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Scot Consultoria

Carta Leite - No balanço do produtor de leite, margem está melhorando em 2024


Quinta-feira, 16 de maio de 2024 - 06h00


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.

Neste ano, até o primeiro quadrimestre, o resultado tem se mostrado um pouco mais favorável ao produtor de leite.

Desde dezembro de 2023 até o pagamento realizado em abril, o preço pago ao produtor subiu 10,5%.

Esse aumento é explicado pela menor oferta de leite, em decorrência do clima adverso e das menores margens da atividade no final do ano passado, que implicaram na queda de investimento na atividade. Este quadro provocou uma disputa entre os laticínios para garantir o abastecimento de produtos, elevando as cotações.

O Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria caiu 8,4% desde o pico de produção, que ocorreu em meados de dezembro, considerando a média nacional.

Além disso, com o avanço da colheita da safra de verão, a manutenção de perspectivas favoráveis à oferta de segunda safra no Brasil, com o bom quadro de desenvolvimento na maioria das praças produtoras e um desenvolvimento da semeadura norte-americana dentro do esperado, as cotações do milho caíram.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas, em São Paulo, a saca de 60 quilos fechou abril cotada, em média, em R$59,90, sem o frete.

Em relação a março, a queda foi de 3,9%. Na comparação com abril do ano passado, a cotação do milho está 22,6% menor este ano.

Para o farelo de soja, o preço também está pressionado devido a maior disponibilidade, com a colheita da soja na reta final no país.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, em abril, a tonelada do farelo de soja ficou cotada, em média, em R$1.913,96, sem o frete.

A queda foi de 6,4% na comparação feita mês a mês. Na comparação com abril do ano passado, o farelo está custando 21,0% menos este ano.

Com a queda nos custos de produção e aumento na receita do produtor, a margem, dada pela diferença entre o preço do leite e o Indicador da Scot Consultoria de Custo de Produção, está favorável para o produtor de leite este ano.

Em abril, na comparação mensal, a margem do produtor aumentou 9,9 pontos percentuais. Esta melhora vem ocorrendo desde o começo do ano, veja a figura 1.

Figura 1.
Preço do leite ao produtor versus custos de produção da pecuária leiteira, base 100= janeiro de 2016.

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Considerações finais

A queda nas cotações dos principais componentes da dieta, somada às altas dos preços do leite ao produtor são fatores positivos para a atividade leiteira este ano.

Com isso, espera-se um cenário melhor para o produtor, mas ainda sem grandes investimentos na atividade. 

Apesar da expectativa de um mercado firme para o próximo pagamento, em função da continuidade da menor captação, os laticínios têm encontrado dificuldades em repassar o aumento da matéria-prima para os preços dos lácteos, o que pode limitar as altas. 

Além disso, as importações continuam sendo uma pauta importante na cadeia leiteira (assunto abordado na edição de janeiro – acesse).

Outro ponto de atenção é com relação a catástrofe que vem assolando o Rio Grande do Sul. O estado é uma importante bacia leiteira e as recentes chuvas devem afetar a cadeia leiteira.

Abaixo alguns pontos que devem afetar a produção:

• Os alagamentos no RS devem comprometer as pastagens e dificultar o manejo dos animais;

• Os danos às estradas e pontes dificultam o transporte/captação de leite e a entrega de ração e combustíveis;

• Para as indústrias/laticínios e cooperativas do segmento existe a dificuldade para mobilidade de mercadorias para abastecimento e para recebimento de embalagens e afins;

• A falta de energia elétrica afeta a produção do campo até o consumidor;

• Danos às lavouras devem provocar um aumento nos custos de produção.

Ainda não há um levantamento da dimensão do impacto, mas certamente a cadeia leiteira sofrerá.

Para o mercado, sazonalmente a produção de leite no Rio Grande do Sul, sem a catástrofe a que assistimos, tenderia a crescer a partir de maio, devido a oferta das pastagens de inverno, e os preços cairiam. Além disso, essa janela de produção possibilitaria que os lácteos do Sul abastecessem outros estados, já que no Centro Sul do Brasil este período é marcado pela entressafra.

Porém, com os problemas causados pelas enchentes, os preços podem se comportar de maneira atípica, mas ainda sem uma projeção dessas variações.


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