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Scot Consultoria

O que esperar para o mercado de grãos em 2018


Quinta-feira, 23 de novembro de 2017 - 13h50

Foto: Scot Consultoria


Sidnei Maschio:
Rafael, se a previsão da Conab estiver certa, o que acontecerá com o milho na próxima safra?

Rafael Ribeiro:  A Para o milho de primeira safra, a expectativa é de redução na área entre 7,5% e 11,5%, em relação ao ciclo anterior, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O rendimento médio das lavouras deverá cair 8,7% na safra atual, em função do clima menos favorável.

A produção está estimada entre 24,46 milhões e 25,88 milhões de toneladas, frente as 30,46 milhões de toneladas colhidas na safra de verão ou primeira safra 2016/2017. Em volume são entre 4,6 e 6,0 milhões de toneladas a menos que na safra de verão 2016/2017.

Sidnei Maschio: Qual é a explicação para esta decisão do produtor de diminuir a área de milho?

Rafael Ribeiro:  Queda nos preços do milho e resultados econômicos piores comparativamente com a soja, que é o carro-chefe na safra de verão ou primeira safra.

Sidnei Maschio: E a respeito da soja, Rafael, o que diz no relatório que foi distribuído na praça?

Rafael Ribeiro:  Apesar do incremento da área semeada na temporada, entre 2,1% e 4,2%, a quebra deverá ser entre 4,8% e 6,7% menor, estimada entre 106,44 milhões e 108,64 milhões de toneladas, por causa da redução na produtividade média em 9,6% em relação a 2016/2017.

Sidnei Maschio: Por que o pessoal da Conab está falando que a produtividade das lavouras também vai cair?

Rafael Ribeiro: Em função do clima menos favorável em 2018, comparativamente com 2017. Tivemos atrasos no início da estação chuvosa, especialmente no Centro-Oeste.

Mesmo com as chuvas mais regulares em novembro, pode ser que haja algum prejuízo aos rendimentos médios. Outro ponto, é que em função dos preços em patamares menores para a soja e milho, estima-se uma menor utilização de insumos e tecnologia, que também podem comprometer, em parte, a produtividade.

Sidnei Maschio: Rafael, em 2017 o Brasil acabou exportando menos milho do que estava previsto no começo do ano. Por que?

Rafael Ribeiro: As expectativas iniciais giravam entre 30 e 32 milhões de toneladas embarcadas. O país deverá fechar com um volume próximo de 30 milhões.

As revisões foram em função basicamente da maior concorrência esperada com os Estados Unidos neste segundo semestre, fato que começou a refletir na média diária exportada desde meados de outubro.

De janeiro a outubro o país já embarcou 21,73 milhões de toneladas, 9,2% mais que no mesmo período de 2016.

Sidnei Maschio: Se a exportação foi menor do que era previsto, por que então o preço do milho continua alto no mercado interno?

Rafael Ribeiro:  O começo do ano foi bastante fraco em termos de exportação de milho pelo Brasil. A partir de julho, com a colheita da segunda safra, maior disponibilidade e preços mais competitivos, as exportações começaram a aumentar dando. Este quadro, junto a outros fatores, como a expectativa de redução da produção na safra de verão 2017/2018 e incertezas climáticas deram sustentação às cotações no mercado.

Sidnei Maschio: Ainda sobre o milho, de que tamanho será o nosso estoque de passagem este ano?

Rafael Ribeiro:  A Conab estima em 19,20 milhões de toneladas os estoques finais em 2016/2017 e 24,09 milhões de toneladas ao final de 2017/2018. Para uma comparação, em 2015/2016, quando os preços dispararam, os estoques finais eram de 6,959 milhões de toneladas.

Ou seja, os estoques maiores são fatores limitantes para as altas de preços no mercado interno.

Sidnei Maschio: Falando um pouco sobre a pecuária de leite, faltando agora uma semana para fechar o mês já dá para a gente ter uma ideia mais certa a respeito do comportamento do preço ao produtor agora em novembro?

Rafael Ribeiro:  Para o pagamento de novembro, os dados parciais apontam para queda de pelo menos 1,5% no preço do leite ao produtor, considerando a média nacional.

Aumento da produção e demanda patinando continuam como os principais fatores de baixa.

Vale destacar, as quedas de preços do leite longa no atacado vida em novembro, depois das altas em outubro. O consumo não reagiu e isto dificulta melhorias nos preços para o produtor em curto prazo.

Sidnei Maschio: Já dá para apostar num começo de recuperação do preço do leite ao produtor em dezembro?

Rafael Ribeiro:  Eu diria que o mercado deverá começar a estabilizar em dezembro, que é um mês de produção em alta (pico de produção no Brasil Central e região Sudeste) e consumo fraco, principalmente para os leites fluídos.

Altas de preços para o produtor poderão ocorrer no pagamento a ser realizado em janeiro de 2018.


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