Rafael Ribeiro, consultor de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Anderson Sobrinho, do canal Terraviva, sobre os custos de produção da pecuária leiteira.
Rafael Ribeiro é zootecnista formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Ilha Solteira.
Foto: Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria.
Confira a entrevista na íntegra:
Anderson Sobrinho: De uma maneira em geral, como você avalia os custos de produção da pecuária brasileira, nesse momento?
Rafael Ribeiro: Em alta. Além dos aumentos dos custos com combustíveis, energia e mão-de-obra, os preços dos alimentos concentrados subiram consideravelmente em 2016, em relação ao ano passado.
Os destaques são o milho (somente em junho os preços caíram), o farelo de soja, o farelo e caroço de algodão e a polpa cítrica.
Segundo o Índice Scot Consultoria de Custo de Produção da Pecuária de Leite, a alta foi de 2,7% em junho, em relação a maio deste ano. Em relação a junho de 2015, os custos de produção da atividade subiram 28,4%.
Anderson Sobrinho: Com a entrada da segunda safra de milho, os preços devem cair em um patamar que não pese muito no bolso do pecuarista?
Rafael Ribeiro: O mercado perdeu sustentação com a safra, mas espaços para queda este ano são menores, em função dos estoques enxutos, decorrentes das exportações aquecidas na temporada e da menor produção.
Na BM&F/Bovespa os contratos de milho recuaram. No fechamento do dia 22/6 ficaram assim:
Julho/16: R$42,42 por saca de 60 quilos;
Setembro/16: R$40,06 por saca de 60 quilos;
Novembro/16: R$43,45 por saca de 60 quilos;
Janeiro/17: R$44,30 por saca de 60 quilos.
Para uma comparação, em setembro de 2015, o preço médio no mercado físico ficou em R$25,00 por saca.
Anderson Sobrinho: Diante aos altos custos de produção, como o pecuarista pode reduzir as margens dos custos?
Rafael Ribeiro: O acompanhamento diário dos mercados, o planejamento e estratégias de compras de insumos são importantes, em especial em anos de fortes variações de preços e incertezas.
No caso, tentar antecipar as compras ou postergar para o melhor período, em temos de preços.
A busca por produtos alternativos ao milho e ao farelo de soja também faz parte desta estratégia, mas é preciso fazer contas e verificar a disponibilidade dos produtos na região.
A questão este ano é que a alta de preço do milho e farelo de soja puxou para cima também as cotações de polpa cítrica, sorgo, farelo e caroço de algodão.
Anderson Sobrinho: De que forma os pecuaristas podem planejar os seus custos para o início do período de entressafra?
Rafael Ribeiro: Analisando os fatores e fundamentos do mercado, como o clima, oferta, demanda, câmbio, e traçando cenários e fazendo projeções para o curto, médio e longo prazos.
A análise histórica de comportamento de preços também ajuda nestas projeções.
Anderson Sobrinho: Dá pra gente fazer alguma previsão para as próximas semanas, ou até mesmo para o mês que vem?
Rafael Ribeiro: Para o milho, o mercado deve ficar mais frouxo, expectativa de queda das cotações em curto e médio prazo, mas oferta menor na temporada limitando estes recuos.
Já para o farelo de soja, os preços devem ficar em alta no mercado mundial e brasileiro em curto e médio prazos. A demanda mundial está firme e a disponibilidade atual é pequena, com a entressafra no Brasil (preparando para semear a safra 2016/2017) e Estados Unidos (lavouras em desenvolvimento).
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