Foto: Scot Consultoria
Sidnei Maschio: Rafael, de acordo com o balanço da Scot, o que aconteceu com o preço do leite pago ao produtor em novembro?
Rafael Ribeiro: Mais um mês de queda no preço do leite pago ao produtor. Segundo levantamento da Scot Consultoria, considerando a média nacional, houve recuo de 1,6% na comparação mensal. O recuo foi menor comparativamente com os meses anteriores, mas o cenário ainda é de pressão de baixa. Cenário de preços mais firmes no sul do país, onde a captação caiu.
Sidnei Maschio: Em relação à demanda, Rafael, como foi o comportamento do mercado no mês passado?
Rafael Ribeiro: A demanda não melhorou. Continua fraca. O final de ano normalmente é de menor movimentação para os leites fluídos, principalmente.
Sidnei Maschio: Os laticínios estavam tentando aumentar o preço dos derivados para ver se assim conseguiam melhorar sua margem de comercialização. Isso deu certo, Rafael?
Rafael Ribeiro: A tentativa de aumentar os preços do leite longa vida no atacado para melhorar a margem das indústrias não deu certo e as cotações voltaram a cair em novembro. Na segunda quinzena a queda foi de 1,7% e quedas não estão descartadas em curto prazo.
Sidnei Maschio: O que aconteceu com a oferta de leite na praça?
Rafael Ribeiro: Do lado da produção, houve queda nos volumes captados no Sul do país e na região Nordeste, mas os incrementos no Brasil Central e região Sudeste compensaram e a média nacional aumentou 1,1% em outubro, em relação a setembro deste ano, segundo o Índice Scot Consultoria de Captação de Leite. Para novembro, os dados parciais apontam para alta de 0,9%, na comparação mensal.
Sidnei Maschio: O que podemos esperar daqui para a frente da produção nas regiões sudeste e centro-oeste, que já tão no seu período de safra?
Rafael Ribeiro: O pico de produção está previsto para dezembro/17 em importantes bacias leiteiras, como São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
No Sul do país, a captação deverá seguir entre estável e queda nos próximos meses. Este cenário de oferta mais ajustado no Sul deverá ajudar a diminuir, em parte, a pressão de baixa no mercado do leite, mas o viés ainda é de baixa para dezembro/17, com previsão de manutenção dos preços ao produtor em janeiro/18.
Sidnei Maschio: Como foi o mês de novembro em relação ao custo de produção do leite, Rafael?
Rafael Ribeiro: O Índice de Custo de Produção da Scot Consultoria para a atividade leiteira teve alta de 1,7% em novembro, em relação a outubro deste ano. O aumento nos preços dos combustíveis/lubrificantes, dos alimentos energéticos e dos fertilizantes promoveu o aumento do custo em novembro.
Cabe destacar que apesar da alta nos últimos meses, os custos de produção da atividade leiteira estão 9,4% abaixo na comparação com igual período do ano passado.
Sidnei Maschio: Com o custo em alta e o preço em queda, por que a entrega de leite na indústria ainda não teve uma redução mais substanciosa?
Rafael Ribeiro: Melhoria das pastagens. Curva de produção no Sudeste e Brasil Central. Preços do milho, por mais que tenha subido, ainda estão em patamar historicamente baixo para o consumidor.
Sidnei Maschio: O pagamento do décimo terceiro salário, as contratações de trabalhadores temporários e o período de festas podem ajudar a aumentar o consumo de leite e derivados agora em dezembro?
Rafael Ribeiro: Leite fluido, não. Para produtos como manteiga, creme de leite, leite condensado, espera-se uma melhor demanda neste período de final de ano, devido as festas.
Sidnei Maschio: O pecuarista pode alimentar a esperança de uma reação no preço a partir de janeiro?
Rafael Ribeiro: Para janeiro de 2018, o tom do mercado é de estabilidade, com alguns laticínios apontando para ligeiras altas para o produtor.
Uma reação nas cotações do leite ao produtor está prevista para a partir do pagamento de fevereiro de 2018.
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