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Estudantes da Universidade de Cambridge votaram em apoio à transição dos cardápios das cantinas e cafés, para totalmente veganos.
A votação foi realizada com o intuito de remover produtos de origem animal dos serviços de cafés presentes no campus.
Entretanto, a votação não garante que os cafés presentes na Universidade serão, realmente, 100% veganos. Isso também não significa que essa situação seja aplicada aos 31 campi da Universidade, embora a campanha tenha dito que esta seja “uma forte demanda para que os campi comecem a transição para menus sem produtos de origem animal”.
O grupo, que reivindica essa mudança, diz que esse pleito é uma resposta às “crises climáticas e de biodiversidades”. Eles obtiveram 72% de votos a favor da alteração dos menus, o que ocorreu após um processo de quatro semanas de consultas e após uma pressão da campanha “Cambridge’s Plant-Based Universities”, que é apoiada pelo Animal Rebellion.
William Smith, 24 anos, representante da campanha Plant-Based da Universidade, diz que: “É importante que os estudantes da Universidade de Cambridge tenham conseguido realizar esta votação e trabalhar junto da instituição para implementar um sistema justo e sustentável sem produtos de origem animal nos serviços de alimentação.”
“Ao remover produtos de origem animal dos cardápios, a universidade pode reduzir significantemente seu impacto ambiental e mostrar ao mundo que está comprometida com a sustentabilidade.”
“Os serviços de alimentação da universidade têm dado passos importantes nesse âmbito, tendo removido carnes bovina e de cordeiro de todos os cardápios, a partir de 2016. Nós esperamos poder trabalhar lado a lado nos próximos passos para essa mudança.”
A campanha "À base de plantas”, da Universidade, é uma iniciativa nacional de estudantes que estão incentivando as instituições de ensino e outros estudantes a adotarem uma alimentação livre de produtos de origem animal e possui filiais em mais de 40 universidades.
Um porta-voz da Universidade de Cambridge disse: “A Universidade de Cambridge já removeu dos cafés e cantinas as carnes advindas de ruminantes e possui uma política de sustentabilidade que contribui para a promoção de hábitos de alimentação plant-based, removendo também, peixes de origem não sustentável do cardápio e reduzindo o desperdício de alimentos. Nós estamos sempre abertos para sugestões de alunos e funcionários.”
“Plant-based Universities Cambridge”, do português “Universidade de Cambridge à base de plantas”, é uma campanha liderada por estudantes da universidade que tem a intenção de contribuir para a diminuição da crise climática ao adotar uma alimentação plant-based, ou seja, livre de produtos de origem animal.
Segundo a campanha, a transição para um sistema que não consome produtos de origem animal é capaz de reduzir em 61% a emissão de gases de efeito estufa, nos maiores países produtores agropecuários, e de liberar 76% de toda as áreas agricultáveis para renaturalizá-las.
O Animal Rebellion é um movimento parceiro ao “Plant-based Universities”, que promove campanhas e manifestações contra a produção animal.
O movimento a favor de hábitos de consumo sem produtos de origem animal vem crescendo, principalmente, em países desenvolvidos. Isso se deve ao potencial de emissão de gases de efeito estufa das produções agropecuárias e, também, aos casos de maus tratos aos animais. Porém, apesar de os estudantes da Universidade de Cambridge decidirem pelo banimento desse tipo de alimento, o setor agropecuário não é, comparativamente, o maior responsável pela geração de resíduos e emissão de gases de efeito estufa (GEE).
É notável, nos últimos anos, a quantidade de ações desenvolvidas com o fim de equilibrar a emissão com o sequestro de poluentes tornando as produções mais que sustentáveis. Afinal, a pecuária e a agricultura são responsáveis por alimentarem as pessoas e os animais domésticos do planeta, fato que não pode e não deve ser desprezado. A crise alimentar é uma realidade presente apesar da eficiência da produção e, enquanto pessoas em regiões desenvolvidas do planeta têm agido contra o consumo de alimentos de origem animal, em regiões em desenvolvimento como a Ásia, América Latina e África, o que se busca é ter alimentos, de qualquer origem.
Dentre as ações adotadas para um sistema agropecuário sustentável, há o Bem-Estar Animal (BEA), que prioriza os cuidados com animais nos sistemas de produção; os programas para a produção de baixo carbono, que incentivam a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) para diminuir os impactos ambientais e manter a produtividade e a produção dos biocombustíveis como o bioetanol, biodiesel e biogás, que são substitutos dos combustíveis de origem fóssil, esses sim, poluentes.
É possível conciliar uma produção sustentável em nível mundial, sem afetar a produção de alimentos de qualquer origem. Fariam melhor os estudantes universitários ingleses se conhecessem o terceiro mundo e as pessoas que neles habitam.
Bibliografia consultada
Cambridge University students vote for completely vegan menus. The Guardian, 21 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://www.theguardian.com/education/2023/feb/21/cambridge-university-students-vote-for-completely-vegan-menus?utm_term=Autofeed&CMP=twt_gu&utm_medium&utm_source=Twitter#Echobox=1677008217. Acesso em 27 de fev. 2023.
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