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A equipe da Scot Consultoria participou do webinar “Perspectivas para a Agropecuária: Especialistas debatem desafios para a safra de grãos” realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2 de setembro de 2021.
O objetivo do encontro foi apresentar as expectativas para a próxima safra no Brasil (2021/22). O debate foi realizado com o intuito de contribuir com o diálogo, aumentando a transparência e acurácia dos dados. A dinâmica ocorreu em forma de painéis de debate para cada um dos grãos, com oportunidade de discussão de diversos pontos de vista com agentes do setor.
A apresentação está disponível em: Perspectivas para a Agropecuária: Especialistas debatem desafios para a safra de grãos
O debate foi iniciado pelo painel de algodão. Estavam presentes Bruno Nogueira, técnico analista de algodão da Conab; Marcio Portocarrero, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa); Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); Lucílio Alves, professor do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
Depois da forte queda da demanda ocasionada pela pandemia, 2021 deverá terminar com uma recuperação do consumo interno, com um cenário mais otimista já iniciado em agosto/21.
O setor de algodão tem sentido a pressão da alta dos custos de produção, com o índice de preços ao produtor (IPP) elevado e sem repasse ao final cadeia. Ainda assim, a variação nos últimos 12 meses mostra que o custo subiu menos que a variação de preço do produto.
O aumento das exportações brasileiras gerou um superávit na balança comercial de algodão. Porém, há uma preocupação para 2022, com PIB pouco atrativo e inflação aumentando, a exportação, mesmo em expansão, pode não dar conta de alavancar o mercado, caso a demanda interna não evolua.
Os gargalos logísticos são o grande desafio para o setor, com custos de transporte elevados afetados pela pouca disponibilidade de contêineres, decorrentes de uma falta de planejamento da cadeia. Além disso, a ameaça em relação aos fertilizantes, decorrente de embargos na Bielorrússia, pode afetar a oferta de potássio no Brasil, o que influi muito no plantio do algodão.
O Brasil é líder mundial em oferta de algodão certificado, com 81% do algodão certificado e sustentável, resultado de um trabalho assíduo na cadeia. Essa certificação se dá por um protocolo interno, Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que atende legislações trabalhistas, códigos florestais e boas práticas econômicas.
As expectativas para a temporada 2021/22 são positivas, tendo o Brasil espaço e tecnologia para se manter na condição de líder mundial.
Figura 1. Projeções para a safra de algodão 2021/22 em âmbito nacional.
Fonte: Conab
Participaram do debate Fernando Motta, gerente de Produtos Agropecuários da Conab; Cleiton Gauer, gerente de Inteligência de Mercado do Imea; Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
A projeção da Conab para o milho na temporada 2021/22 é de aumento de 6% na produtividade nacional, frente à safra 2020/21. O crescimento esperado para a segunda safra é maior em relação à primeira.
O cenário de boa rentabilidade deverá puxar os incrementos em área e no uso de tecnologia: aquisição de sementes melhores, adubação, investimentos em equipamentos, que vão agregando possiblidades de melhora na produção.
Os estoques de milho são um ponto de atenção para o mercado. Entretanto, diante das expectativas de preços elevados e aumento de produção (33,8%), a Conab acredita que haverá melhora na relação estoque/consumo ao final da safra 21/22.
Figura 2. Projeções para a safra de milho 2021/22 em âmbito nacional.
Fonte: Conab
As indústrias de etanol e as relações de exportações têm demandado cada vez mais do setor, o que tem limitado a oferta para produtores de proteínas.
Com isso, os produtores devem se atentar ao planejamento e estratégia de compra do milho, bem como a utilização de alimentos alternativos ao cereal.
Estavam presentes no debate Fernando Motta, gerente de Produtos Agropecuários da Conab; Leonardo Amazonas, analista do Mercado de Soja da Conab; Cleiton Gauer, gerente de Inteligência de Mercado do Imea; Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
Espera-se um aumento de 0,3% da produtividade das lavouras em 2021/22, frente a 2020/21. Os preços em alta e expectativas positivas para o mercado influenciaram diretamente as projeções de aumento de área de cultivo (+3,6%) e produtividade. Com isso, está estimado um aumento de produção de 3,9% na safra que vem, frente a 2020/21.
Figura 3. Projeções para a safra de soja 2021/22 em âmbito nacional.
Fonte: Conab
As expansões de áreas devem apresentar restrições regionais. A região Centro-Oeste será marcada pelas maiores expansões. No Sul do país, as estimativas são de menores incrementos, devido à pouca disponibilidade de área para expansão e preços de terras elevados.
Há relativa preocupação para expansões territoriais realizadas por novos produtores, pouco consolidados no mercado, e que estejam buscando no setor oportunidades de renda, sem o conhecimento técnico suficiente.
As expectativas de janelas de chuva suficientes na virada de outubro, traçam cenário otimista para a semeadura ocorrer normalmente, ou até mesmo antecipada, para que a soja se desenvolva. Em casos de intercorrências, a safra de milho pode ser afetada.
De modo geral, a previsão é de crescimento na área produtiva no Brasil (3,6%) em função dos bons resultados na safra que está se encerrando, com preços elevados, e do maior uso de tecnologia por parte dos agricultores.
O debate contou com a participação de: Sergio Santos, gerente de Inteligência, Análise Econômica e Projetos Especiais da Conab; Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz); Andressa Silva, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).
As estimativas realizadas pela Conab de incremento de área (1,4%) foram baseadas dentro de um cenário neutro, em que se apresente normalidade hídrica. Entretanto, sem tempo hábil para recuperação dos mananciais hídricos, e sendo o cultivo de arroz em sua maioria irrigado, o cenário para a próxima safra (2021/22) deverá ser de manutenção dos patamares semeados na safra que está encerrando (202/21).
Figura 4. Projeções para a safra de arroz 2021/22 em âmbito nacional.
Fonte: Conab
Um destaque foi dado às coberturas de inverno, fundamentais para auxiliar o controle de plantas invasoras resistentes. O uso não só de azevém e aveia, mas o consórcio do azevém com trevo persa, trouxe incremento de 1 tonelada na produção de arroz na safra passada. A rotatividade de culturas deve contribuir para bons resultados produtivos.
Os maiores desafios para o setor estão voltados para uma gestão eficiente visando aumento de produtividade. Os custos devem ter aumento de 20-30% na safra 2021/22 e os produtores que já adquiriram insumos serão menos afetados, evidenciando a importância do planejamento e gestão produtiva.
O último painel contou com a participação de João Ruas, técnico da Conab; Auro Nagay, diretor da Bolsinha Informativos; Alcido Wander, pesquisador da Embrapa.
O cenário para a temporada 2021/22 é de manutenção na área plantada. Isso se deve às condições climáticas desfavoráveis para o feijão na primeira safra, que levam a uma redução de área, mas que é compensada nas seguintes, gerando estabilidade.
Com relação à produtividade, espera-se recuperação em relação à safra 2020/21. Para isso, trabalhos em genética, aspectos do ambiente de produção e a qualidade de sementes, devem ser administrados em conjunto.
Figura 5. Projeções para a safra de feijão 2021/22 em âmbito nacional.
Fonte: Conab
Com a redução do poder aquisitivo do consumidor, afetado pela pandemia, a qualidade do produto ficou em segundo plano na hora da compra. O perfil do consumidor atual é buscar por preços mais atrativos, cuja tendência de consumo é de queda.
Os custos de produção estão aumentando e, apesar de boas relações no lucro/saca, um bom gerenciamento da produção é essencial. O produtor deve ter domínio sobre os fatores que podem limitar a produtividade, manejando adequadamente as oportunidades para obter uma melhor previsibilidade da rentabilidade.
Finalizando o webinar, Sergio De Zen, diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab, ressaltou o objetivo da Companhia em traçar um norte em relação ao futuro da agroindústria, buscando, dentro do possível, trazer maior previsibilidade para os envolvidos no setor.
Pecuária feita por mulheres - Episódio 8 - Carolina Barretto
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