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Scot Consultoria

Com margens das indústrias em recuperação, o que esperar para o mercado do boi gordo?


Sexta-feira, 9 de setembro de 2016 - 16h00

Hyberville Neto, consultor de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva sobre o mercado do boi gordo e as expectativas.

Hyberville Neto é médico veterinário formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mestre em Administração de Organizações pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP).

Confira a entrevista na íntegra:

Sidnei Maschio: Hyberville, voltando um pouco o relógio do tempo, o que foi que aconteceu com a margem de comercialização da indústria em geral e qual foi o motivo disso?

Hyberville Neto: A margem de comercialização vinha em patamares historicamente baixos há alguns meses. Mas nas últimas semanas, a valorização da carne no atacado gerou melhorias e está mais próxima da média histórica.

Sidnei Maschio: Como está essa margem hoje, e qual foi a solução que o frigorífico encontrou para “sair do aperto” em que estava?

Hyberville Neto: Atualmente temos margens de comercialização de 19,5% para um frigorífico que não desossa e de 18,8%, considerando uma indústria que vende cortes sem osso. Os abates em ritmo lento nos últimos meses e a melhoria da demanda, mesmo que sutil, geraram este movimento.

Sidnei Maschio: No ano passado, quando a margem de comercialização também chegou em um ponto preocupante, a indústria fechou dezenas de unidades pelo país afora, não é? Qual era a intenção deles naquela ocasião e por que isso não foi repetido agora?

Hyberville Neto: No último ano o houve mais plantas fechando as portas. Algumas indústrias, com número maior de unidades, usaram estratégias como férias coletivas e direcionamento de oferta para plantas próximas, com o objetivo de adequação à oferta de boiadas curta e demanda modesta por carne.  No caso de frigoríficos menores, houve caso de empresas que fecharam pararam as operações definitivamente.

Atualmente também têm ocorrido fechamentos de plantas, mas em um número menor. Um dos motivos que podem explicar a frequência menor pode ser o fato de que em 2015 as empresas que estavam em situação mais frágil já fecharam, já havia ocorrido certa “seleção”.

Sidnei Maschio: Se o frigorífico conseguiu melhorar a sua margem de comercialização reduzindo os abates, ele não vai “padecer” daqui para frente de um problema complicado, que é a ociosidade, ou seja, o seu tamanho está ficando maior do que a sua necessidade de produção?

Hyberville Neto: A ociosidade é outro ponto importante a ser avaliado na indústria frigorífica, pois aumenta os custos fixos por quilo de carne produzido. De toda forma, a ociosidade alta já tem sido observada há meses. Tínhamos ociosidade alta e margens apertadas, atualmente as margens têm dado uma trégua.  

Sidnei Maschio: Qual está sendo a participação do consumidor nesta briga que está sendo travada agora pelo preço da carne?

Hyberville Neto: As recentes altas observadas são mais em decorrência de um enxugamento de estoques do que por um aumento expressivo de demanda, que vem modesta ao longo de 2016. A oferta limitada é o vetor principal dos ajustes no mercado de carne bovina.

Sidnei Maschio: Normalmente as vendas de carne melhoram no segundo semestre e mais ainda conforme a folhinha vai chegando perto do final do ano, não é mesmo? Isso está valendo para o ano de 2016?

Hyberville Neto: Geralmente a melhoria de demanda é mais expressiva no último trimestre, com as contratações temporárias e o maior volume de dinheiro com a população. Para este ano esperamos um cenário de melhoria modesta no consumo, mas esta deve ocorrer.

Sidnei Maschio: Qual é a previsão de vocês da Scot Consultoria a respeito do comportamento da oferta de gado terminado nos próximos meses?

Hyberville Neto: Esperamos uma oferta limitada, como é típico de entressafra. Nas regiões confinadoras o volume deve ser menor que o observado em 2015, devido à situação de margens esperadas para a atividade. Com isto, se o consumo não surpreender negativamente devemos ter um mercado firme para o boi gordo.

Sidnei Maschio: Quer dizer que, olhando pelo lado da oferta, não existe risco de uma queda geral no preço boi gordo daqui para o final do ano?

Hyberville Neto: Um cenário de queda forte não é esperado. A oferta deve continuar curta e a demanda deve ter algum aumento, embora sutil devido à crise.

Sidnei Maschio: O fato de que o risco de queda é pequeno significa que a gente pode ter esperança de uma alta com maior “sustância”, Hyberville?

Hyberville Neto: Esperamos que ocorram valorizações nos próximos meses, mas esperar um mercado com muita força não é a melhor estratégia para este ano devido à situação de demanda.


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