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Scot Consultoria

Mercado de reposição deve continuar com oferta escassa em 2016


Sexta-feira, 15 de janeiro de 2016 - 10h00

Maisa Módolo, consultora de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva sobre o mercado do boi gordo.

Maisa Módolo é engenheira agrônomo formada pela ESALQ/USP.

Confira a entrevista na íntegra:

Sidnei Maschio: O que foi que puxou pra cima a cotação do boi gordo neste começo do ano?

Maisa Módolo: Embora dezembro de 2015 tenha iniciado sem força para as altas no preço da carne devido à fraca demanda, a última semana do mês foi marcada pela firmeza das cotações. Os estoques estavam desabastecidos.

Este cenário persistiu neste início de ano, pois os frigoríficos ainda vêm sentindo dificuldade em adquirir lotes grandes de animais terminados, o que regula a oferta e dá condições de que subam os preços da arroba.

Sidnei Maschio: Do final do ano passado pra cá tem chovido bem em quase todas as principais regiões de pecuária do país e não vai ser por falta de pasto que o boi não vai engordar. Mas pelo que a gente viu no mercado de reposição em 2015, será que não vai faltar boiada nova pra colocar nas invernadas?

Maisa Módolo: A expectativa é de que a oferta de animais de reposição ainda esteja escassa este ano, consequência do elevado abate de fêmeas entre 2011 e 2013.

Isso refletiu principalmente na falta de bezerros em 2015. Estes bezerros cresceram e em 2016 serão os garrotes e bois magros que vão para a engorda, ou seja, em menor volume ainda, o que tende a segurar os preços em patamares firmes, mesmo com a valorização expressiva de todas as categorias entre 2014 e 2015.

Sidnei Maschio: Por falar em reposição, a pesquisa do IBGE mostrou que nos três primeiros trimestres do ano passado aconteceu uma forte redução no abate de fêmeas no país. Dá pra apostar que a oferta de bezerros vai aumentar agora em dois mil e dezesseis?

Maisa Módolo: Estas fêmeas que ficaram retidas em 2015 emprenham na estação de monta corrente, o que significa que os bezerros desmamados serão disponibilizados apenas em 2017.

Mesmo que a oferta não seja tão apertada em 2016 como no ano passado, ainda não é esperado que o volume desta categoria de animal de reposição chegue ao mercado com intensidade a ponto de interferir nos preços de forma expressiva.

Sidnei Maschio: Além dessa questão da reposição, o custo de produção em geral está sendo motivo de grande preocupação para o pecuarista brasileiro. O fazendeiro tem razão em ficar assustado com isso?

Maisa Módolo: O principal motivo dessa preocupação vem dos custos com alimentação, no caso do pecuarista que faz suplementação a pasto ou confinamento.

O preço da saca de 50 quilos de milho, por exemplo, está custando cerca de R$40,00, que significa uma alta de quase 20,0% em trinta dias. Já em relação ao mesmo período do ano passado, a alta é de 50,0%.

Pela alta participação dos custos com alimentação nos custos totais, é natural que haja elevação nos custos de produção nesta circunstância.

Sidnei Maschio: Com os preços do milho e da soja desembestados no rumo de morro acima, vai ter confinamento no Brasil este ano?

Maisa Módolo: A atividade de confinamento sempre deve ser planejada com antecedência para que seja analisada a sua viabilidade, e este ano em especial.

A vantagem de entrar no confinamento em 2016 vem do aproveitamento da fase de alta do ciclo pecuário, já que para 2017 é esperado menos firmeza nos preços da arroba do boi gordo.

Com o giro rápido do confinamento, o pecuarista consegue aproveitar essa ainda boa fase do boi gordo.

Cabe ao pecuarista fazer o planejamento adequado dos custos de produção e usar de estratégias de proteção de preços, a fim de garantir um retorno que remunere o seu negócio.

Sidnei Maschio: A respeito do consumo, todo mundo estava achando que as vendas de carne durante o período de festas seriam um grande fracasso, mas apesar da confusão na economia brasileira o movimento acabou sendo bem melhor do que era esperado. Será que não pode acontecer a mesma coisa ao longo do ano?

Maisa Módolo: A alta do preço da carne no final do ano foi no embalo dos estoques enxutos, além do aumento do consumo, claro. Mesmo assim as vendas ficaram aquém do observado no mesmo período de anos anteriores, quando o último mês do ano praticamente é todo marcado pelo bom consumo.

A própria sazonalidade faz com que o consumo ao longo do começo do ano seja mais fraco que o de dezembro, mas a expectativa de retomada da economia deverá fazer com que o consumidor recupere aos poucos o poder de compra e o nível de confiança na economia, levando ao aumento do consumo de alimentos de maior valor agregado, como é o caso da carne vermelha.

Sidnei Maschio: Em que medida a exportação pode ajudar a sustentar o preço da arroba aqui na nossa praça boiadeira agora em 2016?     

Maisa Módolo: Embora 2015 tenha sido um ano de queda nas exportações de carne bovina, foi também um ano de conquistas.

Todos os embargos ocasionados em 2012 pelo caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) foram retirados. Além disso, a China voltou a comprar carne bovina brasileira e os Estados Unidos abriram o mercado para a carne in natura.

Esses fatores levam à expectativa de que 2016 será um ano de recuperação para o mercado externo da carne bovina. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) estima um incremento de 25,0% nos embarques este ano.


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