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Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 31/10/2022.
Nos últimos dias, diversos países têm relatado o surgimento de casos de influenza aviária do tipo H5N1, incomum para essa época do ano, classificada como de patogenicidade alta, afetando importantes países produtores de carne de aves e ovos.
Como se trata de uma doença altamente contagiosa entre as aves e que, apesar de poucos, os casos em humanos apresentam alta letalidade, caso seja detectada a doença, é necessário notificar a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e o abate de aves infectadas para conter a propagação.
México, Estados Unidos, União Europeia e Colômbia estão entre as regiões onde recentemente foram detectados casos do vírus e o abate das aves infectadas.
Todos têm relevância na produção global de carne de frango, figurando entre os dez maiores produtores. Veja na tabela 1.
Tabela 1.
Produção dos últimos cinco anos e expectativa de produção em 2022 nos dez maiores produtores globais de carne de aves, em milhões de toneladas.
*expectativa em novembro/22
Fonte: USDA / Elaborado pela Scot Consultoria
Causador da influenza tipo A, o vírus apresenta, em sua superfície, a hemaglutinina – que possui 16 variantes e é responsável pela aderência do vírus à célula – e a neuraminidase – que possui 9 variantes e é responsável pela penetração e replicação do vírus na célula. Tais características dão origem ao nome da variante. Os subtipos iniciados em H5 e H7 são os responsáveis pela gripe aviária.
O vírus começa a infecção na faringe e/ou epitélio nasal do animal e, através das mucosas do sistema respiratório, se espalha para outras regiões do organismo.
Os sinais clínicos podem variar de acordo com a patogenicidade da doença, mas os mais comuns são: dificuldade para respirar, inflamação dos sacos aéreos, diarreia e má formação dos ovos.
Nos casos mais graves, de patogenicidade alta, também podem ser notados penas arrepiadas, lesões hemorrágicas, paralisia e praticamente todos os casos resultam em morte das aves infectadas.
O Brasil é o segundo produtor mundial de carne de frango, e o primeiro exportador, uma vez que os Estados Unidos, maior produtor, consome grande parte do que produz.
Tabela 2.
Principais exportadores, volume exportado nos últimos 5 anos e expectativa para 2022, em milhões de toneladas.
*expectativa em novembro/22
Fonte: USDA / Elaborado pela Scot Consultoria
Com a disseminação da gripe aviária em importantes países produtores e exportadores de carne de frango, o abate de grande número de aves nesses países e a possibilidade de queda das vendas dos países afetados pela gripe - em função do risco sanitário e embargos - o preço da carne de frango no mercado internacional deverá subir.
Para o Brasil, este quadro poderá favorecer a exportação. Até outubro, a exportação foi 3,73 milhões de toneladas, sendo o único entre os grandes produtores que nunca reportou um caso da doença.
Segundo o Instituto Agropecuário Colombiano (ICA), foram detectados dois focos de gripe aviária do tipo H5N1 no município de Acandi, próximo à divisa com o Panamá, em aves silvestres. Na região não existem granjas comerciais e a produção de aves é para subsistência.
Como os casos reportados pelo Panamá estão bem ao norte, distante do território brasileiro, as chances do vírus chegar às terras brasileiras são remotas. Mas o monitoramento deve ser realizado, uma vez que o Brasil é rota de migração de algumas espécies de aves migratórias, principal meio de transmissão do vírus em longas distâncias.
Em setembro de 1994, foi criado o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e desde então ocorre a adição de instruções normativas. O avanço dos processos sanitários foi importante fator para o Brasil ser o maior exportador mundial. Isso precisa ser mantido.
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