Carta Grãos e Agricultura - O tarifaço e o café

O primeiro impacto no mercado do café seria uma possível redução do consumo nos Estados Unidos. As estimativas mais recentes do USDA, divulgadas em março de 2025, apontaram um aumento tímido no consumo doméstico de café.

O aumento do consumo no EUA foi de 1,7%, passando de 23,5 milhões de sacas em 2023/2024 para 23,9 milhões de sacas em 2024/2025. A tendência era de aumento conforme os preços internacionais do café cediam, tanto para o café arábica quanto para o robusta.

Em parte, as quedas nos preços internacionais, no caso do café robusta, vieram da recuperação antecipada da produção no Vietnã, cuja produção deverá alcançar 30,1 milhões de sacas, um aumento de 2,6 milhões de sacas em relação a 2023/2024, quando a produção foi de 27,5 milhões de sacas.

Conforme se aproxima a colheita do café arábica no Brasil, também seria esperada uma maior oferta de café e possíveis recuos nos preços. É importante notar que, apesar das recentes quedas nos preços, não são esperadas reduções significativas nas cotações ao longo de 2025.

Agora, com as novas tarifas e custos mais elevados para a compra de café pelos importadores estadunidenses, especialmente do café robusta do Vietnã, é plausível esperar quedas nos preços internacionais devido a um maior excedente na categoria.

O cenário ainda é de muita incerteza, mas há a possibilidade de uma parte maior da produção brasileira ser exportada para os Estados Unidos, considerando que a tarifa de 10% aplicada ao café brasileiro é menor em comparação com as tarifas impostas ao Vietnã (46%) e à Indonésia (32%). 

Considerando que os Estados Unidos são o segundo maior comprador de café do mundo, tendo importado 23,9 milhões de sacas em 2024/2025, ficando atrás apenas da União Europeia, que importou cerca de 45 milhões de sacas, mesmo com uma redução na demanda por café nos Estados Unidos, a demanda ainda deverá ser expressiva.