A primeira quinzena de outubro foi marcada pela concentração das chuvas na região Sul e em partes do Sudeste do Brasil. Na região Centro-Oeste, em grande parte das áreas as chuvas ficaram dentro e abaixo da média para o período, assim como nas regiões Norte e Nordeste do país (figura 1).
Esse volume de chuvas deve provocar uma melhora na captação de leite no Centro-Sul, assim como foi observado em setembro.
Figura 1.
Precipitação acumulada nos últimos 30 dias (mapa do dia 25/10).
Fonte: INMET
Com a produção leiteira aumentando nas regiões no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para o pagamento que será realizado em outubro, o viés de baixa sobre o preço do leite ao produtor deve continuar. Segundo levantamento realizado pela Scot Consultoria, 79,0% dos laticínios pesquisados indicam queda nos preços no próximo pagamento.
Nas regiões com menor índice pluviométrico e, consequentemente, com menor oferta de pastagens, a tendência é de estabilidade ou quedas comedidas nos preços aos produtores.
Este ano está sendo marcado por uma transição entre fenômenos climáticos, mais especificamente de La Niña para El Niño.
Enquanto o La Niña é caracterizado por um esfriamento abaixo do normal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o El Niño é o contrário, caracterizado por um aquecimento acima do normal na mesma região.
O último ano em que o El Niño ocorreu de forma intensa foi 2016, sendo esse o mais quente de toda a história até o momento.
Os impactos do fenômeno são diferentes em cada região, enquanto na região Sul o El Niño causa um volume de chuvas acima do normal e um aumento da temperatura média, no Nordeste o fenômeno gera uma menor precipitação.
O fenômeno tende a manter o volume de chuvas dentro do esperado no Sudeste e Centro-Oeste, onde também há possibilidade de aumento da temperatura média.
Considerando a previsão de anomalia de precipitação para novembro, há indicação de umidade acima do normal em regiões do noroeste do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina, Paraná, centro-sul do Mato Grosso do Sul e alguns pontos dos estados da região Sudeste.
Para as demais regiões do país, a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal (figura 2).
Figura 2.
Previsão de anomalias (desvios) de precipitação no Brasil para novembro (mapa com atualização em outubro/23).
Fonte: INMET
A previsão climática para novembro/23, dezembro/23 e janeiro/24 indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o leste, centro e faixa norte do Brasil, com maiores probabilidades sobre alguns pontos dos estados de AM, PA, MA, PI e BA.
Para a região Sul, grande parte do Mato Grosso do Sul, em São Paulo e sul de Minas Gerais, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima da faixa normal (figura 3). Esta previsão reflete as características típicas de El Niño sobre o Brasil.
Na faixa central do país, o período é de transição e não se descartam episódios de chuva expressiva em algumas localidades durante esse trimestre citado, principalmente na segunda metade deste período. A previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do país.
Figura 3.
Previsão de anomalias (desvios) de precipitação para o trimestre (nov/dez/jan) (mapa com atualização em outubro/23).
Fonte: INMET
A probabilidade de chuvas acima da faixa normal nas principais regiões produtoras de leite deve colaborar ainda mais para o aumento sazonal na produção de leite nos últimos meses do ano.
A previsão, portanto, é de alta na produção nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, os preços ao produtor devem seguir o movimento de baixa, com a amplitude a depender da demanda.
Já na primeira quinzena de outubro, devido ao aumento das chuvas e vendas travadas na ponta final da cadeia, os preços no mercado spot caíram, evidenciando o melhor fornecimento de matéria-prima às indústrias, fato que afrouxou os preços no atacado e varejo.
Para os próximos meses, historicamente, o escoamento na ponta final da cadeia diminui, principalmente de leite fluido, devido às festas de fim de ano e férias escolares. Esses fatores e o aumento da produção na maior parte do país, levam à tendência de queda nos preços.
No entanto, a entrada de capital no mercado, com as contratações temporárias e recebimento do décimo terceiro salário, pode colaborar para a venda de produtos lácteos de maior valor agregado, como os queijos, contrabalanceando o quadro.
Referências:
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia
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