Alex Lopes, o autor da frase acima, concedeu entrevista ao canal Terra Viva, confira.
Alex Lopes, consultor da Scot Consultoria, concedeu uma entrevista a Sidnei Maschio, do Canal Terra Viva.
Alex é zootecnista e coordena as divisões de terras, insumos e carne bovina da Scot Consultoria.
Confira a entrevista na íntegra:
Sidnei Maschio: Alex, começando a prosa pelo varejo, este mês tá sendo melhor do que os outros em relação às vendas de carne?
Alex Lopes: A tendência é que haja um agravamento da situação da demanda. A melhora sazonal nas vendas de carne que ocorrem no final do ano, no último bimestre, principalmente, é conferida, entre outras coisas, pelas contratações temporárias. Segundo pesquisa do SPC, 90% dos varejistas entrevistados não iriam fazê-la. Além disso, a inflação, à medida que o ano avançou, foi crescendo. O desemprego também aumentou. Ou seja, o cenário para as vendas no varejo está cada vez pior. O que pode ajudar, de alguma forma, é o pagamento de décimo terceiro salário, mas isso não deve alavancar o consumo.
Sidnei Maschio: O interessante, Alex, é que o preço de hoje no balcão do açougue está muito acima na comparação com a mesma época do ano passado, quando a situação da economia brasileira estava bem menos complicada. Qual é a explicação pra esta firmeza nas cotações do produto no varejo?
Alex Lopes: A explicação vem da alta dos preços imposta pelos frigoríficos. Os varejistas repassaram parte dessa alta para o consumidor, mas, ainda assim, tiveram que absorver parte do reajuste ao longo do ano, reduzindo suas margens.
Sidnei Maschio: Além de apresentar sempre algum aumento na metade do primeiro mês, o consumo de carne também costuma crescer na parte final do ano, por conta do pagamento do décimo terceiro salário e do período de festas. Essa previsão está mantida agora para as últimas semanas de 2015?
Alex Lopes: Como eu disse anteriormente, o estímulo para as vendas deve ser menor esse ano. A situação da economia deve reduzir bastante o impacto positivo que esse incremento de massa salarial poderia conferir ao mercado de carnes.
Sidnei Maschio: E no atacado, Alex, o que foi que provocou a reação dos preços na semana passada?
Alex Lopes: A alta nos preços no atacado foi causada, primeiro, pelo estímulo maior para as vendas no início do mês. Têm sido cortes de dianteiro, produtos mais "baratos", que puxam as altas. Além disso, temos um abate mais justo, em função da pouca oferta, e as exportações tem se recuperado, o que escoa parte da carne que ficaria no mercado interno.
Sidnei Maschio: A exportação melhorou um pouco, principalmente no mês passado, mas, normalmente, os embarques caem nos últimos meses do ano. O que podemos esperar do mercado internacional agora em novembro e dezembro?
Alex Lopes: Com o câmbio nos patamares atuais, deve haver mais estímulo para as exportações. Em função das quedas sazonais de embarque no final do ano, é preciso comparar com os períodos semelhantes de anos anteriores para ter uma dimensão do que está ocorrendo, tirando o efeito da sazonalidade. Diante disso, os resultados parciais de exportação diária de carne bovina in natura de novembro de 2015, na primeira semana, vieram com alta de 27,0% no volume embarcado em relação a novembro de 2014.
Sidnei Maschio: Alex, a notícia que chegou é que, nestes últimos dias, aumentou a oferta de gado terminado, especialmente nas regiões onde o confinamento é forte. Como é que o frigorífico está conseguindo aumentar o preço da carne no atacado mesmo com essa relativa folga nas escalas?
Alex Lopes: É difícil acreditar nesse aumento de escala com os preços da arroba nos patamares atuais. Em São Paulo, já existem indústrias pagando R$150,00/@ à vista. Não há nenhum foco de pressão baixista que tenha sido efetiva nos últimos dias no mercado, mesmo com a situação da economia piorando. Portanto, os preços não mostram que as escalas estão confortáveis. Diante disso, as indústrias seguem repassando para a carne a alta de preços da arroba.
Sidnei Maschio: Outra coisa que está fugindo um pouco do roteiro costumeiro é que, apesar do aumento na oferta de gado terminado, a arroba não só continua firme como também está subindo, e até já chegou novamente aos R$150,00 à prazo na praça paulista de Araçatuba/SP. Como é que você explica isso, Alex?
Alex Lopes: É por essa alta de preços que não acreditamos em aumento da oferta nesse instante. O cenário para consumo é ruim, isso não há como negar. Inflação e desemprego seguem crescendo e as contratações temporárias não ocorreram. Se, diante disso, houvesse um aumento de oferta, certamente teríamos alguma pressão sobre as cotações da arroba do boi gordo
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