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Scot Consultoria

Carta Leite - El Niño e o mercado de leite no final de 2023


Segunda-feira, 30 de outubro de 2023 - 06h00


A primeira quinzena de outubro foi marcada pela concentração das chuvas na região Sul e em partes do Sudeste do Brasil. Na região Centro-Oeste, em grande parte das áreas as chuvas ficaram dentro e abaixo da média para o período, assim como nas regiões Norte e Nordeste do país (figura 1).

Esse volume de chuvas deve provocar uma melhora na captação de leite no Centro-Sul, assim como foi observado em setembro.

Figura 1.
Precipitação acumulada nos últimos 30 dias (mapa do dia 25/10).

Fonte: INMET

Com a produção leiteira aumentando nas regiões no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para o pagamento que será realizado em outubro, o viés de baixa sobre o preço do leite ao produtor deve continuar. Segundo levantamento realizado pela Scot Consultoria, 79,0% dos laticínios pesquisados indicam queda nos preços no próximo pagamento.

Nas regiões com menor índice pluviométrico e, consequentemente, com menor oferta de pastagens, a tendência é de estabilidade ou quedas comedidas nos preços aos produtores.

Previsão de chuvas para os próximos meses

Este ano está sendo marcado por uma transição entre fenômenos climáticos, mais especificamente de La Niña para El Niño.

Enquanto o La Niña é caracterizado por um esfriamento abaixo do normal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o El Niño é o contrário, caracterizado por um aquecimento acima do normal na mesma região.

O último ano em que o El Niño ocorreu de forma intensa foi 2016, sendo esse o mais quente de toda a história até o momento.

Os impactos do fenômeno são diferentes em cada região, enquanto na região Sul o El Niño causa um volume de chuvas acima do normal e um aumento da temperatura média, no Nordeste o fenômeno gera uma menor precipitação.

O fenômeno tende a manter o volume de chuvas dentro do esperado no Sudeste e Centro-Oeste, onde também há possibilidade de aumento da temperatura média.

Considerando a previsão de anomalia de precipitação para novembro, há indicação de umidade acima do normal em regiões do noroeste do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina, Paraná, centro-sul do Mato Grosso do Sul e alguns pontos dos estados da região Sudeste.

Para as demais regiões do país, a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal (figura 2).

Figura 2.
Previsão de anomalias (desvios) de precipitação no Brasil para novembro (mapa com atualização em outubro/23).


Fonte: INMET

A previsão climática para novembro/23, dezembro/23 e janeiro/24 indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o leste, centro e faixa norte do Brasil, com maiores probabilidades sobre alguns pontos dos estados de AM, PA, MA, PI e BA.

Para a região Sul, grande parte do Mato Grosso do Sul, em São Paulo e sul de Minas Gerais, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima da faixa normal (figura 3). Esta previsão reflete as características típicas de El Niño sobre o Brasil.

Na faixa central do país, o período é de transição e não se descartam episódios de chuva expressiva em algumas localidades durante esse trimestre citado, principalmente na segunda metade deste período. A previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do país.

Figura 3.
Previsão de anomalias (desvios) de precipitação para o trimestre (nov/dez/jan) (mapa com atualização em outubro/23).


Fonte: INMET

Oferta e demanda

A probabilidade de chuvas acima da faixa normal nas principais regiões produtoras de leite deve colaborar ainda mais para o aumento sazonal na produção de leite nos últimos meses do ano.

A previsão, portanto, é de alta na produção nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, os preços ao produtor devem seguir o movimento de baixa, com a amplitude a depender da demanda.

Já na primeira quinzena de outubro, devido ao aumento das chuvas e vendas travadas na ponta final da cadeia, os preços no mercado spot caíram, evidenciando o melhor fornecimento de matéria-prima às indústrias, fato que afrouxou os preços no atacado e varejo.

Para os próximos meses, historicamente, o escoamento na ponta final da cadeia diminui, principalmente de leite fluido, devido às festas de fim de ano e férias escolares. Esses fatores e o aumento da produção na maior parte do país, levam à tendência de queda nos preços.

No entanto, a entrada de capital no mercado, com as contratações temporárias e recebimento do décimo terceiro salário, pode colaborar para a venda de produtos lácteos de maior valor agregado, como os queijos, contrabalanceando o quadro.

Referências:

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia


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