Foto: Bela Magrela
O aumento nas importações de leite pelo Brasil neste ano vem chamando a atenção de agentes do setor. O grande volume internacionalizado vem sendo apontado como um dos principais motivos de queda nos preços no mercado brasileiro, um movimento incomum neste período do ano.
De janeiro a julho, o volume de leite adquirido de outros países cresceu 158,6% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Os gastos cresceram na mesma proporção e ficaram 158,0% maiores.
Os maiores fornecedores foram, em volume, a Argentina e o Uruguai, com 51,2% e 39,7%, respectivamente. Ou seja, 91,0% do total de lácteos adquirido veio dos nossos vizinhos.
O principal produto comprado foi o leite em pó. O produto correspondeu a 71,2% do total de lácteos adquirido pelo país.
Considerando o leite em pó, o preço médio do produto importado até julho de 2023 foi de US$3,88 por quilo, sendo 3,5% menor na comparação com a média do mesmo período de 2022, cuja cotação estava em US$4,02/kg.
Para uma comparação, o quilo do mesmo produto no mercado doméstico (atacado), de janeiro até julho, ficou cotado, em média, em R$28,46 ou US$5,66, considerando o câmbio médio no período sendo R$5,03 por dólar.
Em resumo, o produto importado custou 45,8% menos que o nacional.
Para os próximos meses, os preços futuros do leite em pó no mercado internacional estão entre US$2.681,00 a US$2.748,00/tonelada, segundo a plataforma Global Dairy Trade (principal balizador de preços de lácteos do mundo).
Tabela 1.
Preços futuros do leite em pó integral nos leilões da Global Dairy Trade.
*cotações do dia 5/9.
Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Se os preços futuros de outubro a dezembro se consolidarem, ficarão, em média, 20,1% menores que igual período de 2022, o que poderá favorecer a importação. Veja a figura 1.
Figura 1.
Preços médios do leite em pó integral, em US$ por tonelada. Linha azul – 2022; Linha laranja – 2023 e Linha verde - projeção.
Fonte: Global Dairy Trade / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Com relação ao câmbio, o dólar em patamar menor também é um fator que serve de incentivo às importações. No último Boletim Focus do Banco Central, de 1 de setembro, a estimativa é de que o valor médio do dólar seja de R$4,98 para 2023.
Em contrapartida, a produção nacional deverá crescer moderadamente nos próximos meses. Os custos com alimentação concentrada menores em relação ao ano passado e o clima mais favorável, contribuem para o cenário de crescimento.
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