Foto: Scot Consultoria
Sidnei Maschio: Vários fatores que deveriam empurrar pra cima o preço do boi gordo, mas a alta esperada não aconteceu. Por que, Gustavo?
Gustavo Aguiar: O mercado atacadista de carne bovina não reagiu a contento, nem com a entrada de mês, nem diante do feriado. Com isso, não houve um estímulo adicional que pudesse firmar o mercado do boi. Junto a isso, as escalas de abate já vinham em recuperação desde o início do mês.
Sidnei Maschio: O mercado tá recebendo agora o gado que foi confinado em julho, quando o preço do boi começou a reagir e a bolsa subiu, né? Como é que tá essa oferta em termos de quantidade e o que esperar nessa reta final de 2017?
Gustavo Aguiar: A maior parte do gado abatido atualmente é proveniente de confinamentos. Está oferta de boiadas confinadas deve ter um reforço entre novembro e dezembro (gado confinado entre agosto e setembro – depois da recuperação dos preços, no pós-delação), mas, de maneira geral, a oferta deve se manter “controlada”. Com o atraso das chuvas, boiadas terminadas em pasto, de maneira mais volumosa, só devem começar a aparecer nos primeiros meses de 2018
Sidnei Maschio: Dá pra continuar tendo esperança de uma melhora geral no consumo de carne daqui pra frente?
Gustavo Aguiar: Dá. Ainda não sabemos como o consumo irá reagir frente aos sinais de melhoria da atividade econômica, que apesar de sutis, começam a aparecer. De qualquer forma, a concorrência com proteínas alternativas está acirrada.
Sidnei Maschio: Na semana passada a situação do mercado em Mato Grosso do Sul já tava bem complicada, e agora piorou com a paralisação dos abates em todas as unidades do JBS no estado. Qual é a sua recomendação ao pecuarista sul-mato-grossense pra enfrentar esta situação?
Gustavo Aguiar: Evitar o pânico. Aprendemos este ano, que mesmo diante das incertezas, o mercado busca seu equilíbrio com o passar do tempo. Caso nenhuma nova informação surja, a tendência é de normalização, mas em quanto tempo isso ocorrerá, só a cúpula da empresa pode afirmar com certeza.
Quem tem gado em confinamento, com menor capacidade de manobra, está diante de menos opções. De qualquer forma, é preciso acompanhar o caso em busca do entendimento, já que há potencial de impacto de mercado.
Sidnei Maschio: Olhando agora um pouco mais pra frente, dois mil e dezoito pode ser o ano da virada e do começo de um novo ciclo de preços altos pra arroba do boi?
Gustavo Aguiar: Ainda deveremos ter um 2018 desafiador. Pelo movimento cíclico, tudo indica que o abate de fêmeas ainda estará presente em bom volume no ano que vem. Além disso, as incertezas políticas e policiais ainda devem rodear os noticiários. Temos muitas decisões ano que vem, dentre elas a eleição presidencial. Porém, ainda convém manter postura conservadora.
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