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Scot Consultoria

Luis Adriano Teixeira – Agro-Pecuária CFM


Segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010 - 13h24

Médico veterinário, formado pela Universidade de São Paulo-USP em 1996, atuou por 3,5 anos como veterinário e supervisor técnico de gado de corte na CRV Lagoa, responsável pelo departamento de prestação de serviço e suporte técnico de touros Europeu de corte. Trabalhou por 4 anos como gerente de operações do Programa Montana e, desde 2004, é coordenador de pecuária da Agro-Pecuária CFM. Scot Consultoria: Como funciona o programa de seleção da Agro-Pecuária CFM? Quais critérios são avaliados? Luiz Adriano Teixeira: No programa de seleção do Nelore CFM, 100% do rebanho é avaliado desde o dia do nascimento, sob condições exclusivas de pasto e sal mineral, fundamentando a base do programa de seleção totalmente a pasto. Todos os animais possuem avaliação genética e são selecionados para características de real importância econômica para a atividade pecuária, tais como: ganho de peso a pasto, musculosidade, precocidade de terminação, precocidade sexual, peso à desmama e peso ao sobreano. Todos os touros Nelore CFM possuem o CEIP, emitido pelo MAPA para os 30% melhores machos de cada safra, o que confere fortíssima pressão de seleção ao rebanho e aos clientes que usam os touros CFM. O programa de seleção do Nelore CFM foi o primeiro projeto reconhecido e aprovado pelo MAPA para emissão do CEIP, também foi o pioneiro no uso de avaliações visuais nos critérios de seleção (musculosidade, acabamento e conformação de carcaça) atualmente utilizados por diversos programas de seleção em todo o país. Fato este que contribuiu diretamente para a melhoria da qualidade e padronização das carcaças e manutenção da estatura do rebanho. A CFM foi um dos primeiros projetos de melhoramento da raça Nelore a selecionar para precocidade sexual, aos 18 e 14 meses de idade, a pasto e sem suplementação. Os resultados internos são excelentes e melhores ainda nos rebanhos dos clientes da empresa que se utilizam dos touros Nelore CFM, chegando a dobrar a taxa de prenhez das novilhas aos 24 meses. Scot Consultoria: Em relação à qualidade de produto (maciez, marmoreio, padronização), tendo em vista a tradição da empresa no melhoramento do nelore, quais os avanços que a CFM vem obtendo para a raça? Luiz Adriano Teixeira: Após mais de 30 anos de seleção, os ganhos genéticos estão refletidos principalmente no ganho de peso, na qualidade e padronização das carcaças e precocidade sexual. Os garrotes Nelore CFM vão para o frigorífico com idade média de 24 meses, com carcaças pesando 18,5@, em média, com um rendimento de carcaça ao redor de 55%. Por se tratar de um gado jovem e bem terminado, mesmo sendo machos inteiros, mais de 95% das carcaças do Nelore CFM são destinadas à exportação ou mercados mais exigentes por carne de qualidade, recebendo inclusive bonificação por carcaça de melhor padrão e qualidade. Todo esse resultado é fruto do sério e respeitado trabalho de seleção, culminando em animais precoces e padronizados que vão ao encontro como as exigências atuais da indústria frigorífica e mercados de melhor valor. Como já comentado, os clientes que usam os touros CFM obtêm este resultado, e colhem os frutos na precocidade sexual das novilhas produtos dos touros CFM, que chegam a apresentar índices de prenhez duas vezes maior do que novilhas crioulas da fazenda, sob o mesmo manejo e condições sanitárias. Todos estes resultados podem ser resumidos em padronização e eficiência de produção a pasto, e é por isso que a CFM tem presença nacional na comercialização de touros Nelore para o produtor comercial, com clientes em mais de dezesseis estados brasileiros. Scot Consultoria: Dentre os aspectos que podem influenciar a produção e a produtividade dos rebanhos de corte, estão a nutrição, o manejo, a sanidade, o ambiente e a genética. Como você avalia o papel que vem sendo desempenhado pelo melhoramento genético? Luiz Adriano Teixeira: O longo trabalho desenvolvido pela CFM no melhoramento genético de seu rebanho selecionou animais com carcaças de melhor qualidade, mais padronizadas e mais bem terminadas, em linha com os padrões da indústria para atender os mercados mais exigentes. Animais mais precoces, tanto na terminação quanto sexualmente, são extremamente importantes na avaliação da produtividade de uma atividade. O melhoramento genético é a base de qualquer atividade de produção de carne, pois somente com uma boa genética o animal tem como responder às melhorias de manejo, nutrição e sanidade. Sem uma boa genética, qualquer investimento nas outras áreas de produção é subutilizado. A CFM foi a pioneira na seleção e melhoramento do Nelore com o mesmo foco empresarial que norteia a empresa nas outras áreas de atuação, e tenho certeza, foi isso que propiciou os ganhos obtidos ao longo de toda sua história de seleção. Atualmente, existem vários programas de melhoramento com foco em características de produção, que são a base produtiva da cadeia de produção de carne. Todos estes esforços e tecnologia estão ajudando o Brasil a melhorar seus índices zootécnicos e conseguir aumentar a produtividade e participação do país no mercado internacional. Scot Consultoria: Na pecuária tipicamente extensiva como a brasileira, quais os ganhos produtivos e conseqüentemente econômicos que o melhoramento genético pode imprimir a esse sistema de criação? Luiz Adriano Teixeira: Ao se levar em conta que, fazendo melhoramento genético, produziremos animais mais pesados e mais uniformes, o que reflete diretamente em menor tempo para engorda ou terminação no confinamento para preparo dos animais, ganhando mais poder de negociação com a indústria graças a um produto de melhor qualidade. Há que se levar em conta os ganhos obtidos com fertilidade e precocidade sexual, que refletem diretamente em maior produção por área, mais animais para comercialização por ano e otimização das instalações e custos fixos da propriedade. Se quantificarmos estes ganhos em “números brutos” e baseados em ganhos de produtividade que os clientes CFM nos relatam, temos os seguintes dados: - Peso ao desmame Aumento do peso a desmame na ordem de 20 kg* * - benefício genético do uso de touros Nelore CFM Avaliação do impacto num lote de 100 bezerros Aumento da produção de peso ao desmame do lote de 2 mil quilos Valor médio de mercado do bezerro desmamado R$ 3,75/kg vivo (R$620,0/cab de 165 kg – Informativo “Tem boi na linha” nº 3428) Receita extra vinda do aumento de peso (genética) R$7.500,00 por ano - Fertilidade de novilhas (precocidade sexual) Aumento médio de 35% na prenhez das novilhas (clientes relatam que a média de 30% passou para 70%, ou de 40% para 80% com as novilhas filhas de touros Nelore CFM) Mortalidade até desmama de 4% e um lote de 100 novilhas prenhes Produção extra de 33 animais Preço médio bezerro R$ 620,00 Preço médio bezerra R$ 520,00 (cotações do informativo “Tem boi na linha” nº 3428) Valor extra da produção R$18.810,00 (média de R$570,0/cab x 33 animais) - Diminuição da idade ao abate Diminuição de 6 meses na idade ao abate (melhor genética e ganho de peso) Custo médio da engorda a pasto R$18,00/cab/mês (arrendamento+mão-de-obra+insumos) Diminuição de custo nos 6 meses R$108,00/cab/período Receita no abate* R$ 1.396,75/cab *- Boi gordo de 18,5@ ao valor mercado de R$ 75,50/@ - informativo “Tem boi na linha” nº 3428 Melhoria da margem (lucro/receita) no abate de 7,73% por animal Num lote de 100 bois gordos representa uma economia de R$ 10.800,00, ou o valor de compra de mais de 11 bois magros (cotação de R$ 960,0/cab - informativo “Tem boi na linha” nº 3428) Pelos valores acima podemos comprovar que genética é investimento e não custo, já que traz melhoria na produção e o retorno gerado paga o investimento no touro com folga. Scot Consultoria: Em sua opinião, como deve se comportar o mercado de tourinhos em 2010? Luiz Adriano Teixeira: Creio que 2010 será um bom ano para comercialização de touros. Continuamos com uma diminuição na participação dos abates de fêmeas que estão sendo retidas pelos produtores para produzir bezerros, e para fechar esta equação precisamos de touros para a produção destes animais. Outro ponto positivo é que mesmo com a desvalorização do bezerro em comparação com o mesmo período do ano passado, as cotações da arroba do boi gordo apresentaram uma queda muito mais acentuada, mostrando que o criador está com seu poder de investimento maior. Isso está mexendo com a relação boi gordo/bezerro, e historicamente, sabemos que a arroba do boi gordo e “arroba” do bezerro tendem a convergir ao longo do ciclo pecuário, se o bezerro está apresentando preços mais firmes, pode ser uma indicação que o ajuste está mais para a arroba do boi gordo chegar perto dos valores do bezerro. Também temos sinais positivos do mercado internacional comprador de carne bovina brasileira, a retomada da China, a Rússia aumentando suas compras, esses fatores ajudam a abrir espaço para melhoria no preço da @ do boi gordo e o pecuarista continua com fôlego para fazer a reposição dos seus touros. Junto com isso, temos o mercado financeiro apontando para melhoria da economia mundial, mesmo que ainda a pequenos passos, causando aumento de demanda. O ponto que ainda fica “no ar” é para que lado o câmbio irá soprar, já que a indústria alega que a cotações do dólar frente ao real tem impacto direto nas exportações, capaz de enxugar a oferta do mercado interno brasileiro. Para a CFM, 2009 foi um ano positivo na comercialização de touros. Mesmo com a grande desvalorização da arroba em setembro/outubro, o que causou uma freada e desaquecimento do mercado, os negócios a partir de novembro e dezembro reverteram esta tendência e fechamos o ano dentro dos números projetados. Outro ponto muito importante, a nosso ver, foi o grande aumento na carteira de clientes, com clientes antigos voltando às compras e uma série de novos clientes iniciando suas compras, o que indica que o pecuarista está se profissionalizando, buscando touros geneticamente melhorados e certificados. De forma geral, acreditamos que os pontos positivos superam as dificuldades para este ano de 2010, mas precisamos fazer a lição de casa e investir em genética, fornecer um bom manejo e plano sanitário para fazer frente ao mercado cada vez mais exigente.
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