Em entrevista ao canal Terra Viva, Rafael Ribeiro, diretor e consultor da Scot Consultoria, falou sobre o mercado de leite no Brasil.
Confira a entrevista na íntegra:
Sidnei Maschio: Rafael, quais são as regiões onde a produção leiteira está sendo mais prejudicada pelos desarranjos do tempo?
Rafael Ribeiro: Embora estejamos na safra, o excesso de chuvas enfrentado pelos produtores da região Sul derrubou a produção nacional em setembro e outubro.
No Sudeste, outra importante bacia leiteira, a falta de chuvas prejudicou a captação de leite, que cresceu menos que o esperado para esta época.
Sidnei Maschio: Falando agora em termos nacionais, o que foi que aconteceu com a produção e o preço pago ao fazendeiro nestes últimos dois meses?
Rafael Ribeiro: Segundo o Índice Scot Consultoria para a Captação de Leite, em setembro, a produção nacional caiu, em média, 0,03% frente a agosto. Os dados parciais de outubro apontam queda de 0,1%.
O preço médio nacional caiu pelo segundo mês consecutivo. Em outubro, o produtor recebeu, em média, R$0,963 por litro.
Sidnei Maschio: Qual é a previsão para novembro, em relação a preço e produção?
Rafael Ribeiro: Para o pagamento de novembro (produção de outubro), 45% dos laticínios pesquisados acreditam em queda de preços, 42% em manutenção e os 13% em aumento.
No Sul e Sudeste, 63% e 47% dos laticínios, respectivamente, falam em queda no preço do leite ao produtor.
Para dezembro, a pressão de baixa deverá ganhar força.
Sidnei Maschio: Por conta da crise da economia brasileira, 2015 está sendo um ano de queda no consumo interno de leite e derivados. Será que o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário, que sai agora no final de novembro, pode mudar alguma coisa no mercado doméstico?
Rafael Ribeiro: Espera-se maior movimentação, mas o crescimento deverá ser mais comedido em 2015, em função do cenário econômico atual.
A demanda neste período é maior por produtos como manteiga, creme de leite, leite condensado, por outro lado, cai o consumo de leite fluido em função das férias e festas de final de ano.
Sidnei Maschio: Apesar da diminuição no consumo, no mercado atacadista de leite e derivados o preço está subindo agora em novembro. Qual é a explicação para essa alta, Rafael?
Rafael Ribeiro: Com a produção crescendo menos em setembro e outubro últimos, houve certo ajuste nos estoques das indústrias de laticínios, o que deu sustentação às cotações no atacado.
Cabe destacar que os reajustes foram ligeiros na primeira quinzena de novembro.
Sidnei Maschio: Rafael, e a respeito do custo de produção do leite, como é que está a situação hoje e o que é que pode mudar nas próximas semanas?
Rafael Ribeiro: Destacamos o mercado mais frouxo para o milho e farelos, depois de quatro meses de alta de preços.
A menor movimentação e os recentes recuos do dólar tiraram a sustentação do mercado. Os preços dos fertilizantes também caíram em novembro, em relação a outubro.
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