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A Indonésia é o maior país islâmico do mundo. Ocupa uma área de aproximadamente 1.905.000 km².
A economia indonésia é marcada pela agricultura de pequena escala, comércio, indústria manufatureira e exploração de recursos minerais, como o petróleo e o gás natural.
Apesar de ser a terceira produtora de alimentos da Ásia, depois da China e da Índia, são grandes importadores de produtos básicos como trigo, soja, açúcar e carne bovina.
O país se destaca na produção de óleo de palma, borracha, cacau e café. Quanto à pecuária de corte, ela se fundamenta em pequenos produtores, de mão de obra familiar, pouco tecnificada e com um controle sanitário deficiente.
O setor agrícola é fortemente regulamentado pelo Estado, sendo o governo responsável por controlar as importações e exportações dessas commodities, além da aplicação de políticas de controle de preços. As restrições governamentais dos últimos anos, tanto para importação de grãos quanto para a de proteína animal, dificultaram investimentos nesses setores.
A pauta da segurança alimentar tem sido preocupação para o governo, que trabalha com políticas públicas que visam a autossuficiência em produção de alimentos. No entanto, a produção agrícola é de subsistência e com baixa tecnologia, limitada também devido à infraestrutura escassa.
O país tem sentido os efeitos do crescimento da população e da urbanização. Essa mudança no perfil repercute no aumento da demanda por alimentos com maior valor agregado, como a carne bovina e produtos lácteos.
Políticas instáveis em relação à pecuária têm prejudicado os investimentos e o crescimento do setor no país.
O consumo médio de carne bovina per capita é um dos mais baixos da Ásia. Cada indonésio consome, em média, 2,4 quilos de carne por ano, 3,6 quilos abaixo do consumo per capita mundial médio, que é de 6 quilos. A título de comparação, mesmo atingindo os menores patamares históricos em 2022, o consumo brasileiro atualmente é de aproximadamente 25 quilos por habitante/ano (FAO e OCDE).
Quanto à cotação, segundo a Global Product Prices, o custo médio do quilo de carne bovina na Indonésia é de US$22,41 (dezembro de 2022).
Com a tendência de ocidentalização da dieta oriental, assim como em outros países asiáticos, como a China, a procura pela carne bovina tende a aumentar. O maior desafio está no poder de compra do mercado consumidor frente aos preços da carne bovina. Será a renda interna que ditará a demanda.
A política de autossuficiência do governo indonésio aparentemente é inatingível quanto à produção de carne bovina. A produção doméstica não é capaz de atender a demanda interna, cujo déficit se pretende suprir com importações de gado e de carne bovina. Atualmente o principal fornecedor desses produtos é a vizinha Austrália.
Frente à dificuldade de abastecimento, as cotas de importação foram flexibilizadas o que favoreceu a carne brasileira. Recentemente mais onze plantas frigoríficas foram habilitadas a exportar para a Indonésia. Em 2019, unidades do JBS, Marfrig e Minerva haviam sido contempladas com esse benefício.
A Indonésia autorizou a exportação de carne bovina de mais 11 frigoríficos.
Os frigoríficos habilitados são:
1. Marfrig (Promissão - SP)
2. Marfrig (Chupinguaia - RO)
3. Marfrig (Tangará da Serra - MT)
4. Minerva (Janaúba - MG)
5. Barra Mansa (Sertãozinho - SP)
6. Vale Grande (Matupá - MT)
7. Frigol (Água Azul do Norte - PA)
8. Mercúrio (Xinguara - PA)
9. Frigon (Jaru - RO)
10. Maxi Beef (Carlos Chagas - MG)
11. Astra (Cruzeiro do Oeste - PR)
No ano passado, o Brasil exportou 20,5 mil toneladas de carne bovina para a Indonésia à um preço médio anual de US$5,38 mil por tonelada, faturando cerca de US$110,1 milhões. Esse resultado significa menos de 1% do faturamento total com a exportação de carne bovina in natura.
A Indonésia é praticamente autossuficiente na produção de arroz e na de carnes de aves e suína (Embrapa).
No entanto, as limitações estruturais e produtivas inviabilizam a autossuficiência da produção de carne bovina.
Com a demanda interna por produtos como carnes e lácteos aumentando, as oportunidades para o Brasil são positivas. No entanto, apesar de bem-vindas, as novas habilitações não devem alterar o cenário de compras e nem interferir nos atuais preços da arroba do boi gordo.
Considerando um 2023 com boa oferta de bovinos destinados ao abate, o fortalecimento desses laços comerciais para o escoamento da produção é uma boa notícia.
Referências bibliográficas
Exportações para Indonésia são bem-vindas, mas não devem mudar cenário de compras e nem mexer com preços da arroba no mercado do boi. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br/videos/boi/338890-exportacoes-para-indonesia-sao-bem-vindas-mas-nao-devem-mudar-cenario-de-compras-e-nem-mexer-com-precos-da-arroba-no-mercado-do-boi.html>. Acesso em: 19 jan. 2023.
LORENZON, G. Após euforia com Indonésia, MRFG3 (Marfrig) e BEEF3 (Minerva) devolvem ganhos; boi futuro idem. Disponível em: <https://www.moneytimes.com.br/apos-euforia-com-indonesia-mrfg3-marfrig-e-beef3-minerva-devolvem-ganhos-boi-futuro-idem/>. Acesso em: 19 jan. 2023.
Onze frigoríficos do Brasil recebem aval para exportar carne bovina à Indonésia. Disponível em: <https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2023/01/17/onze-frigorificos-do-brasil-recebem-aval-para-exportar-carne-bovina-a-indonesia.ghtml>. Acesso em: 19 jan. 2023.
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SEIXAS, M.; CONTINI, E. SÉRIE DIÁLOGOS ESTRATÉGICOS -(NT13) INDONÉSIA: SETOR DO AGRONEGÓCIO. Disponível em: <https://www.embrapa.br/documents/10180/26187851/Indon%C3%A9sia-+Setor+do+Agroneg%C3%B3cio+-+Borracha+Natural+-+Gr%C3%A3os+e+Carnes/028025e3-383f-b7c3-046b-0609d9a97902?download=true>. Acesso em: 19 jan. 2023.
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