Foto: Scot Consultoria
Sidnei Maschio: Rafael, conforme o amigo fazendeiro acompanhou, em todas as regiões de produção o preço dos grãos já estava caindo antes do desastre que foi o anúncio da ação da polícia federal, não é? Como é que foi a reação do mercado depois da divulgação do caso?
Rafael Ribeiro: Houve pressão de baixa e queda nos preços do milho principalmente, diante das incertezas do lado da demanda interna pelos setores de aves e suínos. Um ajuste do lado produtivo refletiria diretamente na demanda por milho e farelo de soja no país.
Sidnei Maschio: Considerando boi confinado, vaca leiteira, porco e frango, qual é a parte de cada um no consumo de grãos para a alimentação animal?
Rafael Ribeiro: Segundo os dados do SINDIRAÇÕES:
Aves: 57,2%.
Suínos: 23,3%.
Pecuária de leite: 7,7%.
Pecuária de corte: 4,2%
Sidnei Maschio: Os principais importadores da carne brasileira já levantaram o embargo ou reduziram significativamente as restrições à entrada do nosso produto. Isso não deveria empurrar o mercado de grãos para o rumo da normalização?
Rafael Ribeiro: Acredito que neste primeiro momento, de apuração de quais foram os reais impactos sobre a demanda por carne seja para exportação ou mercado interno, o mercado de grãos seguirá sentindo os efeitos desta questão.
Agora um ponto importante para destacar é que o momento já é de quedas nos preços do milho, com a maior disponibilidade interna (colheita da safra de verão concluída), boas notícias acerca da segunda safra e previsão de estoques maiores nesta temporada, além das exportações patinando este ano.
Sidnei Maschio: O que foi que aconteceu com a relação de troca entre o boi gordo e o milho depois desses acontecimentos?
Rafael Ribeiro: A queda no preço do milho foi maior que os recuos da arroba do boi gordo, favorecendo a relação de troca para o pecuarista. Considerando a praça de São Paulo, atualmente é possível comprar 4,50 sacas de milho com o valor de uma arroba de boi gordo.
A relação de troca para o pecuarista melhorou 8,0% em março, na comparação mensal. Já em relação a março do ano passado, o poder de compra aumentou 36,9%.
Sidnei Maschio: E daqui para a frente, Rafael, o que é que o mercado futuro está dizendo que vai acontecer com o preço?
Rafael Ribeiro: A tendência é de queda nos preços do milho. Este movimento poderá ganhar força com a colheita da segunda safra, a partir de maio/junho.
Na BM&F/Bovespa, os contratos de milho com vencimento em maio/17 fecharam cotados em R$28,08 por saca e o setembro/17 em R$27,64. Considerando o preço em Campinas-SP no físico, de R$30,00 por saca, existe espaço para quedas.
De qualquer maneira, atenção ao clima, que apesar das previsões mais favoráveis para este ano, é sempre uma surpresa.
Sidnei Maschio: E no caso do farelo de soja, Rafael, a situação é igual à do milho?
Rafael Ribeiro: No caso do farelo de soja, tem também a questão do dólar recuando em relação ao real, que impacta diretamente nos preços da soja grão e do farelo no mercado brasileiro. Outro ponto é o período atual, de maior esmagamento e aumento da oferta de farelo no mercado interno.
Qual a expectativa para os preços da soja no Brasil em janeiro de 2025?
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