Fonte: Shutterstock
A primeira Carta Leite do ano, quase sempre traz como tema o resultado do ano anterior, visto que a Scot Consultoria calcula anualmente as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital.
Para este cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico.
Neste sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos.
No caso da pecuária leiteira com alta tecnologia (25 mil litros/hectare/ano) houve melhora na rentabilidade em relação ao ano anterior, passando de 5,96% em 2023 para 6,04% em 2024.
Para os sistemas com produtividade média com 4,5 mil litros por hectare por ano (baixa tecnologia) a rentabilidade, apesar de negativa, -8,86%, esteve menos pressionada que há um ano (-13,87%).
Para a pecuária leiteira com baixa tecnologia, 2024 foi o décimo terceiro ano consecutivo de rentabilidade negativa. Produtores menores tendem a receber menos por produzirem em menor escala e apresentarem custos mais elevados, quando comparados a grandes produtores, fato que contribui com a saída de produtores da atividade nos últimos anos.
Veja na figura 1.
Figura 1.
Evolução das rentabilidades médias da atividade leiteria de alta e baixa tecnologia, em porcentagem.
Fonte: BC / FGV / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
A melhora na remuneração do leite e custos de produção com pouca oscilação durante o ano, favoreceu a margem do produtor.
Para uma comparação, a média em 2024 da diferença entre o preço do leite pago ao produtor e o custo de produção da atividade foi 2,8% maior frente a média em 2023.
Com um cenário mais favorável em 2024, é possível que a produção cresça de forma mais robusta em 2025. O quadro climático também deve ajudar.
A demanda traz incertezas devido à conjuntura econômica que acomete o país e, a depender de como o poder de compra da população se comportar, poderá pesar.
Os preços do leite no mercado internacional em alta e, com o dólar valorizado, o produto no mercado externo tende a ficar mais caro - menos competitivo frente ao mercado brasileiro -, o que deve diminuir a pressão da importação observada nos últimos anos. Cabe lembrar, que o aumento expressivo das importações levou o segmento a pedir a abertura de investigação sobre a possível prática de dumping por parte da Argentina e Uruguai. O governo brasileiro atendeu à solicitação no início de dezembro.
Atenção, porém, aos custos, com destaque ao da suplementação do rebanho, uma vez que o dólar elevado tende a aumentar os custos com os principais insumos da atividade – combustíveis, suplementos minerais e a ração.
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