Carta Grãos e Agricultura - Milho: 2025 deverá ser de preços firmes

A Conab apresentou, em janeiro e fevereiro, os primeiros levantamentos da safra 2025. Os relatórios trouxeram ajustes importantes para o mercado de milho.

A autarquia revisou os estoques da safra 2023/24 e, também, reduziu em janeiro a estimativa de produção para a safra de verão em 2024/25, em função do quadro climático no Cone Sul da América do Sul.

Com os ajustes no ano safra 2023/24 apresentados, a demanda total no ciclo passado aumentou e a produção foi mantida, em relação às estimativas anteriores.

Com isso, os estoques, que abastecem o mercado interno até o início da colheita da safra de verão do ciclo 2024/25, foram estimados em seu menor nível na história - 2,1 milhões de toneladas.

Para o ciclo 2024/25, a Conab estima recuperação na produção e, consequentemente, no estoque final neste ciclo (tabela 1) - apesar da expectativa, o balanço de oferta e demanda seguirá apertado, comparado às safras anteriores.

Tabela 1.
Balanço de oferta e demanda de milho no Brasil, em milhões de toneladas.

*estimativas.
Fonte: Conab, fevereiro de 2025 / Elaborado por Scot Consultoria

Desde o começo do ano, o preço em Campinas-SP, subiu 9,9%. Em doze meses, subiu 27,0%. A depender do andamento da colheita da soja e, consequentemente, da semeadura da segunda safra de milho e do clima, os preços poderão seguir firmes e registrar novas altas.

Na figura 1, os preços do milho nos últimos três meses.

Figura 1.
Preços do milho, em R$/saca, em diferentes praças do Brasil.

Fonte: Scot Consultoria

Além disso, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), apresentou em seus relatórios de oferta e demanda (janeiro e fevereiro) alterações importantes no mercado global, com cortes na produção norte-americana e argentina, além de redução nos estoques finais globais.

O mercado também está estressado em função do clima no Brasil, que está atrasando a semeadura da segunda safra, que deve ter uma parcela significativa semeada fora da janela de risco ideal, e tem gerado dúvidas quanto ao potencial produtivo na safra de verão. 

Além disso, na Argentina, assim como no Rio Grande do Sul, as lavouras têm perdido qualidade em função da estiagem que tem acometido as áreas agrícolas desde o fim de dezembro, aumentando as dúvidas quanto ao potencial da safra local.

Com o atraso na colheita da safra de soja brasileira (saiba mais aqui), a semeadura da segunda safra também está – bem – atrasada (veja na tabela 2), fato que tem dado sustentação aos preços do milho, em meio à expectativa de uma demanda firme em 2025 e a possibilidade de produção menor do que as estimativas.

Tabela 2.
Progresso da semeadura de milho segunda safra no Brasil.

Fonte: Conab / Elaborado por Scot Consultoria

Todos esses fatores sustentaram aos preços e deverão seguir dando sustentação às cotações em curto e médio prazos.

Na B3, os contratos no mercado futuro encerraram a semana com viés de alta, dentre os contratos em aberto, apenas o de vencimento em maio de 2025 caiu em relação ao início da semana. Veja na tabela 3.

Tabela 3.
Fechamento dos contratos futuros de milho, em R$/saca de 60kg, na semana entre 14/2 e 10/2.

Fonte: B3 / Elaboração: Scot Consultoria

Mesmo com o ajuste para a referência do contrato futuro com vencimento para maio, a expectativa é de preços firmes e próximo ao preço na primeira quinzena de fevereiro (14/2). Veja na figura 2.

Figura 2.
Preços do milho no mercado físico (em azul) e no mercado futuro (em laranja), em R$/saca.

Fonte: Scot Consultoria / B3 (14/2/25)

Em resumo, o mercado de milho deverá ter um ano com preços firmes e marcado por oscilações, de olho, principalmente, no desenvolvimento da segunda safra nacional.