"A meu ver, o crescimento do confinamento é sustentado basicamente por dois fatores: necessidade de produzir mais com menos e necessidade de aumentar a rentabilidade do sistema."
Esta é a opinião de Marcos Baruselli, zootecnista (UNESP Botucatu) e gerente nacional de confinamento de bovinos de corte da DSM Tortuga.
Ele nos concedeu uma entrevista e falou sobre sua carreira, as estratégias em nutrição de bovinos para o aumento da rentabilidade na atividade, mão de obra e as possibilidades de crescimento do sistema de produção em confinamento.
Veja a entrevista:
Scot Consultoria - Fale brevemente sobre sua carreira. Como foi o seu caminho até chegar à DSM?
Marcos Baruselli - Desde criança em Araçatuba - SP, minha terra natal, sempre estive envolvido com criação de animais. Meu pai fundou e dirigiu o INTEC - Instituto Noroestino de Trabalho, Educação e Cultura, onde existia o CTA - Centro de Treinamento Agrícola (atual campus da Unesp), no qual eu passei a minha infância e adolescência diretamente envolvido com criação e produção animal, incluindo bovinos de corte. Cursei Zootecnia na Unesp de Botucatu, fiz mestrado na Faculdade de Medicina Veterinária de Torino, na Itália, na área de nutrição de ruminantes e ingressei na então empresa Tortuga como Assistente Técnico no estado de São Paulo. Desde então sigo minha carreira profissional na empresa, que em 2013 foi comprada pela DSM, e passou a controlar a marca Tortuga. Atualmente sou gerente nacional do segmento confinamento de bovinos de corte.
Scot Consultoria - Na sua experiência com nutrição de bovinos em confinamentos, quais as principais estratégias que foram desenvolvidas ao longo dos anos para aumentar a rentabilidade da atividade?
Marcos Baruselli - Há cerca de 20 anos os bovinos confinados, quando muito, consumiam suplementos minerais formulados para criação em regime de pasto. Na atualidade desaconselha-se essa pratica, uma vez que a relação volumoso : concentrado das dietas do boi confinado se alterou radicalmente em favor do concentrado. A estratégia nutricional, portanto, também precisou ser modificada, sendo hoje composta por minerais enriquecidos com diversas classes de aditivos. O objetivo principal dessa nova estratégia consiste em equilibrar a nutrição e aumentar a rentabilidade do sistema.
Pode-se dizer que a estratégia nutricional predominante nos confinamentos brasileiros consiste no uso dos núcleos. Esses produtos foram desenvolvidos para serem misturados aos ingredientes da ração no momento do preparo das mesmas. Contém não somente suplementos minerais, mas também diversas classes de aditivos, como os nutricionais, zootécnicos, sensoriais e melhoradores de desempenho. Desta forma, são capazes de melhorar a eficiência biológica e alimentar do animal confinado, com benefícios significativos sobre a rentabilidade da atividade. Outros benéficos advindos do uso dos núcleos, em especial nas dietas ricas em concentrado, incluem uma menor incidência de desordens digestivo-metabólicas, como acidose, timpanismo e abcessos hepáticos. Chamo a atenção para o uso dos núcleos formulados com os seguintes ingredientes nutricionais e aditivos: carbo-amino - Fosfoquelatos (como por exemplo, enxofre, cromo, selênio, cobre e zinco,); leveduras vivas (Saccharomyces cerevisiae); vitamina A, D e E, Biotina, monensina sódica, ureia, óleos essenciais e enzimas, como amilase.
Scot Consultoria - Atualmente há dificuldades na capacitação de mão de obra na DSM? Cite as principais.
Marcos Baruselli - A equipe técnica e de vendas da DSM, assim como toda a equipe gerencial e operacional, recebe constantemente treinamentos de capacitação em diversas áreas, visando o aprimoramento profissional e humano de modo que, como uma filosofia de trabalho da DSM, permite uma contínua evolução do seu corpo de colaboradores, com foco no melhoramento dos serviços, produtos e tecnologias para o pecuarista, objetivando o aumento do seu retorno e progresso na sua atividade produtiva.
Scot Consultoria - Há espaços para mais crescimento dos sistemas de produção em confinamentos no Brasil?
Marcos Baruselli - Sem dúvida nenhuma, há muito espaço para o confinamento crescer no Brasil. Na atualidade, as taxas de crescimento giram em torno de 6,0% ano, sendo que em 2014 estima-se que 4,4 milhões de cabeças serão confinadas em todo o Brasil. Muitos analistas de mercado afirmam que até 2020 serão mais de 6,0 milhões de bovinos confinados por ano no Brasil. A meu ver, o crescimento do confinamento é sustentado basicamente por dois fatores: necessidade de produzir mais com menos e necessidade de aumentar a rentabilidade do sistema.
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