Carta Conjuntura - Largura de corredores em sistemas de pastejo rotacionado

1. Introdução

Existe um grande interesse na intensificação do manejo de pastagens, devido à necessidade de aumentar a produção. Essa intensificação vem do aumento da produtividade, que, por sua vez, advém do uso racional dos recursos naturais, especialmente da terra, e, consequentemente, na ampliação da escala de produção. Os produtores buscam maior eficiência e a redução dos custos, optando por técnicas que sejam acessíveis. Nesse contexto, o manejo intensivo de pastagens se destaca como uma alternativa para o uso eficiente da terra, pois permite a produção de grandes quantidades de forragem por área, com bom valor nutricional. 

Os ganhos advindos da intensificação são grandes. O sistema intensivo pode aumentar o lucro da produção em até 36% para propriedades de até 300 ha e até 19% para fazendas com 4 mil ha (LATAWIEC et al., 2015).

Esses números exibem os benefícios da intensificação. Um exemplo de intensificação de pastagens é o pastejo rotacionado. Esses sistemas contam, para manejos dos bovinos, com corredores, currais, sala de ordenha e praças para descanso. 

O dimensionamento dos corredores é importante. Se for estreito, os bovinos sofrerão com estresses desnecessários, como choques nas cercas e “empaçocamento”. Também não podem ser muito largos, pois dificultaria a condução dos animais e perderiam o sentido de existir. 

2. O que diz a pesquisa

A largura dos corredores em sistemas de pastejo rotacionado é uma informação escassa na literatura científica, sendo encontrada na literatura técnica, embora de forma limitada. Dessa forma, não existem regras nem fórmulas que nos digam a largura. No entanto, é possível observar fatores que balizam a definição de quão largo os corredores devem ser.

De forma geral, vários textos sugerem a elasticidade na largura dos corredores de acordo com o tamanho do rebanho, corredores estreitos para rebanhos menores e corredores largos para rebanhos maiores (OLIVEIRA, 2006; CAMARGO e NOVO, 2009; PEREIRA e HERLING, 2020; ALCÂNTARA, 2020).

Além disso, outros fatores influenciam na definição da largura de corredores, como a declividade (OLIVEIRA, 2006). Áreas declivosas apresentam maior escoamento de água, resulta em menor formação de barro e, dessa forma, requere um corredor menos largo. O barro torna mais difícil a movimentação dos bovinos, gera problemas de casco e ocasiona problema de mastite em vacas leiteiras, o que causa a queda na qualidade do leite (PEREIRA e HERLING, 2020). Uma solução para esse problema é o alargamento dos corredores e que o nível dos corredores esteja um pouco acima do que a dos piquetes (PEREIRA e HERLING, 2020).

Em vista disso, a recomendação de largura dos corredores pela literatura varia. Alguns autores argumentam que a largura deve ser entre 3 e 6 metros para rebanhos com até 50 cabeças e de 8 metros para rebanhos maiores (OLIVEIRA, 2006; PEREIRA e HERLING, 2020). É relatado uma largura mínima de 6 metros para lotes menores, e para lotes com 300 a 400 cabeças larguras maiores (ALCÂNTARA, 2020). Os corredores devem ter de 4 a 10 metros (CAMARGO e NOVO, 2009). Outro autor menciona que os corredores devem ser largos e terem no mínimo de 10 a 15 metros (ANDRADE, 2008).  

Em um estudo sobre a construção de confinamentos, a autora expõe a largura de corredores em 3 fazendas. Na fazenda A, os corredores possuíam largura de 11,5m, na fazenda B os corredores centrais tinham 23,30m e os laterais 6,60, na fazenda C o corredor possuía 15,4m. O rebanho da fazenda A era de 600 animais, o da fazenda B 1680, e o da fazenda C era de 1430 animais (GUIMARÃES, 2005). 

3. Discussão e conclusão

Os dados apresentados na literatura sobre as dimensões dos corredores variam substancialmente, com recomendações que oscilam entre 3 e 15 metros, dependendo das condições específicas de cada propriedade. A análise do exemplo prático, embora seja de um confinamento, sugere que a largura dos corredores tende a ser proporcional ao tamanho do rebanho, com as fazendas que abrigam maiores quantidades de animais (como as fazendas B e C) apresentando corredores mais largos (GUIMARÃES, 2005).

Infere-se, portanto, que a largura ideal dos corredores não segue uma fórmula única, mas deve ser determinada por fatores como o tamanho do rebanho e declividade do terreno. No entanto, é possível sugerir a largura de 10 metros como base para a maioria dos casos, uma “largura média”. 

Referências bibliográficas

ALCÂNTARA, P.H.R. de. Agrotins 2020 - Palestra Dimensionamento da estrutura de módulos para pastejo rotacionado intensivo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bnOOi6_Dgho. Acesso em: 30 out. 2024.

ANDRADE, C.M.S. de. Tecnologia para aumentar a produtividade de leite e a longevidade das pastagens. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107181/1/pastejo-mauricio.pdf. Acesso em: 30 out. 2024.

CAMARGO, A.C. de; NOVO, A.L.M. Manejo Intensivo de Pastagens. Disponível em: http://www.cooperideal.com.br/arquivos/mip.pdf. Acesso em: 30 out. 2024.

GUIMARÃES, M.C. de C. Metodologia para análise de projeto de sistemas intensivos de terminação de bovinos de corte. 2005. 123 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2005. Disponível em: https://locus.ufv.br/server/api/core/bitstreams/e5268d72-3b33-472d-afa8-fc09cddcabfa/content. Acesso em: 30 out. 2024.

OLIVEIRA, P.P.A. Dimensionamento de piquetes para bovinos leiteiros, em sistemas de pastejo rotacionado. São Carlos: Embrapa, 2006. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPPSE/16797/1/Comunicado-Tecnico-65.pdf. Acesso em: 30 out. 2024.

PEREIRA, L.E.T.; HERLING, V.R. Dimensionamento de piquetes e estimativa de taxas de lotação. Pirassununga: Fzea, 2020. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/8384996/mod_resource/content/1/Dimensionamento%20e%20estimativa%20TL_junho20.pdf. Acesso em: 30 out. 2024.