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Scot Consultoria

Carta Boi - Sinais favoráveis ao mercado do boi?


Quinta-feira, 13 de junho de 2024 - 06h00


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.
 

Do início do ano para cá, considerando os preços médios mensais até maio, a cotação caiu 6,2% em São Paulo, uma das mais baixas da série. Esse movimento, conforme comentamos em outras oportunidades, era esperado.

De modo geral, há boa oferta de bovinos – no primeiro trimestre deste ano registrou-se um volume recorde de abate (figura 1) – e, com o avanço do período seco no Brasil Central, a necessidade de venda de boiadas pelo pecuarista aumentou, o que mantém a expectativa de mercado ainda pressionado no curto prazo.

A pressão baixista, dado a boa oferta de boiadas, poderia ser maior. Mas, a exportação, que tem quebrado recordes mensais e a margem da indústria frigorífica confortável, considerando os preços vigentes no mercado interno, limitaram um mercado mais frouxo.

Figura 1.
Abate de bovinos no Brasil, em milhões de cabeças, por primeiro trimestre e por categoria.

Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria

Que o mercado do boi está frouxo, não é novidade. Mas, destacaremos neste artigo aspectos que podem indicar uma mudança de cenário em um horizonte de médio prazo.

Mercado de reposição mais firme - ou, menos pressionado

O primeiro deles vem do mercado de reposição. A reposição, historicamente, é quem puxa a virada de ciclo.

Sazonalmente há maior oferta de bezerros entre os meses de abril, maio e junho, a chamada "safra de bezerros" – o que, em suma, pressiona as cotações das categorias.

O que, por ora, não aconteceu, com os preços do bezerro de desmama demonstrando certa firmeza (figura 2).

Figura 2.
Fique sabendo: preço do boi gordo e do bezerro de desmama no Brasil.

Fonte: Scot Consultoria

É claro que esse cenário não se aplica a todas as praças, mas já nos dá um indício de que, ou a oferta de bezerros, por ora, está mais cadenciada, ou a demanda mais aquecida - ou, os dois.

Os bezerros que estão no mercado hoje refletem a estação de monta de 2022 – primeiro ano de aumento no descarte de fêmeas no país – ou seja, há menor oferta neste momento, do que há um ano. 

Dinâmica de preços do boi gordo na comparação anual

No mercado do boi gordo, considerando a média em maio e o preço no ano anterior, em São Paulo, já são 19 meses de quedas consecutivas – de outubro de 2022 a maio de 2024 (figura 3).

Figura 3.
Cotação do boi gordo (R$/@), em termos nominais, no eixo da direita, em São Paulo, e variação em doze meses (YoY), no eixo da esquerda.

Fonte: Scot Consultoria 

Considerando este comparativo, entre 2017 e 2018, foram 13 meses de recuos (fevereiro/17 a fevereiro/18). Entre 2011 e 2013, 16 meses de recuos (novembro/11 a fevereiro/13). E, se analisarmos um passado mais distante, entre 2005 e 2006, foram 18 meses (fevereiro/05 a julho/06). 

O movimento atual, considerando o histórico, está mais longo do que o normal. 

Nenhum mercado é feito de períodos simétricos de altas ou baixas. Porém, olhar para o passado permite uma melhor percepção do que pode vir adiante.

A valorização nominal na comparação anual pouco nos diz – principalmente ao considerarmos o que aconteceu entre agosto/23 e setembro/23, onde os preços atingiram as mínimas recentes – mas, essa alteração costuma prolongar-se por períodos mais longos (barras azuis na figura 3). 

Se considerarmos que, segundo levantamento da Scot Consultoria, em dezembro/23, o preço médio do boi gordo na praça paulista ficou em R$239,60/@, uma inversão do movimento anual de preços (YoY) nos indicaria, para o período entre dezembro/24 e janeiro/25, um preço acima dessa referência – sinal verde adiante.

No mercado futuro (B3), os contratos com referência para dezembro, em 6 de junho de 2024, indicavam R$245,60/@.

Analisamos aqui alguns fatores conjunturais que podem significar uma virada de fase e que o pecuarista deve acompanhar. Há outros no radar. Mas, de todo modo, vamos esperar para ver.


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