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Scot Consultoria

Carta Insumos - Produção e importância de nitrogenados no Brasil


Quinta-feira, 2 de maio de 2024 - 06h00


Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia. A guerra que, parecia ser um conflito de menor porte, se estende até o momento. 

Com relação a produção agropecuária brasileira, o maior impacto foi a elevação dos preços dos fertilizantes importados, inclusive os nitrogenados.

Produção brasileira

Recentemente foi noticiado a reabertura da fábrica de fertilizantes nitrogenados do Paraná, a Fafen-PR.

As medidas de revitalização e retomada das operações da fábrica deverá demorar. A fábrica está fechada desde 2020.

A capacidade de produção é de 720 mil toneladas/ano de ureia e 475 mil toneladas/ano de amônia. 

Também, a conclusão das obras da Fafen-MS (localizada em Três Lagoas), pode impulsionar esses números, com 1,3 milhão de toneladas de ureia e de 0,8 milhão de toneladas de amônia.

Mas o que isso representa para a produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil?

Em 2023 foram entregues 45,83 milhões de toneladas de NPK em todo o Brasil, enquanto a produção nacional foi de 6,76 milhões de toneladas, enquanto a importação de 39,44 milhões de toneladas (a diferença se dá para aqueles que não foram contabilizados na entrega, aproximadamente 380 mil toneladas).

Ou seja, apenas 14,75% do NPK é de fabricação nacional. 

A retomada da operação das duas fábricas seria uma liberação de 2 milhões de toneladas de ureia e 1,3 milhão de toneladas de amônia. Um aumento de 3,3 milhões de toneladas de fertilizante dentro dos 6,76 milhões produzidos em 2023. Ou seja, incremento de 48,8% na capacidade produtiva de fertilizantes.

Desde a década de 70, o Brasil não observava grandes investimentos na cadeia produtiva de fertilizantes. 

Com a demanda atual próxima de 7 milhões de toneladas de ureia, a revitalização das fábricas traria uma redução da demanda de exportação na faixa de 28,5% do nitrogenado.

Figura 1. Projeção da demanda de ureia e potencial de expansão de capacidade.

Fonte: EPE

Necessidade de importação

A alta dos preços médios em 2022 foi de 55,3% com relação a média dos preços em 2021. Já em 2024, a cotação caiu, retomando patamares de 2014, com uma queda de 44,65%, em média US$268,24.

Figura 2. Preço médio da tonelada de fertilizante nitrogenado importado.

Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Já para o mercado interno, o preço dos fertilizantes nitrogenados, aqui referenciado pela Ureia, também caminhou da mesma forma.

O preço máximo, em média mensal, foi pago em abril/22 (R$5.742,12/tonelada). Este preço é praticamente o dobro do preço vigente atualmente e o triplo do preço vigente em julho/2020.

Figura 3. Preços pagos pela tonelada de Ureia.

Fonte: Scot Consultoria

As incertezas do período, levaram a mudanças de frete FOB para CIF (alteração de risco de quem compra para quem vende), alta da cotação do dólar, variações dos preços das commodities matrizes (como petróleo e combustíveis), o que trouxe toda a alta.

Pensando no custo por tonelada de N, ou seja, do nitrogênio dentro de cada um dos fertilizantes nitrogenados (ureia, sulfato de amônio, nitrato de amônio).

O interessante a se observar é a mudança da Ureia em relação ao Nitrato de Amônio, em meados de julho/23 passou a ter um custo mais elevado por tonelada de N. Essa movimentação ocorreu devido aos leilões indianos para compra da Ureia, que elevou os preços mundiais do produto.

Figura 4. Preços pagos por tonelada de N, para Ureia, Sulfato de amônio e Nitrato de amônio.

Fonte: Scot Consultoria

O momento é de estabilidade para o preço de cada um dos fertilizantes. Porém, novos conflitos começam a espremer o horizonte e podem movimentar o mundo quanto aos preços, novamente.

A cada conflito, o custo de produção sobe, e com ele o preço dos alimentos.

O olhar atento para a produção nacional, e fortalecimento da cadeia, deveria ser uma política de estado, de segurança nacional.


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