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Scot Consultoria

Resistência dos pecuaristas


Quinta-feira, 24 de março de 2016 - 17h24

Alex Lopes, consultor de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva sobre o mercado do boi gordo.

Alex Lopes é zootecnista formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Jaboticabal.

Confira a entrevista na íntegra:

Sidnei Maschio: Alex, pela valentia que o comprador de boiada estava demonstrando no começo do mês, parecia que o mercado iria afundar. Por que o frigorífico não conseguiu derrubar o preço no patamar desejado?

Alex Lopes: A falta de oferta corrigiu o mercado e impediu que a pressão de baixa fosse estabelecida. Além da restrição natural na disponibilidade de boiadas, determinada pelo ciclo pecuário, o pecuarista resistiu em entregar nos preços menores.

Sidnei Maschio: Claro que o pecuarista está segurando a boiada na invernada pra apertar o comprador, mas de que tamanho será o estoque de boi gordo que está na mão do fazendeiro hoje?

Alex Lopes: Certamente não há um grande estoque. A boiada que será abatida esse ano era o boi magro e o garrote de 2015, categorias que eram escassas e, em função disso, tiveram altas de mais de 15,0% em sua referência de preços no último ano.

Sidnei Maschio: Por outro lado, o consumo de carne no mercado interno está mais fraco do que o bezerro nascido em janeiro, isso não pode dar um pouco mais de força para o comprador daqui até a virada de mês?

Alex Lopes: Pelo contrário. A oferta curta de matéria prima está ajustada à demanda. As escalas já atendem de dois a três dias, são curtas. A ociosidade é considerável. Portanto, uma redução ainda maior do consumo pode estreitar ainda mais as margens.

Sidnei Maschio: Além de não ter derrubado o valor da arroba, a indústria também não está conseguindo aumentar o preço da carne no atacado. Por que, Alex?

Alex Lopes: O poder de compra da população tem diminuído cada vez mais. A inflação não para de subir. O processo recessivo se agrava e isso faz a população optar cada vez mais por proteínas mais "baratas" que a carne bovina.

Sidnei Maschio: E o comércio varejista, ainda tem alguma gordura pra queimar na sua margem de comercialização?

Alex Lopes: É difícil afirmar, já que não conhecemos os custos fixos, energia elétrico, mão-de-obra, etc. O que tem ocorrido é uma redução, nos dois ou três últimos anos, do mark up desses agentes. Em 2012, por exemplo, a diferença entre o preço de venda da carne e o valor de compra desse produto junto aos frigoríficos, ultrapassa os 100,0%. Atualmente fica ao redor de 50,0%.

Sidnei Maschio: O que foi que mudou na margem de comercialização da indústria do começo do mês até agora?

Alex Lopes: Praticamente nada. A efetividade foi muito pequena da pressão baixista.

Sidnei Maschio: No meio dessa encrenca geral, só tem uma coisa que esta indo muito bem, que é a exportação. O mercado externo pode ser a redenção dos frigoríficos brasileiros?

Alex Lopes: Para as empresas que exportam, dependendo da participação do comércio externo no total de produto vendido por ela, sim. Mas geralmente são os grandes grupos que comercializam a maior parte do que produzem. As demais empresas precisam do mercado interno para gerar receita.


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