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Scot Consultoria

Solo: a chave da produtividade das pastagens


Quinta-feira, 14 de setembro de 2017 - 06h00

Foto: Scot Consultoria


Como alcançar a produtividade ideal do solo? Quais são os principais fatores que influenciam a fertilidade? Como avaliar o grau de degradação do solo? Esses e outros temas serão abordados pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da EMBRAPA, João Kluthcouski, durante o Encontro de Adubação de Pastagens da Scot Consultoria.

O evento acontecerá durante os dias 3 e 4 de outubro de 2017 no Centro de Eventos do Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto-SP.

Faça sua inscrição pelo site https://www.scotconsultoria.com.br/encontros/ ou pelo telefone 17 3343 5111.

Confira uma entrevista exclusiva com o João Kluthcouski:

Scot Consultoria: Professor, conte-nos um pouco sobre o que será abordado na sua palestra.

João Kluthcouski: O que eu gostaria de abordar, principalmente, é o efeito da integração lavoura-pecuária no ambiente solo e as principais características de um solo produtivo. Às vezes, o pecuarista pensa que um solo produtivo se refere somente à fertilidade química, quando na verdade precisamos levar em consideração também a fertilidade biológica e a fertilidade física.

Então, em suma, abordarei as características de um solo produtivo, o efeito da integração no ambiente solo, e eu gostaria de enfatizar também o domínio de solos difíceis, tais como os solos arenosos do Brasil, que têm uma representatividade muito grande.

Scot Consultoria: Quais são os critérios utilizados para avaliar o grau de degradação dos solos?

João Kluthcouski: São 10 ou 12 critérios, mas os principais são: análise química do solo, capacidade de rebrota ou produção da pastagem, capacidade de lotação (é o principal que eu uso) e capacidade de ganho de peso dos animais. Claro que os dois últimos critérios mencionados não têm uma relação direta com a degradação do solo porque o produtor pode ter muita alimentação no cocho ou alimentação à base de silagem, mas a lotação a pasto é um importante índice zootécnico.

Outra característica que também é avaliada é a posição da forrageira na safra e entressafra. A partir do momento que o solo e as pastagens estão degradados, ela perde o vigor logo no início do período sem chuvas.

Também há o exame de perfil de solo, no qual observamos o desenvolvimento radicular, através da abertura de trincheiras. É uma série de fatores. Essa degradação eu vou mostrar durante o Encontro, porque existem vários graus de degradação, que implicam nos graus de pobreza do solo e do ambiente.

Gostaria de lembrar também que, muitas vezes, pastagem degradada é confundida com solo degradado, enquanto a pastagem está cansada, o solo é rico, mas com altíssima lotação animal.

Nesse exemplo, a pastagem tem um aspecto de degradada, mas não é isso, o solo é bom, mas a pastagem não consegue recuperar porque a planta apresenta área foliar reduzida pelo excesso de pisoteio do gado. Como a capacidade da planta produzir depende da sua área foliar, a partir do momento que a planta tem menor área foliar, ela está menos capacitada para produzir massa, o que pode ser confundido com um solo degradado.

Scot Consultoria: Quais os sistemas de consórcio grão/forrageira mais recomendados no auxílio da recuperação de pastagens em solos do Cerrado?

João Kluthcouski: Nós temos inúmeros consórcios, isso vai depender do interesse do pecuarista ou do agricultor. O consórcio mais utilizado que existe é o milho-forrageiras, mas podem entrar o sorgo e o milheto associado com as forrageiras e, mais recentemente, a maior bomba que o Brasil poderia esperar (no sentido positivo) é a associação do girassol com as forrageiras.

Nós estamos com 27,0 mil hectares de girassol, nem todo consorciado, mas daqui pra frente vamos consorciar quase tudo e a possível ampliação é para 60,0-70,0 mil hectares nos próximos anos. O girassol safrinha apresenta três características fundamentais, alta tolerância às baixas e altas temperaturas e alta capacidade de aproveitamento de água nos períodos de veranico. Nós já tivemos casos de perder todo o milho, ocorrer uma queda violenta na produção de sorgo e o girassol continuar bem. Ainda, o girassol se adapta muito bem a áreas em que já são cultivados milho e soja, facilitando a implantação. Obs: esse girassol não é GMO, é híbrido.

Em relação às forrageiras, pode-se utilizar todas, sendo essas leguminosas ou gramíneas. Mas, alguns podem perguntar? E as forrageiras Panicum de crescimento alto, podem consorciar? A resposta é sim. Aquelas de crescimento muito alto nós dominamos com aplicação de sub doses de herbicidas para esperar até as culturas graníferas produzirem. Além disso, hoje existem tipos de Panicum de portes baixos, também.

O consórcio é um dos sistemas, mas existe também a sucessão, seja ela feita após a colheita da soja ou do milho, ou feita sobre semeadura. Quando a soja está com o grão cheio, entramos com a semeadura para aproveitar nosso período de chuvas, que é curto aqui no Cerrado.

Temos também a rotação, que em minha opinião é o sistema mais avançado e eficiente. Mantemos a área com grãos durante o verão por dois anos e no outono/inverno entramos com pastagem anual consorciada com forrageiras perenes como, por exemplo, a braquiária. Então, colhemos o grão, terminamos de formar a pastagem e já colocamos boi no pasto. Você utiliza o solo 100,0%, o ano todo.

Na rotação, após dois anos só com a soja/milho, deixamos apenas com os bois, ou seja, dois anos com grãos e os bois na entressafra e depois dois anos só com os bois. Esse sistema é importante porque as forrageiras trazem muitos benefícios químicos, físicos e biológicos para o solo. Os químicos porque a forrageira tem um sistema radicular muito profundo e agressivo, então aqueles nutrientes que estão lá por baixo, que a soja e o milho nem sempre conseguem absorver, a forrageira “pega” e “trás” para cima. O biológico porque toda essa massa radicular e as folhas que os animais não comem transformam-se em matéria orgânica, que é importantíssima para a atividade biológica do solo, ou seja, muito importante, para a produção. Em relação às propriedades físicas, as raízes promovem a aeração dos solos e também formam canais de água.

Além disso, as forrageiras, em especial as braquiárias, são as melhores para realizar a cobertura do solo. Além dos grandes benefícios no perfil de solo, ainda tem a proteção da superfície que evita a perda de água por evaporação e as grandes variações de temperatura.

A integração lavoura-pecuária é fácil e produz o boi precoce barato, além disso, ela é um sistema altamente conservador, ou seja, correto ecologicamente, e isso é o que o mercado está buscando atualmente. Além disso, tem o aspecto social, que gera o aumento do emprego, o agronômico, que já foi abordado, e o da rentabilidade, que é incrível.

Scot Consultoria: Professor, o senhor poderia comentar um pouco conosco como funciona o sistema de quatro safras que a Embrapa vem desenvolvendo?

João Kluthcouski: Quatro safras é muito fácil, o normal é fazermos no verão a soja, então nós a colhemos e podemos sobressemear antes de colher, atrás da colhedeira já vamos semeando o milho consorciado com o capim. Esse milho vira grão ou silagem, ou seja, até aqui já foram duas safras, a soja e agora o milho. Feita a colheita do milho, daqui a pouco entra o boi, o boi permanece no pasto de 4 a 5 meses, tiramos o boi, isso já no início do período chuvoso, deixamos uns dias de descanso, e isso gera crescimento da forrageira e depois palha e matéria orgânica.

Sendo assim, quais são as quatro safras? A soja, o milho, o boi e a palha/matéria orgânica. Mas palha e matéria orgânica são safras? Eu considero a mais importante de todas, porque sem isso nosso ambiente não fica produtivo e sustentável para a produção.


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