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Scot Consultoria

DBO na TV - Alex Lopes, consultor da Scot Consultoria deu entrevista para o Terra Viva


Quinta-feira, 27 de outubro de 2016 - 16h15

Alex Lopes, consultor de mercado pela Scot Consultoria deu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva, sobre o atual cenário da margem de comercialização dos frigoríficos.

Alex Lopes é zootecnista formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Jaboticabal.

Confira a entrevista na íntegra:

Sidnei Maschio: Alex, até outro dia a gente ainda estava achando que o problema da margem de comercialização dos frigoríficos já estava resolvido, mas aí o negócio desandou de novo. Qual é a explicação pra essa reviravolta acontecida nas últimas semanas?

Alex Lopes: A margem da indústria subiu sem que houvesse sustentação da demanda.

As indústrias elevaram os preços da carne baseado no enxugamento dos estoques, depois que a compra de matéria prima diminuiu. A demanda não sinalizou nenhuma melhora que justificasse essas altas.

Resultado. Quando esse reajuste chegou no varejo, não houve repasse. Em um primeiro momento a margem dos varejistas diminui bastante e, por fim, as indústrias foram obrigados a voltar a vender carne por preços menores.

Sidnei Maschio: A situação mais complicada é a dos frigoríficos que não fazem desossa, né. Como é que foi a evolução da margem de comercialização dessas empresas e como é que ela tá hoje?

Alex Lopes: A margem das indústrias que não fazem desossa foi a que apresentou maior crescimento. Saiu de quase zero para algo em torno de 24,0%. Sendo assim, a redução, necessária quando não houve resposta da demanda, também foi mais drástica, voltando essa semana para patamares próximos da média histórica, 15,0%.

Sidnei Maschio: E a respeito dos estabelecimentos que vendem a carne desossada, Alex, como é que tá a situação?

Alex Lopes: Esta operação também passou pelo mesmo processo, aumento e posterior recuo de margem, mas a situação é mais confortável, operando um ou dois pontos percentuais acima da média histórica.

Sidnei Maschio: Falando só na carne desossada, a demanda tá variando muito conforme o tipo e o preço dos cortes, né. Qual é o significado disso, Alex?

Alex Lopes: A demanda maior em 2016 tem sido sempre por cortes de dianteiro, mais baratos que o traseiro. Isso deixa claro que a população busca reduzir gastos, reflexo da situação econômica do país.

Sidnei Maschio: Um enrosco muito grande pros frigoríficos que fazem desossa é que a carne subiu, mas ainda assim ficou na poeira da inflação oficial, que tá andando bem mais ligeiro. A indústria tem saúde pra agüentar esse tranco?

Alex Lopes: Essa é a grande questão que preocupou o mercado em 2016, a situação das indústrias.

Acredito que o pior momento já passou, e foi quando as margens atingiram a mínima histórica. Mas nunca podemos descartar qualquer acontecimento, já que fechamentos, paralizações, insolvências financeiras podem ocorrer, por exemplo, para indústrias que se endividaram muito quando o mercado era menos favorável. Mas o risco já diminuiu bastante.

Sidnei Maschio: E o varejo, Alex, tá dizendo o que a respeito de tudo isso?

Alex Lopes: É o varejo que sinaliza que não há espaço para lata nos preços da carne. O mark up destes agentes diminuiu forte no segundo semestre do ano.

Sidnei Maschio: O balanço oficial ainda não saiu, mas todo mundo já tá sabendo que outubro a exportação vai ter um resultado bem abaixo do que era o esperado, assim como aconteceu em setembro e em agosto. Como é que os frigoríficos vão enfrentar essa situação?

Alex Lopes: Agora com as margens de mercado interno melhor, conseguem administrar um pouco mais fácil essa situação, mas a expectativa anterior era que as exportações, para as indústrias que acessam o mercado externo, seriam uma grande alternativa ao mercado doméstico.

Sidnei Maschio: Falando especificamente a respeito do mercado aqui do estado de São Paulo, que é a referência pro país inteiro, da semana passada pra cá a carne no varejo aumentou três vírgula nove por cento, na média dos cortes, enquanto o boi gordo caiu um real por arroba, de cento e cinquenta e quatro pra cento e cinquenta e três reais, isso pra pagamento a prazo, né. O que é que isso quer dizer e como é que o pecuarista deve entender essa desconjuminação, Alex? 

Alex Lopes: O pecuarista deve seguir com a ideia de que não há espaço para grandes altas de preços da arroba, já que o consumo segue fraco. Essa alta do varejo foi um movimento pontual. Certamente os varejistas estão com estoques mais ajustados à demanda, o que permite elevar os preços.


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