Rafael Ribeiro, consultor da Scot Consultoria e responsável pela divisão de grãos e leite, bateu um papo com Sidnei Maschio, do canal Terraviva, sobre o preço do leite, custos de produção, exportação, grãos, entre outros assuntos.
Confira a entrevista na íntegra:
Sidnei Maschio: Rafael, da última vez que conversamos, há quinze dias, o preço do leite ao produtor estava caindo, mas menos do que o previsto. Existe alguma mudança prevista para essa situação agora em dezembro em relação ao comportamento da cotação?
Rafael Ribeiro: A produção deve aumentar com mais força em relação a outubro e novembro, em função das chuvas mais regulares. O tom do mercado para dezembro é de ligeira queda no preço do leite pago ao produtor em boa parte do país, com exceção da região Nordeste onde a previsão é de estabilidade a ligeira alta das cotações.
Sidnei Maschio: O enfraquecimento do preço era esperado, mas o que está preocupando mais o produtor hoje é o aumento do seu custo de produção. Como ficou o aumento em novembro, e como está em relação à igual período do ano passado?
Rafael Ribeiro: O Índice Scot Consultoria de Custo de Produção da Pecuária Leiteira subiu 2,0% em novembro na comparação com outubro deste ano. Na comparação com novembro de 2014, os custos subiram 14,2%.
Sidnei Maschio: O que mais pesou neste aumento do custo de produção do leite?
Rafael Ribeiro: A alta dos combustíveis/lubrificantes, dos suplementos minerais, alguns alimentos concentrados e medicamentos veterinários puxaram os custos de produção para cima.
Sidnei Maschio: Por outro lado, os preços do milho e do farelo de soja caíram em novembro. Isso não serviu, pelo menos, pra aliviar um pouco a situação do produtor de leite?
Rafael Ribeiro: A queda nos preços foi ligeira, mas mostra um cenário de mercado mais frouxo neste final de ano. Para o produtor significa uma redução nos gastos com estes insumos, mas cabe destacar que o milho e farelo estão custando entre 15-20% a mais que no mesmo período do ano passado.
Sidnei Maschio: Qual é a previsão da Scot Consultoria a respeito do preço dos alimentos concentrados nas próximas semanas?
Rafael Ribeiro: Mercado mais frouxo em função da menor movimentação neste final de 2015 e começo de 2016. Porém sem muito espaço para quedas de preços mais intensas. Clima começa a preocupar no Brasil; existe boa demanda pelos grãos norte-americanos; e o dólar deve continuar balizando o mercado e o ritmo das exportações brasileiras.
Sidnei Maschio: Outra preocupação do produtor de leite é a fraqueza do consumo interno. Há alguma chance de melhora no curto e no médio prazos?
Rafael Ribeiro: A demanda por leite fluído (UHT e pasteurizado) deve ser menor nas próximas quinzenas em função das festas de final de ano e férias escolares. Já produtos como manteiga, creme de leite e leite condensando, espera-se maior movimentação.
Sidnei Maschio: E a exportação de produtos de laticínio, dá pra ser otimista em relação à possibilidade de um crescimento mais substancioso em dois mil e dezesseis?
Rafael Ribeiro: Não acredito em mudanças expressivas para 2016 em termos de exportação de lácteos pelo Brasil. Falaria em um cenário ligeiramente melhor, apostando em mercados como os asiáticos e russo.
Sidnei Maschio: Rafael, e sobre a próxima safra de grãos que acaba de ser plantada, teremos aumento na produção?
Rafael Ribeiro: O plantio está na reta final. A produção de soja deve seguir crescendo, mas o ritmo deve ser menor em função das incertezas de preços e aumento dos custos de produção. A Conab fala em um crescimento entre 2,1% e 3,8% na área plantada de soja. Para o milho de primeira safra a expectativa é de redução entre 4,8% e 9,3%, em relação à safra passada.
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