Professor José Soares Ferreira Neto, docente do departamento de medicina veterinária preventiva e saúde animal (VPS) da FMVZ-USP.
Scot Consultoria: Das doenças reprodutivas que conhecemos, qual delas causa mais prejuízos e cujo combate ou prevenção é simples e barato?
José Soares: A brucelose não pode ficar de fora de nenhuma lista de doenças com impacto importante na reprodução de bovinos, por menor que ela seja.
Scot Consultoria: O senhor poderia sugerir um bom programa de vacinação e um calendário de acordo com a idade do bovino?
José Soares: Está tudo explicado no Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT). A vacinação com a B19, em dose única, é obrigatória para todas as fêmeas das espécies bovina e bubalina com idade entre três e oito meses.
Além disso, pode-se também vacinar fêmeas com mais de oito meses de idade com a vacina RB51, porém é uma opção reservada ao criador e seu veterinário.
Scot Consultoria: De maneira resumida, qual a situação atual do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT)?
José Soares: Apesar da recente crise de desabastecimento, a vacinação com a B19 tem andado bem, e a cobertura vacinal nos vários estados tem aumentado.
Porém, os resultados do processo de certificação de propriedades têm sido pífios.
Todos sabemos que a solução para este problema é a falta de estímulo para a adesão do criador.
Scot Consultoria: Existem estudos de prevalência de brucelose no Brasil?
José Soares: Existem excelentes estudos sobre a situação epidemiológica da brucelose no Brasil, cobrindo cerca de 82% do efetivo bovino brasileiro, que foram financiados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Serviços Oficiais Estaduais, e realizados com a participação do Centro Colaborador do MAPA em Saúde Animal, sediado na FMVZ-USP, o qual tenho a satisfação de coordenar.
Estes resultados podem ser encontrados no Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, vol.61, supl.1, 2009.
Scot Consultoria: Qual o impacto, em termos econômicos, que as doenças reprodutivas podem causar no rebanho?
José Soares: Sabemos que a brucelose dilata o intervalo entre partos e com isso diminui a produção de leite e carne. Fala-se em até 25% a menos de leite e 15% de carne.
Scot Consultoria: Seria possível demonstrar a relação entre o custo médio para a prevenção destas doenças e o prejuízo que elas poderiam acarretar ao produtor?
José Soares: Existem dados sobre custo benefício de programas, com estimativas de algo em torno de 1:5, ou seja, para cada real investido em controle existe um retorno de 5.
Scot Consultoria: A aplicação desta de tecnologia sanitária no rebanho é crescente? O pecuarista atual está mais consciente da importância desse tipo de prevenção?
José Soares: Creio que sim.
O
Professor Doutor José Soares Ferreira Neto será um dos palestrantes do “I Workshop de vacinas e vacinações na bovinocultura”, que acontecerá no dia 15 de setembro no Centro de Convenções de Ribeirão Preto - SP.
Para maiores informações acesse:
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