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Scot Consultoria

Leandro Bovo – Credit Suisse Hedging-Griffo


Terça-feira, 3 de março de 2009 - 12h34

Leandro Bovo é médico veterinário formado pela UNESP – Jaboticabal em 2003, com pós-graduação em Gestão de Negócios pela ESPM - SP e MBA em Finanças pelo IBMEC – SP. É operador de mercados futuros agropecuários na Credit Suisse Hedging-Griffo desde dezembro de 2005. Scot Consultoria: É possível fazer um rápido balanço da evolução do mercado futuro do boi gordo ao longo dos últimos anos? Leandro Bovo: O crescimento foi enorme. Porém, mais importante do que isso, é que esse crescimento foi sustentado por uma enorme profissionalização da cadeia produtiva da carne bovina nos últimos anos. Se considerarmos a curva de crescimento das exportações de carne bovina e a de crescimento do mercado futuro, constataremos que elas são bastante parecidas. Isso não é coincidência. O aumento dos negócios no mercado internacional demandou uma maior profissionalização de toda a cadeia, o que incluiu a gestão dos preços de compra e venda. O mercado futuro de boi gordo é a ferramenta ideal para essa gestão de preços, portanto, passou a ser utilizada por frigoríficos, tradings e produtores. O mercado futuro ganhou “massa crítica”, aumentou de volume e passou a chamar a atenção de um número maior de “players”. Isso gera mais liquidez, culminando na realidade que temos hoje: um mercado futuro maduro, com atuação de vários diversos segmentos da cadeia e onde a formação de preços se dá da forma mais transparente possível. Scot Consultoria: Apesar dos avanços, pode-se dizer que essa já é uma ferramenta que vem sendo amplamente utilizada pelos agentes da cadeia produtiva da carne bovina? Leandro Bovo: A pecuária brasileira é enorme, com o maior rebanho comercial do planeta. Então, apesar do crescimento, ainda não se pode dizer que essa é uma ferramenta amplamente utilizada. Ela vem sendo cada vez mais usada, mas ainda não é adotada pela maioria dos pecuaristas. Entre os confinadores (que é uma atividade que demanda maior capacidade de gestão) ela é muito utilizada. Não seria exagero dizer que a maioria dos grandes confinamentos do Brasil a utiliza direta ou indiretamente. Já os grandes frigoríficos com certeza a utilizam de forma consistente, ou seja, ela faz parte do dia-a-dia da compra de boi e da venda de carne. Scot Consultoria: O mercado de opções também está em crescimento? A questão da liquidez ainda preocupa? Leandro Bovo: Se considerarmos em percentual, o crescimento do mercado de opções é muito maior do que o do mercado futuro. A questão da liquidez já não preocupa mais. Existem alguns “Market Makers”, ou formadores de mercado, que dão ofertas de compra e venda para praticamente todas as opções, o que gera uma boa liquidez. Scot Consultoria: Você normalmente aponta o mercado de opções como uma das melhores ferramentas de hedge disponíveis para o pecuarista. Por quê? Leandro Bovo: Uma das dificuldades dos pecuaristas com o mercado futuro eram os ajustes diários, já que a pecuária se caracteriza como uma atividade com entradas de caixa bastante concentrados, em poucos períodos do ano (venda dos bois gordos). Dessa forma, existe uma dificuldade natural em se gerenciar os fluxos diários (positivos e negativos) que uma posição no mercado futuro vai gerar. Isso dificultava a participação dos pecuaristas. No mercado de opções esse fluxo diário não existe; o único desembolso é o prêmio pago para se adquirir a opção. Outra vantagem que atraiu o pecuarista é a possibilidade de se “contratar” um preço mínimo para a sua produção, como um seguro. O preço não fica “travado”, como no mercado futuro (onde o pecuarista deixaria de ganhar caso o mercado subisse). No caso das opções, o preço mínimo fica garantido, ou seja, abaixo daquele valor o pecuarista está garantido, mas se o mercado subir ele se aproveita da alta também. Scot Consultoria: Em função da crise econômica e dos preços relativamente baixos que a BM&F tem apontado para o boi gordo, o que você espera no volume de negócio no mercado futuro este ano? Leandro Bovo: De forma geral, acredito que não teremos o mesmo crescimento de anos anteriores, até porque estamos saindo de uma base bem elevada. A questão da crise econômica joga contra um aumento de volume negociado. Já a questão dos preços baixos, sobretudo para a entressafra, acredito que não tenha um impacto tão significativo. Se por um lado pode estar desinteressante fazer hedge de venda, pode estar interessante para fazer hedge de compra. Assim, sempre terão players atuando no mercado. Lógico que um mercado futuro indicando preços bastante atraentes (como aconteceu ano passado) dá um ânimo maior, o que pode gerar mais negócios, mas não acredito que isso seja um fator tão decisivo assim. De qualquer forma, se fecharmos 2009 com o mesmo número de contratos negociados, ou até com uma leve queda em relação a 2008, já será bastante positivo.
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