boiadas.
Para driblar ou amenizar essa situação, a estratégia tem sido o abate em dias alternados, a redução da quantidade de cabeças abatidas por dia e, em casos mais críticos, a concessão de férias coletivas.
O nível de ociosidade estimado nos primeiros meses de 2021 foi o maior considerando a série histórica da Scot Consultoria, que monitora esse fator desde 2012. Veja na figura 1.
Figura 1. Estimativa anual de ociosidade média em frigoríficos para bovinos, considerando doze estados monitorados pela Scot Consultoria.
*média até abril/21
Fonte: Scot Consultoria.
Em 2020, o nível médio de ociosidade já era o maior da história no período, porém, no primeiro quadrimestre de 2021, a taxa subiu 94% em relação ao mesmo intervalo de 2020, chegando aos 45% de ociosidade média neste ano.
Em alguns estados, onde a situação das ofertas está ainda mais restrita, o indicador de ociosidade ultrapassa a média nacional, cujos destaques são Bahia, com 53%, Maranhão, com 52%, e Paraná, com 49%. Veja na figura 2.
Figura 2. Taxa de ociosidade nos estados monitorados pela Scot Consultoria, média parcial até abril de 2021.
Fonte: Scot Consultoria.
Para este ano, a projeção é de que a oferta de gado continue pequena e deva piorar com o aprofundamento da entressafra.
A expectativa para 2022 também é de mercado comprador, com a retenção de fêmeas vigorando ao longo do ano.
Com relação ao consumo de carne no mercado interno, outro fator que influi na ociosidade, não se espera grandes avanços, pois a vacinação da população brasileira contra o covid-19 deverá se estender até o final do ano, não dando refresco para as dificuldades econômicas vigentes, com desemprego e queda de renda.
O alento vem da exportação, cujo desempenho deverá ser melhor e superar o recorde de 2020 e, desse modo, consumir entre 25% e 30% da produção de carne.
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