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O mercado de leite e derivados sofreu forte pressão do clima e da elevação dos custos de produção em 2021.
A demanda fraca na ponta final da cadeia, em função da crise econômica e das restrições frente à pandemia de covid-19, também foi um importante fator na precificação do leite.
Quanto à oferta, de janeiro a junho, na média nacional, houve quedas sucessivas, segundo o Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria, e mesmo com o crescimento mês a mês a partir de junho, os patamares ficaram abaixo dos registrados no ano anterior. Ressaltando que o cenário pandêmico em 2020 refletiu sobre os investimentos na atividade, o que impactou na produção de 2021.
O pagamento ao produtor caiu consecutivamente ao longo do primeiro trimestre, com o escoamento fraco em função do fim do Auxílio Emergencial. Para o produtor de leite, o período foi de atenção, pois além da pressão sobre o faturamento (preço de venda do leite), o custo de produção subiu fortemente, principalmente devido aos preços dos alimentos concentrados.
Já a partir de março, o pagamento melhorou, com o peso da entressafra no Brasil Central e Centro-Sul do país e o aumento da concorrência entre os laticínios.
A chegada antecipada do período seco e o atraso nas chuvas na maior parte do país impactaram a produção no campo. Assim, as condições ruins das pastagens intensificaram a necessidade do uso de alimentos concentrados.
A ocorrência de frio intenso e de geadas em julho, além de afetar a recuperação do capim, causaram perdas na produtividade em importantes regiões produtoras de milho, que se somaram às perdas devido aos volumes de chuvas abaixo da média e atrasos na semeadura na temporada.
O clima seco pesou sobre a semeadura e o desenvolvimento da segunda safra do cereal e a cotação ficou firme ao longo do ano, com o peso das altas do dólar frente ao real e a demanda interna firme.
Já com relação à soja, as exportações em alta e boa demanda interna mantiveram os preços em patamares elevados, com o câmbio tendo um peso importante sobre a precificação.
Nos últimos três meses, os preços do milho caíram, com o aumento da disponibilidade interna e importações em alta, atrelados à suspensão da cobrança de PIS e Cofins. Já para a soja, no mesmo período, os preços estiveram firmes, mas andando de lado, acompanhando o câmbio e o início da colheita norte-americana.
As cotações dos fertilizantes e defensivos também pesaram no bolso do produtor.
A oferta escassa no mercado internacional, devido à redução da produção pelos principais produtores de fertilizantes (China, Rússia, Canadá e Marrocos) além de sanções econômicas a Belarus, e a demanda firme, atrelada ao crescimento da produção de grãos na temporada 2020/21, mantiveram os preços em alta.
Os custos com combustíveis, acompanhando o cenário de preços do petróleo no mercado internacional e o dólar em alta, também subiram.
Para o curto prazo, o peso da safra, com aumento das chuvas, deve exercer pressão de baixa no mercado do leite.
Para o primeiro semestre de 2022, com o cenário ajustado com relação à oferta de leite cru (vide volumes mensais em 2021, no comparativo ano a ano) e a possibilidade de demanda interna melhor em relação a 2020 e 2021, há espaço para altas mais fortes nos preços do leite e derivados.
Outro ponto importante é a previsão de aumento nas produções de milho e soja no Brasil em 2021/22, que, se confirmada, poderá diminuir a pressão sobre os custos de produção, especialmente com relação à alimentação concentrada, com possibilidade de melhora nas margens da atividade.
A baixa disponibilidade de milho no primeiro trimestre é um fator de alta sobre os preços do cereal nos primeiros meses de 2022. Se confirmadas as estimativas iniciais de aumento na área semeada na segunda safra em 2021/22 e o clima colaborar para uma boa produtividade, a tendência é de preços pressionados para baixo no segundo trimestre e começo do terceiro trimestre de 2022.
O cenário apresentado pode gerar investimentos maiores na atividade leiteira, e caso as expectativas se confirmem, espera-se progresso no mercado de leite.
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