Fonte: Agromovies
Introdução
Atualmente, o rastreamento de bovinos no Brasil é realizado principalmente por meio de brincos, chips e marcação a fogo, sendo que um mesmo bovino ao longo da vida pode ter mais de um dono até o abate e informações podem se perder durante essa trajetória.
A identificação e rastreamento são ferramentas que podem:
· auxiliar no manejo (reprodutivo; sanitário; nutricional, no caso da nutrição de precisão);
· realizar um controle eficaz do rebanho, monitorando o desempenho por animal;
· permitir o acompanhamento desde a origem até o abate;
· garantir transparência e segurança alimentar aos consumidores;
· abrir oportunidades de exportação para mercados exigentes (União Europeia, por exemplo).
Segundo o Ministério da Agricultura, o atual sistema de rastreamento é ineficiente, especificamente com relação aos fornecedores indiretos de gado, uma vez que foi projetado para monitorar somente bovinos exportados para a União Europeia. O Ministério apresentará uma proposta para uma nova lei de rastreabilidade.
Estabelecido por meio da Instrução Normativa no. 51/2018 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o SISBOV é a ferramenta oficial e voluntária que visa a fiscalização para pecuaristas que têm a intenção de comercializar para o mercado externo.
No caso da União Europeia, é exigido essa adesão ao SISBOV, onde a fazenda é auditada e caso aprovada ela se torna um Estabelecimento Rural Aprovado (ERA) e compõe uma lista de propriedades aprovadas denominada Trace, que é renovada a cada 14 dias.
Na tabela 1 estão descritos os procedimentos para a adesão ao SISBOV.
Tabela 1. Etapas para adesão dos produtores ao SISBOV.
Etapas | Procedimentos |
Etapa 1 | ERC – cadastro do produtor na secretaria do município. |
---|---|
Etapa 2 | Contato com a certificadora credenciada pelo MAPA. Solicitação do Termo de Adesão Voluntária do SISBOV. |
Etapa 3 | Envio da documentação à certificadora (Art. No. 17 - IN/51/2018). |
Etapa 4 | Adequação da produção pecuária aos requisitos da legislação. |
Etapa 5 | Conferência da documentação necessária exigida para vistoria pela certificadora. |
Etapa 6 | Vistoria pela Certificadora. |
Etapa 7 | Adequação e nova vistoria caso necessário. |
Etapa 8 | ERA- adesão ao termo SISBOV e solicitação dos elementos de identificação individual. |
Etapa 9 | Identificação individual dos animais e demais adequações. |
Etapa 10 | Nova vistoria pela certificadora para conferir adequações. |
Etapa 11 | Inclusão dos animais no Banco Nacional de Dados (BND). |
Etapa 12 | Monitoramento da exploração pecuária e vistorias periódicas feitas pela Certificadora. |
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, elaborado pela Scot Consultoria
Segundo o último Censo Agropecuário (2017), dos 2,52 milhões de propriedades rurais com produção de bovinos, 0,06% delas estão na lista Trace.
E como está a rastreabilidade bovina em outros países?
Países como Argentina, Austrália, Uruguai e Nova Zelândia também possuem sistemas de rastreabilidade oficial dos rebanhos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, há um programa nacional de saúde animal chamado Animal Disease Traceability Program (do inglês, programa de rastreabilidade de doença animal), que foi desenvolvido pelo USDA e autoridades estaduais em saúde animal em cooperação com a indústria. O programa envolve a identificação individual do animal, assim como das instalações, facilitando e agilizando investigações da origem de enfermidades, reduzindo o impacto econômico.
Na Irlanda, foi anunciado recentemente que a identificação eletrônica será obrigatória. Até o dia 1 de janeiro de 2022, será uma exigência legal, incluindo recém-nascidos.
Alguns frigoríficos brasileiros estão disponibilizando em seus respectivos sítios eletrônicos a possibilidade de rastrear a origem do rebanho que estão consumindo.
Uma outra novidade é que uma startup brasileira desenvolveu um algoritmo que identifica a digital única (focinho) do bovino e que seria possível ser realizada por meio de uma foto de celular.
A empresa pretende colocar os bovinos em uma espécie de mercado de capitais digital, o que possibilitaria negócios no mercado utilizando o token único do animal.
A rastreabilidade de bovinos é importante em diversos aspectos, que incluem melhor manejo, maior controle do desempenho individual, transparência e segurança alimentar aos consumidores, além de auxiliar no comércio de rebanhos criados em fazendas que respeitam o código florestal.
Menos de 5% do rebanho nacional adota um sistema de rastreabilidade individual. Contudo, a rastreabilidade vem melhorando com inovações tecnológicas.
Bibliografia
CNN Brasil. Brasil deve propor nova lei para rastrear pecuarista e limitar desmatamento. Disponível em: Brasil deve propor nova lei para rastrear pecuarista e limitar desmatamento. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em: IBGE. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Inforchannel. Databoi desenvolve algoritmo que identifica a digital única do gado por uma foto de celular. Disponível em: Databoi desenvolve algoritmo que identifica a digital única do gado por uma foto de celular. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Kildare nationalist. Mandatory electronic identification for cattle welcomed by Kildare senator. Disponível em: Mandatory electronic identification for cattle welcomed by kildare senator. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Disponível em: gov.br. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Revista Globo Rural. Impressão digital em focinhos permite rastrear bovinos via aplicativo de celular. Disponível em: Impressão digital em focinhos permite rastrear bovinos via aplicativo de celular. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
United States Department of Agriculture – USDA. Disponível em: USDA. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Valor Globo. Startup propõe usar digital do gado para rastreamento. Disponível em: Startup propõe usar "Digital" do gado para rastreamento. Acesso em: 11 de agosto de 2021.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos