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Scot Consultoria

Fabiana Salgueiro Perobelli Urso – BM&F/Bovespa


Terça-feira, 1 de setembro de 2009 - 15h43

A economista Fabiana S. Perobelli Urso, da BM&F/Bovespa, trata do uso do mercado futuro como ferramenta de proteção contra o risco de preços por parte dos agentes da cadeia produtiva da carne bovina. Fabiana Salgueiro Perobelli Urso é economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora e doutora em economia pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Atualmente é gerente de produtos do agronegócio na BM&FBOVESPA, onde trabalha desde 2000. Scot Consultoria: Você poderia explicar aos nossos leitores qual a diferença de uma operação de hedge e uma operação “especulativa” no mercado futuro? E qual é a importância dos especuladores? Fabiana Perobelli: A operação de hedge tem por objetivo proteger o pecuarista de uma queda nos preços, evitando reduções na sua lucratividade. O confinador, por exemplo, que deseja evitar um aumento inesperado no custo do milho, procurará se proteger desta alta através dos mercados futuros. Qualquer agente econômico que tenha uma atividade produtiva utilizará os mercados futuros para se proteger de variações inesperadas nos preços. Os especuladores são investidores/agentes econômicos que trabalham com expectativas sobre o que irá ocorrer com os preços. São importantes, pois garantem liquidez ao mercado, já que estão dispostos a assumir o risco dos demais agentes, como pecuaristas, supermercados e frigoríficos. Scot Consultoria: Em sua opinião, por que o número de pecuaristas que usam ferramentas de mercado futuro ainda é relativamente pequeno? A BM&F/Bovespa tem adotado alguma medida para tentar reverter esse quadro? Fabiana Perobelli: O que importa é que o pecuarista conheça o seu custo de produção e tente garantir o preço de venda do boi antecipadamente. Desta forma, ele antecipará seu fluxo financeiro e poderá planejar melhor a sua atividade. Garantir o preço de venda do boi antecipadamente pode ser feito de algumas formas: diretamente na própria bolsa (através das corretoras associadas) ou indiretamente, através dos frigoríficos (boi a termo) ou dos bancos. O importante é que ele tenha vendido uma parte de sua produção antecipadamente, para tentar cobrir uma boa parte dos custos de produção. Assim, ele estará protegido. Portanto, o número de pecuaristas operando pode até ser pequeno, mas isto não significa que eles não estejam protegidos. Scot Consultoria: Quais são as principais dúvidas que os pecuaristas ainda têm sobre o mercado futuro? Fabiana Perobelli: A principal dúvida é o mecanismo de ajuste diário. Scot Consultoria: Você acredita que os corretores estão preparados para atender, explicar e orientar os pecuaristas no uso de ferramentas de mercado futuro? A linguagem adotada – cheia de termos como “call”, “put”, “hedge”, “spread”, etc. – não cria certa barreira? Fabiana Perobelli: As corretoras se prepararam muito para atender o mercado agropecuário. Hoje, várias delas têm filiais no interior, para se aproximar do pecuarista e criar um canal aberto de comunicação. Além disso, a Bolsa tem investido cada vez mais em educação, inclusive com um programa semanal de Educação Financeira na TV Cultura. No entanto, a linguagem continua sendo um desafio, que as corretoras estão superando. Scot Consultoria: E os frigoríficos? Eles já estão um passo à frente no uso do mercado futuro? Fabiana Perobelli: Os frigoríficos têm tido um papel fundamental no desenvolvimento do mercado futuro de boi. Através dos contratos a termo, os pecuaristas estão tendo a possibilidade de fixar antecipadamente seus preços. Scot Consultoria: Entre o mercado a termo, o mercado de opções e o mercado futuro propriamente dito, dá para dizer qual é a melhor alternativa para o pecuarista? Ou tudo depende do perfil e do momento de mercado? Fabiana Perobelli: O importante é conhecer o custo de produção. A partir daí, cabe uma análise financeira para que o pecuarista possa decidir entre os diversos instrumentos. Todos têm o mesmo objetivo: garantir antecipadamente ao pecuarista um preço de venda. O termo tem a vantagem para o pecuarista realizá-lo através de um frigorífico, e já negociar com ele a quantidade que será vendida. Esta modalidade traz o risco de crédito do frigorífico e a dificuldade de renegociar o contrato (ou desistir). No mercado futuro, o pecuarista pode garantir o preço de venda, e poder reverter a sua posição a qualquer momento. Esta modalidade traz a dificuldade do fluxo financeiro para honrar os ajustes diários. O mercado de opções, também negociado na Bolsa, atende ao requisito de garantia antecipada de preço, sem ter o fluxo diário dos ajustes. No entanto, o pagamento do prêmio é feito no dia seguinte ao da operação. Scot Consultoria: Por fim, a BM&F/Bovespa tem alguma ação ou produto novo para ser lançado no mercado? Quando? Fabiana Perobelli: Para a pecuária estamos trabalhando no desenvolvimento do mercado de opções de boi gordo. Além disso, estamos investindo no mercado de milho, que é um item de custo importantíssimo do pecuarista. Agora é possível fixar o preço de compra do milho e, se necessário, receber fisicamente o milho em Uberlândia, Rio Verde e Cascavel.
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