Foto: Scot Consultoria
A safra brasileira de grãos em 2022/23 está no final e a expectativa é de produção recorde.
A estimativa é de que sejam produzidas 322,75 milhões de toneladas na safra atual (verão e inverno), desempenho 18,4% maior do que no ciclo anterior.
Com relação à soja, a produção brasileira foi de 154,6 milhões de toneladas no ciclo 2022/23, representando um crescimento de 23,2% em relação à safra 2021/22.
De olho no mercado internacional e seus impactos no mercado brasileiro, o destaque cabe à Argentina, cuja produção na safra 2022/23 foi a pior da sua história. A exportação argentina de farelo e de óleo de soja deverá cair e perder espaço no mercado internacional.
Com a menor produção argentina, e com a boa disponibilidade no Brasil, a produção e exportação brasileira de farelo de soja deverão aumentar (tabela 1) e, consequentemente, o país deverá assumir o posto de maior exportador do coproduto (figura 1).
Figura 1.
Participação, por país, no mercado global de farelo de soja, ano a ano.Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria
Tabela 1.
Comparação entre a produção e exportação de soja e farelo de soja, em milhões de toneladas, pela Argentina, Brasil e Estados Unidos.Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria
No Brasil, da soja produzida, 53,5 milhões de toneladas deverão ser processadas para a produção de óleo e farelo, o que deverá resultar em 41 milhões de toneladas de farelo de soja, das quais, 44,1% deverão ser negociadas no mercado interno (18,1 milhões) e 53,6% serão exportadas (22,0 milhões). O restante está estimado como estoque de passagem.
Além da crise argentina com relação à oferta, outro fator favorável ao mercado brasileiro é que, desde o fim de 2022, a China importa farelo brasileiro.
No primeiro semestre, o volume de soja processada foi de 23,8 milhões de toneladas, queda de 6,2% em relação ao primeiro semestre de 2022 (maior volume processado na história para um primeiro semestre).
A produção deverá crescer 4,6% na safra atual, frente à passada. Com relação à demanda, a projeção para a exportação é de crescimento de 8,1%, frente a 2022. Por outro lado, para o consumo doméstico, a expectativa é de queda de 3,0% (Abiove).
Com o quadro de oferta de soja em grão no mercado internacional pressionado entre 2020/21 e 2021/22, os preços do farelo subiram, acompanhando o aumento nos preços do grão.
Em 2022/23, com uma oferta confortável, os preços caíram. Na segunda quinzena de agosto, segundo levantamento da Scot Consultoria, o farelo em Mato Grosso, ficou cotado, em média, em R$2.098,89/t, sem o frete. Há um ano, a cotação era de R$2.319,93. Queda de 9,5% em doze meses.
Neste ano, com o aumento no abate de fêmeas, a cotação da arroba do boi gordo caiu.
Em Mato Grosso, o preço médio caiu 30,6% em doze meses e, em agosto/23, fechou em R$190,31/@, a prazo e livre de impostos.
Com isso, a relação de troca para o produtor frente ao farelo de soja piorou. No fechamento desta análise eram necessárias 11,0 arrobas para a compra de uma tonelada do insumo, e há um ano, 8,3 arrobas eram necessárias, resultando em uma retração de 31,9% em doze meses.
Figura 2.
Arrobas de boi gordo, por tonelada de farelo de soja, em Mato Grosso.
Fonte: Scot Consultoria
A entressafra da soja e a exportação do farelo de soja deverão manter os preços do farelo em níveis próximos aos atuais (setembro-janeiro).
Atenção, porém, ao câmbio e, justamente, à exportação, que, com um dólar próximo aos R$5,00 pode elevar os preços em reais, pontualmente.
Além disso, a colheita da safra de soja 2023/24 nos Estados Unidos começará em breve. A produção, deverá ser menor (Mercado da soja e expectativas). No hemisfério Sul, a semeadura terá início logo e, caso o clima não colabore com o desenvolvimento das lavouras e perdas em produtividade ocorram, os preços da soja em grão poderão subir e dar sustentação às cotações do farelo.
No mercado do boi gordo, a expectativa, apesar da entressafra de capim no Brasil Central, é de que os preços continuem pressionados.
É claro, a oferta de boiadas poderá cair e pontualmente dar sustentação às cotações, mas, há maior disponibilidade interna de carne bovina no país, e no momento, pouca necessidade dos compradores em pagar mais pelas boiadas.
Pensando no recriador-invernista e na aquisição da reposição, a melhor janela de compra, em 2023, pode ter ficado no radar.
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