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Scot Consultoria

Carta Leite - Produção e captação de leite não são sinônimos


Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023 - 14h00

Foto: Shutterstock


É notório que a produção de leite em 2022 cairia, tal e qual aconteceu em 2021. A projeção do tamanho dessa queda foi antecipada na Carta Leite nº 245.

Em 10 de fevereiro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados preliminares da captação de leite cru pelas indústrias.

Registramos dois anos consecutivos de queda na captação. Em relação a 2021, a captação foi 1,37 bilhão de litros menor e, quando comparada a 2020, 1,89 bilhão de litros menor (tabela 1).

Tabela 1.
Volume de leite captado, em mil litros, ano a ano.

Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria

Produção, captação e informalidade

Temos dois dados oficiais: produção e captação. Eles diferem devido à informalidade existente.

Apesar da informalidade, produção e captação têm o mesmo comportamento ao longo de uma série histórica.

Enquanto o volume produzido aumentou 80,8% de 1997 a 2022, a captação aumentou 122,3% (figura 1).

Figura 1.
Produção e captação anual de leite, de 1997 a 2022, em bilhões de litros.

*projeção da produção
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria

Mas o que é a informalidade?

A informalidade consiste no leite cru que não é captado pelo laticínio, que não é inspecionado em nível federal, estadual ou municipal.

Esse leite não passa por controle sanitário, ou tributário.

O comércio é feito “de porta em porta”, em varejos de pequeno porte em pequenas cidades.

Mas o mercado informal está retrocedendo. De 1997 até 2022, estima-se que a taxa de informalidade tenha caído 30,7%.

Tal taxa é calculada estimando-se a participação do volume de leite informal na produção total brasileira.

Entretanto, o volume de leite informal aumentou, seguindo a toada da produção formal, que também cresceu.

O volume informal está estimado em 10,18 bilhões de litros (2021), com projeção de 10,0 bilhões de litros para 2022.

A taxa de informalidade está estimada em 28,8%, com expectativa de leve aumento em 2022, subindo para 29,6%.

Figura 2.
Taxa de informalidade (%) e volume de leite informal, em bilhões de litros, ano a ano.

*projeção
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria

O peso da informalidade

O mercado informal diminui arrecadação de impostos, diminuindo o retorno desses impostos arrecadados em infraestrutura, saúde e educação do país.

Fora do âmbito político-econômico, a preocupação reside na qualidade microbiológica dos produtos comercializados.

O leite deve passar por processo sanitário ideal, de dentro até o fora da porteira.

Dentro da fazenda, a rastreabilidade dos protocolos sanitários é de difícil acompanhamento, quando na informalidade. Entretanto, nem todo produtor de leite informal deixa de fazer tais procedimentos, porém a preocupação é quanto ao controle de qualidade do produto, como manda a Instrução Normativa (IN) 77.

Além do mais, na formalidade, protocolos de pasteurização são obedecidos, assim como testes como crioscopia, identificação de resíduos de antibióticos e análises de CCS e CBT, como consta na IN 76.

Referências bibliográficas

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


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