Nos dias 1 e 2 de agosto acontecerá em Ribeirão Preto-SP e em Descalvado-SP a segunda edição do Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria.
Nele será possível trocar experiências com técnicos de renome, produtores de sucesso e saber como está e para onde caminha o mercado de leite e lácteos.
Esse conjunto de informações será consolidado através da visita com novas estações a fazenda Agrindus em Descalvado. Uma das melhores e maiores produtoras de leite do Brasil.
Mais informações em www.encontroleite.com.br .
Um dos palestrantes será o Rodrigo SantAnna Alvim, engenheiro agrônomo, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNA).
Sua palestra abordará as oportunidades de novos negócios na pecuária leiteira.
Para saber um pouco sobre a palestra, leia a entrevista que ele concedeu à organização do Encontro da Pecuária Leiteira.
Entrevista com Rodrigo SantAnna Alvim
Scot Consultoria: O melhor cenário para a pecuária leiteira, previsto para este ano, pode gerar maiores investimentos em 2013 ou é hora do produtor botar a casa em ordem, já que nos dois últimos anos as margens foram bastante apertadas?
Rodrigo SantAnna Alvim: Em 2012 os produtores de leite tiveram uma forte redução nas margens da atividade. De acordo com o CEPEA-Esalq/USP, o preço do leite ao produtor elevou-se 4,3% ao longo do ano, ao passo que o custo de produção aumentou 27,4%, segundo levantamentos da Embrapa Gado Leite. A ração concentrada, principal componente do custo de produção esteve 39,6% mais cara nesse ano. Diante desse cenário a produção de leite cresceu em um ritmo menor que o consumo, favorecendo a elevação dos preços ao produtor no primeiro semestre de 2013.
Outro ponto que deve ser analisado é o comportamento dos preços dos produtos lácteos no varejo. Em 2012 o IPCA dos lácteos foi de 5,7%, enquanto que a inflação no período foi de 5,8%, ou seja, os preços dos produtos mantiveram-se praticamente estáveis ao longo do ano. Não obstante, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o IPCA dos lácteos foi de 8,5%, enquanto o IPCA geral foi de 2,9%, o que coloca em risco a manutenção do consumo, uma vez que o consumidor pode reduzi-lo ou parar de consumir, substituindo o leite e os derivados por produtos similares.
Nesse contexto de incerteza, o melhor investimento que o produtor pode fazer e na gestão da sua propriedade, pois somente com análise dos seus números ele saberá qual deve ser o plano de trabalho a ser seguido.
Scot Consultoria: A questão central que gira em torno da pecuária brasileira é produzir mais em menor área para poder obter competitividade frente o avanço da agricultura. Sabendo isso, qual sua opinião sobre os avanços em produtividade do pecuarista de leite? Qual são as melhores soluções?
Rodrigo SantAnna Alvim: Há registros da produção de leite em 555 microrregiões das 558 existentes no Brasil, sendo esta uma das grandes vantagens competitivas do país. As diferentes combinações do manejo, da raça dos animais, do tipo de alimentação, dos custos de produção, dos preços dos produtos lácteos e do valor da terra são que definem qual será a produtividade ideal para cada sistema de produção em uma determinada região. O que o produtor deve ter sempre em mente é a busca pela eficiência técnica e econômica do sistema de produção escolhido.
Com o aumento dos índices de produtividade das culturas agrícolas, o custo de oportunidade da terra tem apresentado elevado crescimento nos últimos anos, obrigando os produtores a adequarem seus sistemas de produção em busca da maior eficiência, seja ela relacionada à produtividade por área, por animal ou por mão de obra.
Scot Consultoria: Quais os principais desafios da pecuária leiteira no Brasil daqui para frente?
Rodrigo SantAnna Alvim: Os desafios do setor podem ser divididos entre os estruturantes que atrapalham não só o setor lácteo, mas também os demais segmentos da economia do país, e os específicos da cadeia, os quais o setor possui maior governança.
Dentre os estruturantes, a valorização do câmbio nacional dificulta as exportações e favorece as importações. O custo Brasil, também prejudica a competitividade das indústrias de laticínios, com a alta carga tributária e as deficiências de logísticas e infraestrutura.
Já os desafios específicos da cadeia, estão relacionados à melhoria no processo de gestão tanto dos produtores quanto das indústrias de laticínios, na melhora dos índices de produtividade e na qualidade do leite.
Scot Consultoria: Como se enquadra o nível tecnológico do produtor de leite brasileiro frente a outros grandes produtores do mundo? Quais seriam os primeiros passos a serem tomados para melhorar estes índices?
Rodrigo SantAnna Alvim: Quando se analisa os dados agregados do IBGE, verificamos que a produtividade média das 1,35 milhões de propriedades de leite existentes no Brasil é de 1.382 litros/vaca/ano. No entanto, quando se estratifica a amostra por região e por escala de produção encontram-se valores superiores a cinco mil litros/vaca/ano, semelhante e em alguns casos, até maiores que os grandes players internacionais.
Sendo assim, fica claro que o país tem potencial de apresentar bons índices de produtividade, o que falta é assistência técnica de qualidade para a grande maioria dos produtores. Programas como o Balde Cheio da Embrapa Pecuária Sudeste e o Educampo do SEBRAE-MG, são bons modelos de assistência técnica, pois todos os envolvidos estão comprometidos com o resultado, tanto técnico como econômico.
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